domingo, 12 de janeiro de 2020

O Homem Eterno - Shozo Uehara e Super Sentai

Saudações.

Desta vez vou falar um pouco sobre o roteirista Shozo Uehara e seu trabalho nas séries Super Sentai. Para isso me baseio em uma entrevista que ele deu à My Navi News.



Nota: Desculpem. Não tinha nada de Ohranger entre meus materiais para poder colocar aqui.


Um Terreno Inexplorado

Até o advento de Gorenger, eram mais comuns os Heróis que lutavam sozinhos e por isso, para Uehara escrever sobre um grupo era "terreno inexplorado". Ele estava inseguro no começo, mas teve a ideia de selecionar um personagem para ser o principal em cada história e com isso descobriu como escrever para a série.

Cada um dos Gorenger tinha uma personalidade característica. Akarenger era o líder, entusiasmado, ardente. Aorenger, seu oposto, frio e ponderado. Midorenger seria o membro imaturo. Momorenger seria a mulher valente. Kirenger seria o cômico do grupo e ele é o personagem favorito de Uehara.

A razão era porque para Uehara, um Herói deveria ser alguém próximo das pessoas. Alguém simpático, com quem se pudesse conversar à vontade. E para dar essa proximidade, Uehara fez com que ele gostasse de Curry. Essa é uma fórmula que ele usou anteriormente em Kaiju Booska, sendo que o monstrinho-mascote da Tsuburaya gostava de Lamen. E como a base secreta dos Gorenger ficava em uma lanchonete, escolheu o Curry para o Kirenger por ser o prato mais servido nesse tipo de estabelecimento, como ele via quando saía para comer com a equipe na época em que trabalhava na Tsuburaya Productions. O roteirista conhecia o ator, Baku Hatakeyama desde a época do seriado 柔道一直線 (Juudou Icchokusen, algo como "Caminho Direto para o Judô") e gostava de vê-lo comendo enormes quantidades de Curry.

Ao mesmo tempo, Uehara escrevia episódios para Ganbare!! Robocon e ainda por cima para Getter Robo G e UFO Robo Grendizer, mas ele mesmo não se sentia tão pressionado. De fato, era capaz de escrever dois episódios de Robocon em um dia. E Gorenger ia no embalo, sem pensar muito.


Fabricando Ideias

Depois dos testes de exibição, Uehara costumava se encontrar com o produtor Susumu Yoshikawa e o grande mestre Shotaro Ishinomori em um restaurante. E lá eles trocavam ideias sobre como seriam os monstros dos próximos capítulos. O mestre Ishinomori sempre trazia um caderno e rapidamente fazia o desenho que, segundo Uehara, era um "trabalho de gênio".

O roteirista comenta que seu monstro  favorito era o Nichirin Kamen, o primeiro "general" da Cruz Negra que apareceu, no episódio 15. Pois foi com esse personagem que ele percebeu que poderia fazer algo diferente de Ultraman e Kamen Rider em Gorenger. E por esse motivo, escreveu o capítulo em que o personagem morre (o de número 20) com muito entusiasmo.

Nichirin Kamen
"Apesar de ser um general, era fraco e foi abandonado pelo Líder",
conforme é descrito em uma revista da época.

Também havia as adivinhas, idealizadas por Tohru Hirayama, que apareciam no meio de seriado, ditas pelo menino Taro para Daita, o Kirenger. Para isso, Uehara fez várias pesquisas, sempre carregando consigo um livro de "O que é o que é" para ver se tinha algo que poderia ser usado. Algumas vezes aparecia uma piada bem absurda, mas Uehara tinha credibilidade o suficiente para que ela figurasse no seriado.

Uehara comenta sobre o trabalho de Hirohisa Soda, que também trabalhou em Gorenger e mais tarde seria roteirista principal nas séries Super Sentai de Gigantes Guerreiros Goggle V até Fiveman. Segundo Uehara, Soda era capaz de escrever situações cômicas altamente criativas e engraçadas, usando bem os personagens como o Yakyu Kamen e o Gyukutsu Kamen. Uehara, por sua vez, não queria perder para ele e tentava criar algo ainda mais divertido. E talvez por isso, o clima tivesse ficado tão cômico no meio do seriado.

Yakyu Kamen
Mais tarde ele retornaria no especial de cinema de Gokaiger.
Gyukutsu Kamen
Baseado em um sapato de couro de boi, daí os chifres.

