domingo, 13 de abril de 2025

Adeus, Sailor Moon

Saudações.

Hoje vou falar do que senti em um evento que pode ser considerado uma vitória: a exibição do especial de cinema Sailor Moon Eternal no Brasil, pela Netflix. E que marcou minha despedida da obra.


Esta matéria não é sobre o filme em si, mas sim sobre o que senti na hora. É algo puramente pessoal e consequentemente pode parecer enfadonho. Sendo assim, recomendo ter isso em mente caso deseje continuar.


O filme, dividido em duas partes, estreou no Brasil em 03/06/2021, em um feriado. Havia bastante antecipação por parte dos fãs, que chegaram a ver de madrugada e já davam relatos apaixonados, de coração sobre os filmes. Da emoção de finalmente poder (re)ver Sailor Moon.

Claro que eu também planejava ver. E sair no feriado me deu uma boa oportunidade, então aproveitei. 


Mas ao terminar de ver os dois filmes, ficou um grande vazio. Pois eu não havia sentido nada...


A culpa não foi da equipe. Era gente de tarimba, cujo trabalho conheço bem. A diretora era Chiaki Kon, que me emocionou com o especial de cinema de Happiness Charge Precure!. e agora também me diverte com You and Idol Precure♪. O roteirista era Kazuyuki Fudeyasu, que me encantou com Majo no Tabitabi. Para o desenho de personagens e direção de animação foi chamada Kazuko Tadano, a mesma pessoa da série clássica.

E era um trabalho hercúleo, afinal era preciso condensar todos os eventos de toda uma temporada em pouco menos de três horas. Também era necessário dar destaque a cada uma das Sailors que tinha uma base de fãs cativos (eu, por exemplo, sou fã da Makoto/Sailor Jupiter). Por isso, muita coisa teve que ser apressada. Mesmo assim, eles conseguiram cumprir o desafio e apresentaram uma história com começo, meio e fim.


Mas ainda assim não consegui sentir nada...


A qualidade de animação era muito boa, com as transformações e ataques redesenhados seguindo a série clássica. E na equipe, pude encontrar o nome do meu ídolo, Hisashi Kagawa, grande diretor de animação que trabalhou na versão dos anos 1990 e foi o responsável pela cena de transformação da Sailor Jupiter. Não era essa sua função no filme, pois esse lugar já estava ocupado por uma pessoa indispensável.


Mas mesmo assim, não consegui sentir nada...


Estava ciente de que haviam mudado o elenco, com exceção de Kotono Mitsuishi como a Usagi/Sailor Moon. E conhecia bem o trabalho das novas atrizes. Misato Fukuen, a Chibiusa/Sailor Chibi Moon, que conseguia soltar um grito do fundo da alma como a Miyuki/Cure Happy e me divertiu muito como o pássaro mecânico Secchan em Zenkaiger e como o Hopper 1 em Kamen Rider Gotchard. Hisako Kanemoto, a Ami/Sailor Mercury, que me surpreendeu com sua versatilidade em Crystal e também cantando Moonlight Densetsu, e conhecia como a Garota Lula e a Yayoi/Cure Peace. Para minha favorita, Makoto/Sailor Jupiter, foi chamada Ami Koshimizu, cujo trabalho dispensa apresentações. Também havia Shizuka Itou, Junko Minagawa, Tudo gente que conhecia das séries Precure e muitas outras obras e que me mostraram seus poderes por todos esses anos.

Mas também não senti nada... Não adiantaria mudar para a versão em português, pois na época em que Sailor Moon foi exibida no Brasil, eu estava no Japão acompanhando justamente SuperS e não deu tempo de criar algum vínculo com o elenco nacional. De fato, eu não me lembro de nada dessa fase apesar de ter visto em japonês, em tempo real.


Estava ciente que o filme seguia a cronologia de Crystal e que seria diferente da série clássica. Ainda assim deveria me emocionar ao rever as Sailors depois de tanto tempo, com novos designs, novas animações. E havia visto um resumo dos eventos para ficar por dentro dos acontecimentos e me atualizar. Para não ficar perdido em alguma coisa.

