domingo, 27 de junho de 2010

Chogokin Tamashii GX-31 Voltes V





Chogokin Tamashii (ou Soul of Chogokin, "Alma do Chogokin") é uma ramificação da linha Chogokin que se propõe a recriar os antigos brinquedos da linha com técnicas atuais e proporcões fiéis à ficção. O slogan da série Tamashii é "少年の心を持った大人たちへ・・・" ("Para os adultos com coração de menino..."), o que indica que ela é voltada ao público adulto e são bem mais elaborados, algumas vezes ignorando as normas de segurança de brinquedos para oferecer aos colecionadores representações fiéis dos personagens. Eu já estava impressionado com a Chogokin Drossel, mas o Voltes V consegue ser mais incrível ainda.


Voltes V (o "V" se lê como "five" ou "cinco" em inglês) era um robô construído pelo Dr. Kentaro Gô para deter a invasão do planeta Boazan (do francês "voisin" ou "vizinho") e que era capaz de se dividir em cinco veículos independentes. O desenho animado foi exibido no Japão em 1977. O conceito não era novo, pois já havia robôs desse tipo, como o King Joe, inimigo do Ultra Seven, Getter Robo, que já apresentei em outra ocasião, e o antecessor direto do Voltes V, o Combattler V (nesse caso lê-se "Vi", como na pronúncia do "V" em inglês). E seria com o Combattler V que pela primeira vez o brinquedo conseguiria imitar o robô da ficção, sendo possível separá-lo em seus componentes, o que era impossível de se fazer com o Getter Robo.

Combattler V fez um enorme sucesso sob a condução do diretor Tadao Nagahama e depois que o desenho acabou, foi criado o Voltes V para ocupar a grade de horários da época. Diferente do Combattler V, Voltes V foi projetado pela empresa de brinquedos Popy e por isso foi alvo de críticas de fãs por ser mais "feio" e simplista demais. No entanto, desta vez Nagahama criou um história bem mais densa que Combattler V, no qual o fio condutor tinha os irmãos Gô, três dos pilotos do Voltes V e filhos do Dr. Kentaro, em busca do pai que eles julgavam morto após este viajar para Boazan a fim de conseguir um acordo de paz. Mais tarde, eles descobrem que seu pai na verdade estava vivo. Mais do que isso, eles descobrem o porquê dele conhecer o planeta Boazan e como ele sabia que um robô gigante capaz de se dividir em cinco veículos seria a arma ideal para combater as forças principais do inimigo: robôs-monstros gigantes. Voltes V também foi o primeiro robô a utilizar uma espada como arma mortal, com a qual ele derrotava seus inimigos quase sempre com o mesmo golpe: o corte em V, um estilo que passou a ser usado por outros heróis de outros gêneros e perdura até hoje. Outros robôs como o Great Mazinger já usavam espadas, mas não nesse estilo.

Outro conceito introduzido por Combattler V e consolidado em Voltes V foi o de dar profundidade ao vilão, nesse caso o personagem Príncipe Heinel. Ele era cruel, violento e desprezava aqueles que não tinham chifres, considerados símbolo da nobreza no planeta Boazan, onde os que não tinhameram oprimidos. Mas Heinel tinha suas razões para lutar. Por ser considerado filho de um traidor, ele era ostracizado pelos outros nobres e aceitou ser mandado para conquistar a Terra e provar sua lealdade ao Império Boazan. Mal sabia ele que na verdade seu tio, o Imperador Zambajil, o enviou para o longínquo planeta Terra na esperança de que ele fosse morto em combate. Somente no último episódio e pouco antes de seu trágico fim, Heinel descobre que seu pai não era um traidor e que a soberania dos chifres em que ele acreditava era mentira. Pistas sobre sua herança eram dadas ao longo do desenho e Heinel sofria vários atentados, mas ele sempre tinha o apoio de Katharine, cientista do Império Boazan, que o amava e de Jangal, general das forças de combate e seu fiel servo.