Nota: a descrição de Soda por Uehara é diferente do que é contado por Takeyuki Suzuki, mas o próprio Soda se considera "uma pessoa cínica e séria" e conta que nesses episódios fugiu para o escracho.

Nessa época ainda, o ataque especial Gorenger Hurricane passou a consistir na End Ball assumindo várias formas para derrotar o inimigo, desde um teste de visão para o Megane Kamen (óculos), com as letras "D-I-N-A-M-I-T-E" e explodindo, até uma mão que aperta o botão de desligar para o TV Kamen. As ideias eram dadas pelo roteirista que escrevesse o episódio.

Outro ponto que ajudou bastante Uehara é que seus filhos na época estavam ingressando no primário e por isso assistiam a série e serviam como "monitores" para ver se ele estava indo na direção certa. Ele confessa que de certa forma, estava escrevendo para seus filhos.


Super Sentai

Uehara também comenta sobre cada série Super Sentai em que participou. JAKQ foi exibido logo depois de Gorenger e por isso era preciso fazer diferenciações. Daí optou-se por um clima sério e pesado, como o produtor Yoshikawa gostava, assim como o próprio Uehara. Mas depois houve uma mudança de linha e a série passou a ficar cômica.

Em Battle Fever J, ele teve a oportunidade de brincar bastante com os personagens, como fazer o Battle Kenya, personagem do grande Kenji Ohba, assar um peixe dentro da base. E também mostrando o cotidiano dos heróis quando eles não estão lutando. Foi mais uma medida para diferenciar o seriado de Gorenger. Mas com o inimigo, a Sociedade Secreta Egos, a intenção de Uehara era a de botar medo no telespectador. Dar a sensação de que alguém perto dele poderia ser um Egos. Como um jeito de trazer o insólito para o cotidiano.

Denziman teve designs futuristas, tecnológicos, inovadores, feitos por Ryu Noguchi. E ele destaca a atuação da veneranda Machiko Soga como a Rainha Hedorian, papel que ela desempenhou também na série seguinte, Sun Vulcan. Essa série teve participação de Yukie Kagawa, com quem Uehara havia trabalhado em Spider Man (Toei), e de Shin Kishida, como o Comandante Arashiyama, velho conhecido de O Regresso de Ultraman. E depois disso, Uehara deixou as séries Super Sentai para se dedicar a um novo projeto de Susumu Yoshikawa, Space Sheriff Gavan.


A Visão dos Vilões

Para Uehara, os vilões não eram simplesmente um "Mal" que estava lá só para ser derrotado. Eles também teriam suas ideias e até mesmo sua filosofia, além de personalidades marcantes para poderem se digladiar com os heróis. 

Em várias de suas obras, existiriam conflitos internos entre os vilões, em que cada um segue seus interesses. Mostrando que eles não são todos iguais e nem seguem exatamente o mesmo ideal. Às vezes, os vilões precisam ter tanto carisma quanto os heróis, para que as lutas entre eles sejam mais intensas.

Foi em Denziman que isso passou a ser usado de forma mais extensiva, com o advento do Rei Banriki, que queria tomar o poder da Rainha Hedorian e com isso dominar a Tribo Vader. Nos últimos capítulos em especial há um enorme conflito com três lados. No meio disso, é mostrado que a Rainha Hedorian, que fez tantas maldades no seriado por motivos até fúteis, na verdade se importava com seus subordinados e os tinha como filhos. O sentimento era recíproco e eles morrem por sua Rainha, mostrando grande lealdade a ela.

Ou seja, mesmo os vilões tinham sentimentos nobres. Eles não podiam simplesmente fazer "o mal pelo mal" e sim seguir seus princípios próprios. A intenção seria a do espectador se colocar no lugar dos vilões e ter sua visão, assim se questionando sobre o que é a "Justiça". Essa se tornou uma de suas marcas registradas.

Parte disso é visto em seu livro, Kijimuna kids, que trata de crianças que poderiam ser consideradas delinquentes. Uehara comenta que as crianças podem parecer inocentes na frente dos adultos, mas quando não tem ninguém olhando, elas são capazes de fazer grandes maldades. E sua energia e vitalidade são muito maiores que as dos adultos. Por isso é necessário apresentar para elas um modelo, um Herói, alguém que elas queiram ser quando crescerem.


