Saudações.
Desta vez vou falar da figura de um cavalo, da linha Takeya-shiki Jizai Okimono, da Kaiyodo.
Desta vez vou falar da figura de um cavalo, da linha Takeya-shiki Jizai Okimono, da Kaiyodo.
2. Modelagem
3. Articulações
4. Acessórios
5. Ação
1. Informações
Jizai Okimono (自在置物), algo como "Enfeite Livre" é uma modalidade de artesania japonesa que remonta do período Edo (aproximadamente entre 1603 a 1868) que consiste em figuras de animais feitas de metal, mas com uma peculiaridade: elas são articuladas, capazes de assumir várias poses através de intrincados mecanismos envolvendo dobradiças, molas e engrenagens. A representação também era incrivelmente fiel, com penas para os pássaros e escamas para os répteis e peixes. Isso pode ser considerado um dos pontos de origem das figuras articuladas japonesas dos tempos atuais.
3. Articulações
4. Acessórios
5. Ação
1. Informações
Takayuki Takeya é um Mestre Modelador de renome no Japão, que trabalhou com o lendário diretor Keita Amemiya na supervisão da confecção das fantasias e marionetes. Takeya também produziu na Bandai a linha S.I.C. (Super Imaginative Chogokin), que repaginava heróis japoneses, especialmente aqueles da Toei, feitos com a participação do Mestre Desenhista Shotaro Ishinomori. Um de seus trabalhos mais recentes foi em Kamen Rider Drive, como desenhista de monstros.
Na Kaiyodo, Takeya teve sua própria linha de figuras Revoltech, representando entidades míticas e divindades budistas, além de personagens da história em quadrinhos Ge Ge Ge no Kitaro, de autoria do Mestre Shigeru Mizuki.
Takeya desenvolveu esta linha juntamente com Takashi Yamaguchi (modelador, não confundir com o arquiteto ou o cantor homônimos) para representar essa arte com as técnicas dos dias de hoje, usando as Revolver Joints da linha Revoltech no lugar de engrenagens para manter as poses firmes. "Takeya-shiki" significaria "Estilo Takeya", o que mostra que esta é sua interpretação da modalidade. Já existem vários modelos da linha representando seres míticos como o Dragão e o Kirin, sempre em duas versões: uma com pintura metálica, emulando os antigos Jizai Okimono e outra em cores mais próximas do ente representado.
A caixa tem um painel, aberto em forma de "livro" com comentários de Takeya sobre a figura, uma breve apresentação do Mestre Modelador e um resumo do conceito do Jizai Okimono. De fato, parte do texto acima é tradução rudimentar do que está escrito na caixa.
O logo da linha KT Project (Kaiyodo X Takayuki Takeya), misturando as letras KT com o ideograma 匠 (takumi, "artesania").
O conteúdo da caixa. A figura, uma base com suporte, o folheto de instruções, uma ferramenta e uma peça bem curiosa.
2. Modelagem
Visão de corpo inteiro. A representação é bem real, feita por Noritaka Fukumoto. Takeya apenas deu a ideia e supervisionou o trabalho.
A cabeça é assustadoramente real. Todos os ossos e músculos são representados fielmente.
A crina tem uma modelagem esmerada, representando todos os fios.
A pelagem é representada com sulcos e pintura em gradação. O brilho parece um pouco metálico, talvez resquício da versão original, que usava pintura metálica. Algumas partes que cobrem as articulações usam material maleável.
E existem moldes para representar as costelas do cavalo. Dá até uma sensação estranha mexer nessa parte.
Isso sem falar nos músculos. Um verdadeiro trabalho de artesania.
A atenção a detalhes é impressionante, como no peitoral e... bom... Veja por si mesmo.
Detalhe do (desta vez literal) rabo do cavalo, feito com esmero.
Modelagem dos cascos. Aparentemente se trata de um cavalo selvagem, já que não tem ferraduras.
3. Articulações
Movimento do pescoço, que se inclina bem. Infelizmente ele não se move muito para os lados. A peça do peitoral também se move nessa hora.
Uma característica interessante é que a garganta(?) é uma peça separada do pescoço, o que faz com que o movimento pareça ser bem real.
A parte de cima da crina tem esta articulação em dobradiça para que ela não interfira nos movimentos.
As orelhas são presas por conexões esféricas, que permitem que elas se movam. No meu exemplar a orelha direita escapa com facilidade.
A mandíbula consegue se abrir bem, mas fica um pouco estranho.