O desenho foi dublado em português e lançado no Brasil em VHS pela Brasil Home Video e mais tarde foi republicado pela Sato Company. O desenho também foi exibido pela Rede Manchete nos anos 90. Porém, a versão lançada aqui era apenas um resumo com alguns capítulos e que não tinha final, baseado na versão em inglês. Por isso, essa versão apresenta mudanças nos nomes dos personagens, mas o resto da história é bem fiel. A dublagem parece ter sido feita na mesma época do Pirata do Espaço, outro desenho de robôs exibido pela Manchete nos anos 80, mas não tenho dados para confirmar essa teoria. Apesar de contar com nomes de peso na dublagem como Cleonir dos Santos, José Santana e Orlando Drummond, o desenho não fez sucesso por aqui e passou quase despercebido. Um dos motivos foi que ele foi passado direto para vídeo e quando ele foi exibido na televisão já era a época do desenho Cavaleiros do Zodíaco, que teve um enorme sucesso, apagando o seu brilho.

Outro motivo foi que os conceitos que o Voltes V desenvolveu, ou até mesmo introduziu, já eram lugar-comum na época, o que fez com que ele parecesse "só mais um desenho japonês". Ou seja, detesto ter de admitir isso, mas o desenho estava ultrapassado. Mesmo assim gosto dele e figura entre meus favoritos É certo que ele tem suas imperfeições, como interpretações exageradas com excesso de dramaticidade e erros de continuidade, mas ele é bem dirigido e altamente avançado, principalmente se considerarmos que naquela época não se usava computação gráfica. Ainda, esse foi o primeiro desenho do gênero que eu vi, em um Betamax na casa da minha avó, trazido por meu pai que o encontrou em uma locadora especializada, no começo dos anos 80, quando era mais difícil encontrar desenhos japoneses. E o mais irônico é que vi o final antes do começo, que eu só veria na versão da Brasil Home Video, que encontrei por acaso em um locadora no começo dos anos 90.

Assim como a Drossel, Voltes V vem em uma embalagem de isopor. Debaixo da embalagem, temos outra em plástico com os acessórios e o manual de instruções.

Este é o Volt Cruiser, pilotado por Kenichi Gô (Steve Armstrong, na versão brasileira), líder da Equipe Volt e especialista em tiro ao alvo. Kenichi é responsável, valente e é dedicado à sua missão de defender a Terra. No entanto, por causa disso ele é muito rigoroso consigo mesmo e com seus companheiros de equipe. Ainda assim, ele tem um pouco de senso de humor e ouve as opiniões de seus amigos.


A miniatura tem o corpo construído em metal e a ponta em plástico. Os trens de pouso são retráteis e a cabine se abre, revelando o piloto.

Segurando o modelo de cabeça para baixo faz aparecer os mísseis retráteis dos lados.


O modelo vem com duas extensões para as asas, representando o Crew Cutter. Elas devem ser instaladas com cuidado para não arranhar a pintura (como aconteceu comigo).

Este é o conector do pescoço do robô: um imã.

Este é o Volt Bomber, bombardeiro pilotado por Ippei Mine (Mark Gordon), tricampeão de rodeio e especialista no manejo do chicote e do laço. Ippei é rebelde e sarcástico, mas também é o mais sentimental do grupo. Ele briga constantemente com Kenichi, mas o vê como um bom amigo.

O Volt Bomber tem trens de pouso removíveis e pode usar algumas das armas do modo robô. Mas no desenho ele usa uma corrente um pouco diferente.

Este é o conector do Volt Bomber, que também é um imã com o polo oposto ao do Volt Cruiser.

O Volt Panzer, tanque pilotado por Daijiro Gô ("Big" Bert Armstrong, uma adaptação surpreendentemente fiel do nome original), especialista em combate corpo a corpo, com destaque para o manejo do bastão. Foi ele quem ensinou Kenichi a manejar a espada e a parar golpes de lâminas inimigas com as mãos. É o típico grandalhão forte, mas com grande coração.


As esteiras se movem de verdade e o tanque tem braços dobráveis.

A cabine tem um compartimento que serve de puxador na hora de desmontar o robô.

Volt Frigate. Submarino que também pode voar e é a peça maior e mais pesada, pilotada por Hiyoshi Gô ("Pequeno" John Armstrong), o menino prodígio do grupo, capaz de consertar ou até mesmo criar mecanismos especiais. Também é quem mais sente a falta do pai e apesar de ser um gênio, comporta-se como um menino comum de sua idade.