O Testamento do Mestre

Shozo Uehara conta que gostou muito de Gorenger, pois pôde trabalhar com pessoal altamente capacitado e profissional, como o diretor Kouichi Takemoto e o diretor de efeitos especiais Nobuo Yajima. Que essa foi sua maior satisfação.

Ele também conta que viu a série Tokusatsu GAGAGA e gostou muito, pois tratava de fãs de Super Heróis de Tokusatsu. E no seriado ニッポンノワールー刑事Yの反乱ー (NIPPON NOIR - Keiji Y no Hanran - "A Revolta do Policial Y") figurava um herói nesse sentido, o Garm Phoenix. Com isso, ele percebeu que agora esses heróis se tornaram parte do cotidiano do japonês, o que o deixou muito contente por ver que seu trabalho valeu a pena.

Uehara aproveita para comentar que atualmente existem muitas limitações para a criação de novos Heróis e sabe que as equipes se esforçam bastante para trazê-los para a tela. E torce para que continuem surgindo mais e mais Heróis que sejam adequados ao contexto de suas épocas.

E estas palavras acabaram se tornando seu Testamento.

Shozo Uehara faleceu no começo do ano, em 02/01/2020 devido a um câncer de fígado. Curiosamente, um mal no mesmo órgão que causou a morte de Hiroshi Tsuburaya, o Policial do Espaço Sheider, que chamava o roteirista de Sensei. E de fato, essa alcunha era merecida.


O Homem Eterno

Uehara participou de quase todas as grandes séries de Super Heróis japoneses, seja Ultraman, Kamen Rider ou Super Sentai, envolvido em seus primórdios e até no processo de criação de alguns. O renomado roteirista também escreveu para várias empresas, não só a Tsuburaya, onde começou e na Toei, em que ficou mais famoso, como também na Toho (Ryusei Ningen Zone), na P-Production (Tetsujin Tiger Seven e Denjin Zaborger) e na Senkousha (Silver Kamen, Red Baron e Mach Baron), assim como projetos menores como na Soueisha (UFO Daisensou Tatakae! Red Tiger). E suas histórias eram as mais variadas, tanto nas sérias quanto nas cômicas.

UFO Daisensou Tatakae! Red Tiger

Ryusei Ningen Zone

Sua participação no Anime também é digna de nota. Um exemplo é UFO Robo Grendizer, que apesar de seguir o mesmo tema, tinha histórias muito diferentes da versão original em quadrinhos de Go Nagai. Grendizer fez um enorme sucesso na Europa, especialmente na França em que o pico de audiência chegou a 100%. E é lembrado até hoje, sendo tema de paradas carnavalescas do continente europeu. Uehara, em outra ocasião, falou um pouco da caracterização do protagonista Daisuke Umon/Duke Fried de ser um estranho em uma terra estranha, mas que tem contato com a natureza do planeta ao trabalhar em uma fazenda. Isso faz parte de seu estilo de fazer um herói que é próximo às pessoas.

Outro de seus trabalhos foi em Captain Harlock (versão de 1978), baseado na obra de Leiji Matsumoto. Nessa foram tomadas várias liberdades, como acrescentar episódios e até mesmo personagens que não existiam no original. Um exemplo era Mayu, que seria filha de Tochiro, grande amigo de Harlock, colocando-a como um dos motivos do Pirata Espacial defender a Terra. Isso criou certos atritos com Matsumoto, pois contrariaria sua imagem do personagem, mas no fim acabou cedendo aos argumentos da equipe de produção do desenho animado liderada pelo diretor Rintaro. Houve episódios contando sobre o passado dos membros da tripulação da Arcadia e até mesmo retratados conflitos internos entre as Mazon, as oponentes de Harlock. Daí se consolidaram duas imagens do personagem: a versão de Matsumoto e a de Rintaro e Uehara.

Pudemos ver o seu trabalho aqui no Brasil também, que teve grande aceitação vide O Fantástico Jaspion, em que ele foi o roteirista principal e desenvolveu vários de seus conceitos, assim como muitos outros seriados que foram exibidos por aqui nos anos 1990. Mas Uehara já encantava brasileiros de uma geração anterior com as séries Ultra, especialmente O Regresso de Ultraman, em que ele também foi principal. É bem curioso, insólito, quase inverossímil saber que essas séries foram escritas pela mesma pessoa. Mas é compreensível, ao se ter em mente que ele tratava de assuntos universais.