Não senti nada. Não consegui sentir aquela sensação de retomada com foi com Ultraman The Next, ou Kamen Rider OOO ou Gokaiger. Não era rejeição ou raiva por terem mudado alguma coisa. Simplesmente não gostei e nem desgostei.


Nessa eu pude perceber o óbvio. Que essas não eram as Sailors que eu conhecia, que foram criadas pelas equipes lideradas por Junichi Sato e Kunihiko Ikuhara. Estas dos filmes eram as versões mais próximas do idealizado pela autora original, Naoko Takeuchi.

A Rei/Sailor Mars não era mais aquela menina de gênio forte, barraqueira, namoradeira, que parecia ser cheia de si, porém se esforçava quando ninguém estava olhando. E trocava farpas com a Usagi, mas ainda assim era sua melhor amiga. Sabia que elas eram diferentes, mas ainda assim...

E então eu aceitei que as Sailors que eu gostava ficaram no passado. Que essas Sailors de Crystal pertencem à uma nova geração de fãs, que conheceu a obra nessa hora. E aos Verdadeiros Fãs, que acompanhavam desde a série clássica, inclusive o mangá original, que não me encantou tanto, e esperavam por uma adaptação fiel.


Foi daí que eu decidi me afastar de Sailor Moon. Pois vi que não sentia mais nada por ela.


Mais uma vez, o problema não são as equipes atuais, pois elas se esforçaram muito, tiveram um enorme trabalho e operaram milagres para fazer a alegria dos fãs e de fato conseguiram. Não. O problema sou eu. Porque eu percebi agora que não sou um fã da obra, mas sim só de uma parte dela. Tanto que vi gente que notava coisas, nuances que não consegui notar em Eternal. E tenho autoconfiança para buscar detalhes na narrativa, vide minhas matérias sobre outros filmes e séries. Mas desta vez me senti completamente impotente, pois não consegui perceber nada em Eternal.

E, não. Não vou dizer sandices como "destruíram minha infância" (adolescência, vai). Pois as Sailors da série clássica ainda existem. Aquelas interpretadas por Aya Hisakawa, Michie Tomizawa, Emi Shinohara e Rika Fukami. E também não vou fazer comparações, pois a equipe atual também tem uma carreira certificada. Inclusive sou fã de muita gente tanto da produção quanto do elenco.

Na época não tive coragem de dizer isso. Não ao ver todo mundo comemorando e se emocionando com  o filme, com o evento. E também para não prejudicar a divulgação do filme. Vamos dizer que eu publicasse essa matéria na época. Mesmo não tendo um raio de influência significativo, haveria a possibilidade de incitar gente a falar mal do filme, o que seria desastroso. Sei que nos tempos atuais só é preciso uma brasa para se causar um incêndio.

Mas agora que é seguro (acho), falo o que senti de verdade. E também sinto que estou livre do passado e pronto para ir em direção ao futuro. Àquilo que eu realmente gosto agora. Me dedicar ao que mora em meu coração atualmente.  Ao que me importa agora mesmo.




Com isso eu digo:


Adeus, Sailor Moon! E obrigado!



Deixei fechada a seção de comentários desta matéria pois há a possibilidade de surgir gente para falar mal do filme ou vir com algum tipo de ladainha saudosista, algo que detesto. Eu não desejo isso e não vou permitir. Também por esta razão não vou divulgar em redes sociais. Fica só para quem acompanha o blog. E não vou responder a perguntas e comentários referentes a esta matéria sob hipótese alguma.

Para quem acha que isso foi para criticar o filme de forma negativa, digo que não é. Repito e reitero que o problema sou eu e não o filme, que foi feito por gente maravilhosa, com muitos méritos, cujo trabalho reconheço e que conseguiram emocionar os Verdadeiros Fãs. Digo isso sem ironia ou sarcasmo. É meu sentimento sincero.


A intenção aqui era a de relatar o que aconteceu quando algo que falava ao meu coração por tantos anos de repente não fala mais. Sobre a sensação de vazio que veio ao perceber isso. E nessas horas, sinto que o melhor é me afastar. Para não ferir aqueles que estão gostando.


P.S.: Ah, sim. A Makoto Kino, a Sailor Jupiter, especialmente aquela desenhada por Hisashi Kagawa e interpretada pela saudosa Emi Shinohara, continua tendo espaço em meu coração.