Ultra-Act: Um Retrospecto

Saudações.

Em comemoração aos 50 anos de Ultraman, desta vez pretendo fazer um retrospecto da linha Ultra-Act de figuras articuladas feitas para representar personagens da Tsuburaya Productions, feita pela Bandai.

O "Act" de Ultra-Act tem dois significados: a modelagem para se obter uma silhueta ideal (Actor) e a alta articulabilidade (Action). O conceito é semelhante ao da linha figma da Max Factory, que seria よく動く、きれい (Yoku Ugoku, Kirei, algo como "bem articulada e bonita"). A Bandai já tem uma linha de figuras articuladas, a S.H. Figuarts, mas ela segue o conceito de "buscar a ação em uma figura humanoide", enquanto Ultra-Act é bem mais abrangente.

É certo que ela se limita às obras da Tsuburaya Productions, mas os métodos, técnicas e conceitos utilizados mudam em cada tipo de personagem, buscando o melhor meio de representá-lo. Além dos modelos humanoides (com cabeça, tronco, dois braços e duas pernas), existem também os monstros, com formas não-humanoides (corpo de formato diferente, volumoso e muitas vezes com uma cauda). E ainda existem aqueles que usam partes em metal, como os robôs. Mais um tipo ainda permite instalar uma armadura na figura. Ou seja, Ultra-Act usava não só elementos de S.H. Figuarts, como também de outras linhas da Bandai quando necessário.

E ainda, ela contava com peças de efeitos para representar os raios mais característicos de cada personagem, um tremendo diferencial na época, já que pouquíssimos modelos de S.H. Figuarts contavam com esse recurso.

A linha estreou em 26/06/2010 com o primeiro Ultraman, uma escolha óbvia. Fiquei bem empolgado, já que se tratava de uma figura totalmente articulada de um de meus Heróis favoritos e que aguardei com grande antecipação.

Ultraman, o primeiro modelo da linha, lançado em 26/06/2010.

Infelizmente a linha não começou muito bem, devido ao controle de qualidade. A figura era muito leve e as articulações eram frouxas. Por outro lado, o projeto era muito bom, tendo sucesso em criar uma figura articulada do herói sem sacrificar em muito a silhueta. Quase um ano depois foi lançada uma segunda leva, com as articulações reforçadas.

Em perfeitas condições, a figura consegue carregar outra nos braços sem nenhum problema. A prova de que
o projeto é perfeito.

Dois meses depois do primeiro Ultraman foram lançados dois modelos simultaneamente: Ultraman Belial e Gomora. Belial já não tinha os problemas do Ultraman, com articulações mais firmes. E surgia o primeiro monstro da linha.

Gomora exerceu um tremendo impacto em mim. É certo que já brincava com bonecos de monstros quando era pequeno, mas estava diante de uma figura totalmente articulada desta vez. Mexer nela era fascinante, pois ela era volumosa e pesada. Fazer poses com o Gomora era desafiador, uma vez que se tratava de um ser que não era humano e nem animal. Ao manipulá-la, pensava se o ator que vestia as roupas de monstros não se sentia assim. A linha teve sucesso ao trazer seu primeiro monstro, que me encantou.

Gomora, o primeiro monstro da linha, lançado em 07/08/2010.

Alien Baltan, o primeiro oponente alienígena da linha, lançado em 23/10/2010 e contava com peças de efeito e o
Refletor Spelgen no peito.

Foram surgindo mais e mais modelos, lançando simultaneamente um herói e um oponente. E com o tempo também foram implementadas melhorias, como no Ultraman Leo, no qual os tornozelos passaram a ter articulações multidirecionais ao invés das simples conexões esféricas, dando mais estabilidade ao modelo. As vendas iam bem, especialmente os monstros, mas havia algo que incomodava os colecionadores: as pernas dos modelos humanoides eram muito arqueadas, tortas nos joelhos com muito espaço entre eles. Abrindo as pernas não tinha muito problema, mas em posições mais relaxadas, isso chamava a atenção.