Uehara falava muito de Família em suas obras. Em especial a imagem do "Pai" como alguém importante para o desenvolvimento do Herói. Exemplos seriam em Gavan, com Voicer, que morre guardando o projeto de uma arma poderosa, dando o exemplo de como deve ser um Policial do Espaço em sua missão de proteger o Universo. Em Sharivan, Denichiro Iga dá sua vida para salvar seu filho Den/Sharivan. E em Shaider, Daijiro Sawamura ensina a Dai/Shaider que no Universo existem vários tipos de alienígenas, incentivando sua curiosidade.

Suas histórias também apresentavam preocupação social, como a valorização excessiva do desempenho escolar em detrimento dos laços familiares, o excesso de confiança na automatização, que pode criar dependência, e os perigos de um estado totalitário controlado por máquinas, em que as pessoas seriam referidas como números. E ainda, o preconceito com as minorias, visto que ele mesmo era Uchinanchu (okinawano) e várias vezes sofreu isso na pele, assim como os perigos da histeria em massa, do discurso de ódio e ainda apresentava preocupação com o meio ambiente. Uma vez ele abordou esses quatro assuntos polêmicos em um único episódio, mesmo ao custo de ser retirado do programa em que era o roteirista principal.

Sendo assim as palavras de Uehara aos criadores de programas de agora não são vazias, uma vez que ele também passou por limitações em sua carreira. Havia muitos assuntos que o roteirista queria abordar, porém não era possível. Mas aprendeu com Tetsuo Kinjo como colocar isso de forma subliminar, metafórica, usando a Ficção Científica, os monstros, os alienígenas e outros seres inumanos.

Outra mensagem que ele deixa é que "auto-regulação (auto-censura) para tudo só empobrece a obra. E cerceia a imaginação do escritor, que acaba se tornando uma 'criança comportada'. Mas criar é sempre um ato arriscado. É claro que a Liberdade de Expressão deve ser delimitada pelo bom senso. Mas no mundo da Criação, acho que é necessário ter uma certa loucura".

Devido aos seus feitos, Shozo Uehara pode ser considerado um Homem Eterno, divino, cujos feitos perduram até hoje. Se os Heróis de Tokusatsu existem como são agora, muito é devido aos seus méritos, que o roteirista fazia questão de dividir com todos os que trabalharam com ele. Uehara nunca pegou discípulos, mas ensinou vários outros roteiristas indiretamente, influenciando-os e incentivando-os a escrever, e descobriu muitos novos talentos. Seu último trabalho foi uma história narrada durante a execução da sinfonia Ultra Cosmo, do compositor Tohru Fuyuki na TsubuCon (Tsuburaya Convention).

Infelizmente, ele não conseguiu realizar seu sonho de criar um Herói puramente okinawano. Mas creio que Tetsuo Kinjo o parabenizaria, assim como Rizan Jana, um dos maiores heróis de Okinawa e ancestral de Uehara, que o inspirou por toda a sua vida. Ele foi realmente o "Uchinanchu (okinawano) que viveu em Yamatu (Japão)" com orgulho de suas raízes e encantou todo esse país e até mesmo o mundo com seus Heróis.

E neste vídeo, ele deixa mais algumas mensagens sobre "O que é Herói" e "Aos Heróis do futuro":



"(Herói) é aquele que protege os fracos. Isso é óbvio, mas tem mais. É aquele que, de certa forma, sabe dizer 'Não'. Uma pessoa comum. Que diz 'Não' quando é 'Não'. Para mim isso é Herói. Segundo Bruce Lee, a água flui, mas também pode se chocar com outras coisas. 'Amigo, torne-se Água'. Essas palavras me emocionaram. Como eu disse, é uma pessoa que normalmente parece comum, mas consegue dizer 'Não' na hora certa. Que consegue bater de frente. Mas que normalmente é calmo e fluido. Alguém como a Água. Não é fácil ser assim, mas seria bom poder ser."

"Se encontrar seu caminho, siga-o. Não importa o que aconteça, vá até o fim. Ao encontrar um caminho em que você acredita, vá em frente, avance sem mentir para si mesmo."



Extra: Na visão de um colega

Por um tempo Uehara integrou a empresa de roteiros para jogos FLAGSHIP, que teve parte na criação de jogos para a Capcom e a Nintendo, como as séries Onimusha, alguns jogos de Devil May Cry, Bio Hazard (Resident Evil), Legend of Zelda e Kirby. Mas o nome dele mesmo não aparece nos créditos, apenas o da FLAGSHIP e os de Hirohisa Soda, Junichi Miyashita e Noboru Sugiura. De acordo com Soda em seu blog, Uehara realmente não teve participação ativa, assim como Susumu Takaku, apenas emprestando seu nome à empresa.