Talvez só até aqui seja o suficiente.
Escultura da parte de dentro da boca, com dentes e língua.
Está incluída esta palheta, que serve para mover os olhos do cavalo.
Para isso é preciso encaixar a ponta em um orifício nas pupilas. Na teoria os olhos poderiam se mover em todas as direções, mas no meu exemplar é um pouco duro de se fazer isso (ou eu não peguei o jeito, o que é mais provável).
O corpo tem articulações flexíveis em duas seções. Elas usam REvolver Joints e por isso só se mantém flexionados em ângulos determinados.
Esquema das articulações das pernas dianteiras e traseiras. Demorei para aprender essa parte, já que não estou familiarizado com a anatomia equina.
A cauda é presa por uma micro Revolver Joint e pode ser movida para cima, para baixo e ser girada.
A grosso modo, este é o esquema de articulações da figura, primeiro se contraindo e depois se esticando.
Obs.: um cavalo de verdade não faz isso.
4. Acessórios
Além da ferramenta para mover os olhos, está incluída esta base com suporte. E digo que ela é um enorme aperfeiçoamento das usadas na linha Revoltech. Os parafusos são bem apertados, mas isso pode ser corrigido com uma chave de precisão.
Na parte de baixo do cavalo existe um orifício para se conectar o suporte. É necessário um pouco de jeito para colocar.
Achei o suporte muito comprido e por isso tirei uma parte usando uma chave de precisão. Ficou melhor, mas ainda assim em algumas poses a figura não encosta na base, o que pode causar danos ao suporte devido ao enorme peso do modelo.
Esta parte das costas pode ser removida e de acordo com as instruções serviria para colocar uma peça de expansão. Talvez uma sela, que acabou não sendo incluída no pacote.
Ao invés disso, vem esta peça.
Ela seria colocada no lugar do pescoço do cavalo e com isso seria possível instalar o corpo de outras figuras da linha Revoltech, criando centauros. Pessoalmente preferia uma sela e rédeas, mas esse tipo de brincadeira é coisa bem típica da Kaiyodo...
5. Ação
Assim como nas figuras da linha Revoltech, é preciso um pouco de paciência e estudo das articulações para se fazer as poses, como essas com o cavalo correndo.
Poses mais estáticas. O corpo é pesado e por isso se as pernas forem posicionadas de forma incorreta a figura não se sustenta.
Pose do cavalo ereto. Nessa hora é bom ter o suporte inteiro.
Corrida usando peças de efeito (não incluídas).
Dando um pinote.
Interação com outras figuras, como esta de Yukimura Sanada (desta vez montando mesmo).
Com a Cure Aqua. É só que a cena está toda errada. O cavalo deveria ser branco e ela deveria ter o visual da primeira temporada. Mas a Karen é mestra em equitação e por isso nada impede que ela faça isso em outras ocasiões.
Um ponto em comum entre esses dois personagens (além do fato de serem Kamen Riders): ambos já montaram em cavalos, levando a sério a parte "Rider" do título.
Uma cena que pessoalmente me marcou em Esquadrão Relâmpago Changeman. Mas mais uma vez está errado, já que o cavalo era branco.
E esta foi a apresentação da representação de um cavalo pela linha Takeya-shiki Jizai Okimono, da Kaiyodo. Aqui vi uma verdadeira obra de artesania com uma boa ideia, representando uma antiga modalidade de arte japonesa. A modelagem é fantástica, procurando ser a mais real possível. Mas as articulações não são muito fáceis de usar e em algumas áreas não se movem direito, especialmente nas Revolver Joints e dá até medo de quebrar alguma coisa. E assim como as Revoltechs é preciso bastante tempo e estudo para se fazer as poses. O peso da figura não ajuda, já que é necessário posicionar as pernas de modo que ela não se desmantele e ainda por cima fazendo parecer natural. Comprei na verdade pois perdi a época de encomenda da versão figma de um cavalo, que vinha com uma sela e rédeas e custava até mais barato. Achei uma pena este modelo não vir com esses acessórios, que me seriam bem mais úteis e até agora não houve notícia de um pacote de expansão nesse sentido.