A partir de Leo, os Ultras passaram a ter uma articulação multidirecional no tornozelo.

O Ultraman Tiga Power Type tem um físico mais robusto que a Multi Type.

Em alguns modelos foram incluídos brindes para quem comprasse na primeira leva,
como esta miniatura do GUTS Wing 1.

Foi feita então uma reformulação da linha. Desta vez, optou-se por mostrar os personagens com uma silhueta "ideal" ao invés de tentar representar as imperfeições. A proporção foi revista, fazendo os personagens mais musculosos e com a cabeça um pouco menor, diminuindo a impressão de se ser uma máscara. A partir daí se aboliu a prática de se lançar um Herói e um oponente. A embalagem também foi redesenhada, com um desenho mais chamativo.

A nova embalagem, vermelha e uma comparação com a antiga, preta.

Uma nova característica: um conector oculto para bases com suporte.

Uma característica implementada no Mirror Knight: uma articulação extensível nas costas, dando mais
flexibilidade para o tronco. A princípio foi feito tendo em mente apenas representar esta cena do filme.

Na prática, ele se tornou um dos modelos mais flexíveis da linha.

Foram feitos experimentos, como essa cabeça extra com uma peça transparente na nuca que faria
os olhos parecerem brilhar ao serem colocadas na frente de uma fonte de luz.

Em 23/12/2011, foi lançado o primeiro robô da linha, o Jean-Bot. O grande diferencial na figura era o uso de partes em metal, como na linha Chogokin da empresa. Por isso, a figura era pesada, quase o dobro de um modelo humanoide. E manipulá-la era bem curioso, diferente dos modelos humanoides, mas também dos monstros. Mais uma vez, a linha Ultra-Act expande seus horizontes para representar o personagem da forma mais adequada possível.

Jean-Bot, cujo conceito se aproxima ao de Super Robot Chogokin, inclusive com uma peça de efeito semelhante.

No ano seguinte, foi lançado o primeiro modelo que representava um personagem da Tsuburaya Productions que não pertencia às séries Ultra, o Gridman, exibido aqui como Super Human Samurai. Ele contaria com um novo mecanismo que permitiria equipar uma armadura nele, transformando-o no Thunder Gridman e mais tarde no King Gridman. Infelizmente não adquiri esses modelos, pois decidi focar nas séries Ultra.

Em compensação, adquiri o Andromelos, que apesar de não ser um Ultra,
faz parte da cronologia de M78.

Também nesse ano, foi anunciado o lançamento dos Seis Irmãos Ultra para a linha, sendo que Ultraman e Ultra Seven teriam uma nova versão para se adequar à reformulação. Isso deu certo, com várias melhorias, em especial nos conectores dos pulsos, que eram bem duros nos primeiros modelos. E mais tarde surgiram novas versões atualizadas dos outros Heróis que foram lançados nos primórdios da linha, todos com substanciais aperfeiçoamentos.

Finalmente reunidos os Seis Irmãos Ultra.

Cinco deles vêm com mãos especiais para representar esta cena clássica do primeiro episódio de Taro.

Também foi lançado o Brothers' Mantle Set que só pode ser equipado nos Seis Irmãos Ultra.

Ultraman e Ultra Seven foram refeitos, com versões mais robustas.

No Ultraman foi implementado o mesmo sistema do Mirror Knight, com as mesmas vantagens.

Com o Ultra Seven vem esta mão feita especialmente para segurar o Ultra Spark do Regresso de Ultraman.

Aqui dá para ver que o modelo antigo tinha as pernas muito arqueadas, com um espaço muito grande entre elas.

Uma coisa boa é que esses modelos passaram a ser vendidos aqui no Brasil, com distribuição pela PiziiToys. Infelizmente, o aumento do dólar fez com que os preços se tornassem proibitivos. Para piorar a situação, a partir de 2013, mais e mais modelos da linha passaram a ser comercializados de forma exclusiva pela loja virtual da Bandai por tempo limitado. Com isso, para residentes de fora do Japão ficou mais difícil obter novos modelos, já que a comercialização se limitava apenas àquele país. Os modelos também foram rareando, sendo que o último a ter venda aberta foi a segunda versão do Ultraman Mebius.