O trem de pouso é retrátil, revelando turbinas, que também servem como conectores para o Volt Lander.

As antenas são feitas de plástico maleável, sendo mais difíceis de quebrar, mas ainda assim é preciso tomar cuidado.

Na hora da combinação, as torres são retráteis, mas voltam ao lugar apertando o botão nas coxas.

Volt Lander. Veículo de reconhecimento pilotado por Megumi Oka (Jamie Robinson), uma ninja do estilo Koga, especialista no uso do "shuriken" (dardo ninja em forma de estrela) com o qual ela consegue cortar até mesmo objetos de metal e perfurar armaduras. Megumi também é a voz da razão quando o grupo entra em conflito, mas se deixa levar pelas emoções quando seu pai está em perigo.

Os painéis frontais se abrem revelando brocas.

O modelo tem detalhes usando plástico transparente que lembram uma lanterna.

As rodas têm suspensões independentes.

Assim como o Volt Frigate, este modelo também tem antenas em plástico maleável.

Hora do evento principal. 
- V TO GATHER!!! (FORMAÇÃO EM V!!!)

- LET'S VOLT IN!!! (VAMOS NOS JUNTAR! AGORA!!!)


A combinação é incrivelmente fiel ao desenho. Tanto que não precisei das instruções e só foi necessário ver o vídeo de novo.

VOLTES!!!

FIVE!!! (CINCO!!!)


Este é o modo robô. Ouço muitas opiniões de que ele é "feio" comparado com o Combattler V, mas eu não consigo ver o que há de errado. Pelo contrário, acho muito bonito e bem feito. O modelo é quase todo em metal e pesa mais ou menos um quilo. De fato, é mais fácil enumerar as partes que não usam metal.

"Close" do rosto. Ao ver o desenho da cabeça do robô, os produtores lhe deram o apelido de "Karasu Tengu" (ente sobrenatural do Japão que parece um corvo antropomorfizado). A placa facial parece mesmo um bico de pássaro visto de frente, mas já estou tão acostumado a ver esse tipo de placa facial que não me parece nada estranho.


A movimentação do pescoço é bem limitada, podendo se mover um pouco para os lados. As partes do Volt Cruiser nas costas têm articulações que se movem junto com o pescoço.

O mecanismo de transformação do Volt Bomber pode ser usado como articulações extras, aumentando a flexibilidade dos ombros. As articulações verticais do ombro são "clicadas". O problema é que essas articulações são de plástico e podem quebrar se manuseadas incorretamente.

O cotovelo pode ser dobrado até 90 graus e o antebraço pode ser girado em 360 graus.

O pulso pode ser girado e os polegares são articulados. Os outros dedos se movem todos de uma vez com uma dobradiça.


A cintura é estática e as coxas se movem um pouco para frente e para trás e podem ser giradas. As coxas são um pouco frouxas, mas seguram o robô sem problemas.

Os joelhos têm articulações "clicadas" e podem ser dobrados até 90 graus.

Os tornozelos têm uma conexão esférica e os mecanismos de transformação também podem ser usados como articulações. Os pés são feitos de metal pesado, garantindo a estabilidade do modelo ao ser colocado em pé.

A mão direita de abre para revelar uma arma.

A Voltes Bazooka. A mão deitada serve de gatilho e essa arma foi usada várias vezes para abater discos voadores inimigos.

Retraindo as mãos, pode-se instalar armas especiais nos pulsos.

Este é o Chain Knuckle (conhecido aqui como Soco Foguete). Esta foi a primeira arma usada pelo Voltes V.

A corrente é disparada da mão e acerta o inimigo com o peso na ponta. O cordão extensor da ponta pode ser removido para encurtar o peso. A corrente é de metal de verdade.

Outra arma que pode ser instalada é o Gatling Missile (Mísseis Volt), um lança mísseis giratório. Em muitas cenas, Voltes V usa essa arma nas duas mãos, mas no modelo só vem uma. O mesmo se aplica ao Chain Knuckle.

Instalando essas peças nos braços do robô é possível colocar mãos maiores e mais proporcionais.

Isso acaba com aquela sensação de algo estar errado na proporção. Incrível. Parece até outro robô. As novas mãos são presas por conexões esféricas e por isso têm grande liberdade de movimentos. O modelo também acompanha mais dois pares de mãos intercambiáveis, sendo uma aberta e outra feita para segurar as armas.