Soda também comenta que quando começou em Gorenger, Uehara já escrevia para vários seriados e desenhos animados ao mesmo tempo, em uma rapidez e quantidade que um novato como ele não conseguia acompanhar. Por um momento Soda chegou até a criticá-lo, dizendo que Uehara prezava mais a quantidade do que a qualidade e que um dia iria superá-lo, criando seu próprio estilo na época em que era, como ele mesmo diz em auto-zombaria, "um jovem petulante". Mas depois de se casar, percebeu por que Uehara aceitava tantos trabalhos, pois sustentar a família sendo apenas roteirista não era fácil. Daí Soda caiu em si.

Ele se reencontraria com Uehara anos depois e viu que o renomado roteirista, com seu trabalho, havia conseguido comprar uma enorme casa para morar e ainda por cima tinha uma outra, de veraneio, em Karuizawa. Nessa ele se perguntou quantos trabalhos Uehara fez para conseguir tanto dinheiro e sentiu a "vitalidade okinawana" do Mestre. Segundo Soda, Uehara havia vivido os tempos da Guerra e por isso tinha grande apreço à vida e à transmissão de valores. Por isso ele escrevia. Por sua mulher e filhos, sem ligar para críticas ou ao que dissessem de seu trabalho. E Uehara sempre dizia: "Eu vou escrever coisas que as crianças gostem".


Mais sobre Shozo Uehara:

SENSEI! - Shozo Uehara e os Metal Heroes
Ganbattene! - Shozo Uehara e os Kamen Riders
Uchinanchu - Shozo Uehara e Ultraman
Desafios de um roteirista - Shozo Uehara e os super-heróis japoneses (Blog Sushi POP)


Sobre o falecimento do Mestre:

Luto no tokusatsu: Adeus, Shozo Uehara
Morre Shozo Uehara, principal roteirista de 'Jaspion'

8 comentários:

  1. Muito bom mais esse apanhado sobre o grande mestre Shozo Uehara, Usys. O recente falecimento dele causou a impressão de ter perdido um velho conhecido do convívio pessoal. Mas ele soube deixar sua marca.

    Espero que você possa postar mais pra frente algo sobre o produtor Susumu Yoshikawa.

    Grande abraço.

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    1. Obrigado, Aniki!

      Shozo Uehara é uma grande pessoa e que de certa forma fez parte de nossas vidas, já que ele escreveu para tantos seriados que víamos desde a infância.

      E consegui um material do Susumu Yoshikawa falando sobre Super Sentai. Juntando com o que eu tenho de seu trabalho em Metal Hero e Black, talvez dê para montar alguma coisa.

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  2. Olá, boa tarde.
    Apesar de ser leiga neste ramo Tokusatsu, desconhecendo grande parte das contribuições de Uehara para o Universo dos heróis, reconheço o quão incrível ele foi e sempre será para os fãs de inúmeras gerações. Ao ler a matéria, fica nítido o apreço que tinha em alcançar as pessoas (mais especificamente as crianças) com suas obras. Uma criação jamais estará dissociada de seus autores, portanto àquilo do qual empenhava-se nos trabalhos e na transmissão das mensagens era fiel ao que ele já havia vivido. Interessante que ele abordou sobre temas tão complexos como preconceitos contra minorias e diferenças sociais, onde numa época havia tantos obstáculos morais e julgamentos de valor, enfrentou tudo isso e pôde materializar sonhos possibilidades de crer no futuro. Enquanto lia pude sentir a intensidade das noções que Uehara gostaria de transmitir, realmente resistiu à tantas adversidades, soube moldar novas concepções de heróis e vilões e revolucionar o mundo dos heróis. Jamais poderei dizer que sei o que está passando, mas posso dizer-lhe que imagino sua dor diante do ocorrido. Lamento o falecimento deste grande roteirista. Fica aqui, minhas condolências à família dele e a todos os fãs.

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    1. Obrigado, Melissa!

      Não sei dizer se foi dor mesmo. É verdade que chorei quando soube, mas o que senti mais foi pena pelo Mestre ter morrido antes de realizar seu maior projeto. Depois, pensei bem e percebi que ele deixou uma grande obra.