Mebius, o último modelo a ter venda aberta. Suas formas adicionais foram para a venda exclusiva.

Com o sucesso da série em quadrinhos ULTRAMAN, de Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi, foi lançado um modelo híbrido com a linha S.H. Figuarts e com venda aberta. Ela se propunha a combinar o melhor das duas linhas, mas na minha opinião, o resultado ficou muito a desejar. Por um lado, a figura tinha a modelagem precisa das S.H. Figuarts, combinando as peças de efeito das Ultra-Acts. Por outro lado, ela deixava de lado várias características convenientes, como uma rotação de antebraço e peças intercambiáveis para representar o modo de liberação de limitadores e outro para conectar o modelo a uma base com suporte. E para piorar a situação, foi lançada uma "versão completa", com uma cabeça representando o capacete aberto para venda exclusiva...

O ULTRAMAN 7.2 também será lançado nessa linha híbrida, de forma exclusiva. Considerando as características do traje, hesitei na compra, temendo o mesmo que aconteceu com o ULTRAMAN.

A figura não é ruim. Só faltou um pouco de empenho... e respeito ao comprador por parte da Bandai.

Ultra-Act foi para mim a realização de um sonho. Por muitos anos almejava ter figuras articuladas dos Heróis Ultra e até via alguns modelos, mas ora eram muito simples, como os bonecos de soft vinyl, ora eram muito caros e grandes, como os modelos da Medicom. Não havia um "meio-termo" e Ultra-Act veio atender a essa necessidade, o que ela fez com excelência, apesar das falhas no começo. Ela estava indo muito bem, sanando essas falhas, além de implementar várias melhorias que não eram apenas cosméticas, mas também funcionais, proporcionando modelos fáceis de se usar. Tentei apoiar a linha ao máximo, comprando os modelos na época de reservas, mas pelo visto isso não foi o suficiente para garantir sua continuidade.

Aparentemente a construção de novos modelos puramente Ultra-Act foi suspensa, só sobrando a híbrida com S.H. Figuarts. E a partir deste mês serão lançados modelos de S.H. Figuarts representando personagens do primeiro Ultraman, incluindo o Herói, seu arqui-inimigo Alien Baltan, o monstro Zetton e Zoffy. Isso pode significar que a linha Ultra-Act foi abandonada pela Bandai, o que é uma pena, pois faltava pouco para completar todos os Ultras, sem contar as formas adicionais.

Mesmo assim, ainda possuo modelos que pretendo apresentar neste blog. E também espero conseguir os modelos restantes que acabei deixando de comprar devido a circunstâncias, principalmente financeiras. Vai ser bem difícil, pois alguns modelos já são negociados a preços extremamente elevados no mercado de usados, mas vou tentar. E apresentá-los aqui, assim que possível. Mesmo com tudo isso, ainda torço por novos modelos da linha para completar os Dez Heróis Ultra (faltando só o Victory) e conseguir o X e o Orb. Das S.H. Figuarts pretendo pegar apenas os monstros e alienígenas, uma vez que já tenho modelos dos Heróis que cumprem seus papéis de forma satisfatória.

Representações de cenas clássicas...

... encontros dos sonhos...




... e até situações cômicas. As possibilidades são infinitas!

Ultra-Act é compatível com outros modelos de linhas voltadas a crianças, como a Ultra City Series para fazer cenários e os monstros da Ultra Kaiju Series o que aumenta as possibilidades.


Ainda tenho estes mais o Dark Zagi para apresentar.


Ultraman: 50 Anos! Obrigado, Ultra-Act, por realizar meu sonho!

E continuando a Comemoração dos 50 Anos de Ultraman, escrevi um relato contando minhas experiências com as séries Ultra e sobre o impacto que elas tiveram em minha vida. Segue o link: Ultraman e eu