Apesar disso tudo, mexer nessa figura foi muito instrutivo e pude tirar muitas lições ao fazer esta matéria. A minha intenção era a de descansar depois de tantas apresentações duplas, ainda por cima incluindo resumos e impressões de filmes relacionados e por isso escolhi algo que aparentemente seria simples, sem necessidade de fazer pesquisas e com algo bem genérico, mas as coisas tomaram um rumo diferente do que eu planejava. Acabei descobrindo um pedaço da história das figuras articuladas no Japão, que é mais antiga do que eu imaginava. E também pude mexer em um tipo de figura que nunca havia manipulado antes, totalmente não-humanoide, diferente também dos monstros. Isso e o fato de eu desconhecer totalmente a anatomia de um cavalo me deixaram completamente desnorteado ao tentar tirar as fotos. Por isso sinto que não pude utilizar todo o potencial do modelo. Felizmente, o folheto de instruções tinha os esquemas de articulações e por isso acho que pude tirar pelo menos uns dez ou quinze por cento das possibilidades da figura. Foi uma boa experiência e com isso pude perceber que o mundo das figuras articuladas é vasto, extenso e profundo e vai demorar muito até eu poder dizer que sei tudo sobre esse assunto.
Show de review!
ResponderExcluirGostei muito da explicação do Jizai Okimono, não sabia sobre isso. É incrível como o Takeya pegou o conceito e conseguiu transformar com seu estilo, é realmente um mestre.
É uma modelagem e tanto, gostei dos detalhes e da pintura. Rapaz, fizeram até o fiofó do bicho!
Função de mover os olhos é sempre interessante, mas dá um baita medo manusear isso hehehe.
É, a Kayodo é bem criativa mesmo. Essa de poder transformar em centauro foi bem inesperada!
O Yukimura fica perfeito com o cavalo, lembra bem os games.
Pena que sem uma sela e outros acessórios deve ser inviável colocar uma Nendoroid montada nele, ficaria engraçado. Mas uma coisa eu sei que ele consegue fazer: dar um coice no Kyubey.
Obrigado, Ronin!
ExcluirNem eu sabia de Jizai Okimono e achava que era invenção da Kaiyodo, mas tinha toda uma tradição envolvida! Outra razão pela qual não dá para parar de colecionar essas figuras!
Fizeram bem detalhado, mas nem tanto. Por exemplo, não dá para saber se é cavalo ou égua. Mas aí ia ser demais e seria material para muita foto bizarra.
Pior que o Takeya comenta que essa linha foi feita tendo em mente usar com figuras do período Sengoku do Japão. Por isso cai bem com o Yukimura e provavelmente com o Masamune. E eles levaram às últimas consequências o termo 人馬一体 ("Jinba Ittai", ser um com o cavalo).
Pior que eu pensei em colocar o Kyubey na foto do pinote. Mas ia ser jogo duro colocar a Homura montada no cavalo.
Usys, não sabia que existiam figuras assim. Mais uma coisa que descobri graças a este blog. Desenhar cavalos é uma das coisas mais difíceis, devido ao balanço elegante do animal, que é também pesado. Uma dica sensacional para quem está estudando desenho.
ResponderExcluirAbraço!
Obrigado, Alexandre Nagado!
ExcluirImaginei que seria um bom material para desenho. E o bom é que com um modelo desses dá para pegar ângulos do bicho que seriam bem difíceis de se ver normalmente, como por exemplo um close com o animal empinando. Pena que é caro e é necessário paciência para lidar com as articulações... e também conhecer a anatomia do cavalo! Esse ponto que foi bem difícil para mim.
Nobre Usys!
ResponderExcluirOnde eu estava que não tinha visto esse review épico? Que figura show, meu nobre!
Gostei demais da figura, do passo a passo na demonstração das articulações e detalhes da peça. A Revoltech capricha bastante na escultura, mas tem hora que eu acho que eles dão uma viajada em querer articular tudo, deixando a figura um pouco artificial, saca?
Lembro de ter visto meio por alto o da Figma, e pude reparar que eles tem menos articulações, mas são mais suaves e parecem ser mais "reais". Admiro o zelo que você tem para fazer uma matéria como essa, indo estudar a respeito e tal.
Até a próxima!
Obrigado, Adelmo!
ExcluirEssa eu tive que estudar bastante. Mas mais sobre a anatomia do cavalo, pois sobre Jizai Okimono já tinha tudo no texto da própria caixa. E como eu gosto de pesquisar sobre as coisas, isso foi um prato cheio para mim.
O que me deixa confuso em Revoltech às vezes é a posição de algumas articulações, que fazem com que elas fiquem bem limitadas e só se abram em determinado ângulo. As Revolver Joints também são um pouco difíceis de se lidar no começo. Nesse ponto figma é bem melhor. Espero conseguir uma figma cavalo um dia.