      E não se preocupe com isso de ser leiga ou não. O bom é ir aos poucos e ver o que interessar, sem forçar nada. Continuar se gostar e parar se não gostar. Acho que é assim é que tem que ser.

      Uehara nos deixa muitas lições. Sobre o que significa criar. Sobre defender seu ponto de vista. E perceber que existem coisas que não mudam, para bem e para mal. Como a existência do preconceito, da histeria, do discurso de ódio e da poluição. Mas ele deixa uma mensagem de esperança. Essa é uma das coisas que admiro nele.

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  3. Mais uma grande mente que se foi, mas que deixa um grande legado.
    Ele tinha uma visão bem ampla dos heróis, vendo eles como "algo mais" do que o simples combatente do mau. Legal saber que ele era fã do Bruce Lee, por essa eu não esperava! Mas as frases dele não devem nada ao Mestre das Artes Marciais.
    Eu há tinha ouvido falar sobre os problemas com o Leiji Matsumoto, mas pelo visto os atritos eram um pouco maiores do que eu pensava. Agora fiquei pensando se o Matsumoto falou algo sobre a morte do Uehara, até procurei mas não encontrei nada, pelo menos não traduzido.

    Abordar tantos assuntos polêmicos em um único episódio é só pra quem tem muita coragem! Uma pena que acabaram afastando ele do seriado por causa disso, mas é legal saber que ele não baixou a cabeça e fez o episódio mesmo assim, isso é coragem e determinação, coisa de quem tem paixão pelo que faz. Realmente, é uma grande mente que vai fazer falta.

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    1. Obrigado, Ronin!

      Esse enfrentou grandes perrengues, mesmo antes de querer ser roteirista. E essa visão ampla é um dos segredos de seu sucesso. Porque vendo bem, existem pontos em que mesmo os vilões têm razão. Que eles têm seu próprio conceito de Justiça.

      O Matsumoto ainda deve estar se recuperando daquele mal-estar que ele teve na Itália e talvez ainda nem saiba. Ou só não falou nada ainda. Mas com isso dá para ver que as discussões entre o Matsumoto e o Rintaro vêm de longa data.

      Uehara fez o que fez, mas deixou tudo combinado com o diretor e o produtor, que por sua vez fez arranjos para ele conseguir outro trabalho. E conduziu as coisas para que ele voltasse ao menos para escrever o último capítulo, que também tem uma mensagem bem forte e é referência até hoje: os Cinco Juramentos Ultra.

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  4. Fala, Usys!

    Essa matéria não poderia faltar! Até incluí o link para ela no meu post onde relatei o falecimento de Shozo Uehara. Ele era realmente um mestre e um grande homem! E tinha muita personalidade. Eu não sabia que a Mayu de Harlock era criação dele. Teve peito de bancar a ideia, mesmo contra o criador Leiji Matsumoto, que tem fama de temperamento forte.

    E ele teve enorme peso na formatação do que hoje conhecemos como Super Sentai e mesmo Power Rangers, veja só! Essas matérias que você traz são puro ouro, informação de fontes primárias e nós, seus leitores, temos o privilégio de ter acesso a esse material.

    Parabéns e, tenho certeza, Shozo Uehara está sorrindo ao saber que seu nome e sua carreira são reconhecidos e celebrados no Brasil.

    Abraço!

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    1. Obrigado, Nagado!

      Mas se não fosse por você, é possível que ninguém por aqui soubesse quem é Shozo Uehara. E ele deve estar orgulhoso em saber que foi um colega okinawano quem o apresentou ao público brasileiro.

      Esse da criação da Mayu foi um dos pontos de discórdia entre o Matsumoto com o Rintaro e o Uehara. Ele protestou dizendo que o Harlock não é do tipo de pessoa que defenderia a Terra só pela filha de seu amigo. Mas no fim, Matsumoto cedeu e até deu esse nome para a menina, que originalmente se chamaria "Tamiko". Mais um capitulo entre as discórdias entre ele e Rintaro.

      E obrigado mais uma vez. Agora falta mais um capítulo para fechar a série de matérias sobre Shozo Uehara: a sua participação em Robocon, que acho que é altamente importante, visto que tanto o Uehara, quanto o Hirayama e o Takeyuki Suzuki falam desse seriado. Duro vai ser encontrar material novo.

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Peço que os comentários sejam apenas sobre assuntos abordados na matéria. Agradeço desde já.

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