Abrindo a fivela do cinto do robô, podemos ver o Grand Fire (Raio Ultramagnético). Apesar do nome na versão brasileira, trata-se de um lança chamas que pode ser usado até mesmo no espaço (!).

Instalando partes extras, pode-se recriar a cena em que o Voltes V saca o Cordão Super Eletromagnético (Chicote Ultramagnético).

O modelo vem com os Piões Ultramagnéticos que podem ser desmontados e instalados nas pontas dos cordões...

...simulando e cena em que Voltes V os usa para atacar o inimigo. No desenho, os piões saem de um compartimento no ventre, mas isso foi omitido do modelo por ser fisicamente impossível.

Essa é a nave em forma de falcão que surgiu quando o Voltes V quase foi derrotado por um novo tipo de robô monstro feito da liga metálica Maxingal, que anulava o poder de sua espada. Ele trouxe um projeto com melhoramentos para o Voltes...

...e um mecanismo controlador da Bola Super Eletromagnética, um campo de energia que permitiria enfraquecer a liga Maxingal.

O modelo é feito em plástico, mas é bem detalhado.

Este é o mecanismo de controle. Como podemos ver é bem pequeno, mas também é cheio de detalhes.

Abrindo um compartimento nas costas do Voltes V, pode-se instalar o falcão trazendo o mecanismo. Até dá pra deixar o falcão, mas no desenho só foi necessário instalar o mecanismo uma vez. Com isso, o Voltes V pode usar sua maior arma.

- TENKUU KEN!!! (ESPADA LASER!!!)

A placa do peito pode ser removida e dentro estão o cabo e a lâmina da espada dobrados.

O modelo também vem com uma "tampa" para tapar o buraco do peito.

A lâmina pode ser desdobrada, mas aí fica um pouco esquisito.

Por isso o modelo vem com esta espada cromada e muito mais bonita. Mesmo assim, achei legal a espada dobrável para recriar a cena em que o Voltes V saca a espada.

- BOLA ELETROMAGNÉTICA!!!




- TENKUU KEN! V NO JI GIRI!!! (ESPADA LASER! ATAQUE VOLT!!!)

Os ombros têm múltiplas articulações, o que permite que o Voltes V consiga segurar a espada com as duas mãos facilmente e em várias poses.

Junto com a Chogokin Drossel. Como podemos ver, é bem grande, com 24 cm de altura.


O modelo também vem com um suporte para guardar os acessórios que não estão em uso. O formato lembra a base do Voltes V, a Big Falcon.


O que posso dizer? Esse modelo é simplesmente magnífico. Uma formidável obra de engenharia na qual os aspectos e mecanismos da ficção puderam ser simulados dentro do possível. O robô é idêntico ao desenho, com as mesmas proporções, enquanto o modelo antigo teve que sacrificar as formas do robô para simular a combinação. O robô consegue se separar e combinar sem a necessidade de se trocar peças como no original e ainda por cima é altamente articulado. É certo que existem as mãos maiores e a outra espada, mas esses acessórios são puramente opcionais (claro que melhoram um bocado). Mais tarde foi lançada uma nova versão, a "GX-31V Respect for Volt-In Box" com mais articulações no braço e um mecanismo de disparo na Voltes Bazooka, além de poder se transformar em um "tanque". No entanto, as cores e esquemas lembram mais o modelo original da Popy que o desenho, parecendo mais um brinquedo mesmo. Mas estou satisfeito com esta versão que é mais baseada no desenho.

Tentei controlar minhas emoções para escrever esta apresentação, mas acabei usando demais os efeitos do editor de imagens e escrevendo textos muito longos. Peço desculpas pelos exageros, mas não pude evitar. Afinal não é todo dia que se consegue realizar um sonho de infância. E talvez esse seja um dos objetivos da série Chogokin Tamashii. Também é a brecha no coração que a Bandai usa para vender seus produtos, mas pelo menos desta vez eles fizeram bem feito. E fizeram algo que parece ter "alma".

Um comentário:

  1. Tenho um robô desse dos anos 1977 feito no Japão bloco de alumínio estou procurando um comprador

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