S.H. Figuarts Kamen Rider ZX

Saudações.

Desta vez vou apresentar a versão S.H. Figuarts do herói Kamen Rider ZX (Zecross), feita pela Bandai.

Ryo Murasame era um jovem japonês que estudava em uma universidade no Brasil. Um dia, sua irmã, Shizuka, pediu que ele a levasse para a selva amazônica onde teriam sido vistos estranhos OVNIs. Ryo e Shizuka sobrevoam a floresta em um cesna e se deparam com uma frota de OVNIs que derrubam o avião em que os dois estavam. Os OVNIs eram veículos usados pelo Império Badan, uma organização do mal composta por remanescentes do Terceiro Reich e que planejavam a dominação do mundo. Shizuka é executada e Ryo passa por uma operação ciborgue que o transforma em um fiel soldado de Badan. Em sua nova vida, Ryo faz amizade com um oficial de Badan, Eisuke Mikage, o Tigeroid e tem uma carreira promissora dentro da organização. Mas durante uma missão, Ryo sofre um acidente e recupera a memória. Mesmo ferido, ele foge para o Japão.

Uma vez lá. Ryo se encontra com o Dr. Kaido, que revela a ele que 99% de seu corpo fora transformado em máquina. Enfurecido por perder sua irmã e sua humanidade, Ryo jura vingança contra Badan. Mas o encontro com os Kamen Riders faz com que ele abandone a vingança e passe a lutar pela paz no mundo e pela liberdade da humanidade.

Em outubro de 1981, vários grupos de fãs organizaram o Festival de Ressurreição do Kamen Rider nos estúdios da Toei em Oizumi, que contou com a presença de vários membros da equipe de produção dos seriados. Entre eles estavam o desenhista Shotaro Ishinomori e o produtor Tooru Hirayama. No meio da festa, Ishinomori anunciou que um novo Kamen Rider seria feito. Isso pegou muita gente de surpresa, incluindo o próprio Hirayama. Mas mesmo assim, logo no dia seguinte ele começou a fazer contatos para concretizar o projeto.

O nome do novo Rider foi decidido em um concurso de participação popular. No final, Ishinomori anunciou que o nome seria "Kamen Rider Zecross". Mas ninguém havia competido com esse nome e foi esclarecido que essa seria a leitura do nome vencedor, "ZX". Vários participantes concorreram com "ZX" e o prêmio de um milhão de ienes foi dividido entre eles.

O projeto do Kamen Rider ZX já estava finalizado no começo de 1982. Infelizmente não foi possível fazer uma nova série de TV, talvez por não haver espaço na grade horária de alguma emissora e também porque a Toei estava investindo em um novo filão: o seriado 宇宙刑事ギャバン (Uchuu Keiji GAVAN, Policial do Espaço Gavan exibido aqui como Space Cop), que se tornaria um grande sucesso e daria origem aos chamados de Metal Heroes.

Sendo assim, optou-se por fazer ensaios fotográficos nas grandes revistas de Super Heróis da época, como a TV (Terebi/Televi) Magazine e as extintas TV Land e Bouken Oh. Acima um ensaio da Bouken Oh com ZX e Super 1 enfrentando o Amenbaroid. Também houve outras como ZX e V3 enfrentando Takaroid. As aventuras do novo Rider também foram transmitidas como radionovelas, sendo que ele era interpretado pelo lendário dublador Akira Kamiya.

Ainda, foram feitas histórias em quadrinhos nas três revistas, que tomaram rumos bem diferentes uma da outra. Por exemplo, na versão da Bouken Oh acima, desenhada por Shizuo Kanayama (atualmente Jo Azuchi), ZX descobre que sua irmã não havia morrido.

E finalmente decidiu-se fazer um especial para a TV em 1984, com a história condensada em um único capítulo. Para interpretar o herói foi escolhido Shun Sugata, que havia concorrido para ser o Super 1 e mais tarde fez pontas em filmes como O Último Samurai e Kill Bill Vol. 1. Também participaram do especial, em suas identidades civis, Shunsuke Takasugi (Kazuya Oki, o Super 1), Hiroshi Miyauchi (Shiro Kazami, o V3) e Takehisa Yamaguchi (Jouji Yuuki, o Riderman), que na época estava se tratando de um cancer, do qual viria a falecer dois anos depois. Takeshi Sasaki também participou, mas apenas como a voz do Kamen Rider Nº 2, pois seu corpo estava cheio de queimaduras depois que um incêndio destruiu sua casa.

Outras participações especiais foram de Tetsuya Nakayashiki, apelidado de "Mr. Kamen Rider" por ser o dublê que vestia as fantasias de Kamen Rider até então, como Eisuke Mikage. Como o vilão principal, Embaixador das Trevas, foi chamado Kenji Ushio, que interpretou um personagem idêntico, o Embaixador do Inferno na primeira série Kamen Rider. Os dois "Embaixadores" seriam primos, e mais da relação entre eles é revelada mais tarde em um conto escrito por Tooru Hirayama para a revista Uchuusen.

Este foi o trabalho comemorativo da aposentadoria por tempo de serviço de Tooru Hirayama, que continuaria na Toei como contratado por mais cinco anos, prática comum em empresas japonesas para manter pessoal valioso. Também foi o último trabalho de Kamen Rider a ser feito pela equipe dos seriados originais.

A história de ZX seria refeita e expandida em 2001 na série em quadrinhos Kamen Rider Spirits, escrita por Kenichi Muraeda.

O conteúdo da caixa. Inclui várias mãos intercambiáveis, assim como armamentos especiais característicos do herói.

Visão de corpo inteiro. O visual é assimétrico e tem cores bem chamativas. A modelagem é muito boa, mas a qualidade da pintura é um pouco grosseira.

Close do rosto. Ficou arredondado demais em relação ao original, que tinha protuberâncias mais acentuadas. Ficou mais parecido com a versão em quadrinhos.

Por alguma razão, parte dos olhos é um pouco turva. Não sei se isso é intencional, mas pessoalmente acho que não ficou muito bom.

A placa peitoral é espessa e a pintura é bastante irregular, fosca demais.

Como é de se imaginar, a placa peitoral limita em muito o movimento dos braços. E desta vez não teve como implementar sistemas como os usados no Stronger. O máximo que foi possível foi dar um espaço maior na parte de dentro.

Pelo menos os antebraços possuem articulações giratórias.

Desta vez está incluído apenas um cachecol. A modelagem é bem feita, mas...

... o conector não é muito firme e não prende muito fundo. Por causa disso, o cachecol se solta com facilidade. Ainda, se for feita muita força, a peça pode ficar embranquecida (sinal de que pode quebrar). Interessante que isso é mencionado no folheto de instruções.

- HENSHIN!!!

Por causa da placa peitoral é um pouco difícil fazer a pose de transformação, que era bem simples usando efeitos de rastros de imagens nos braços, algo típico da época.

- Z (ZEC)...

- ... X (ROSS)!!!

- ZX (ZECROSS)!!!

ZX assume essa pose muitas vezes, mas é bem difícil representar isso na figura devido às limitações das articulações.

- ZX KICK!!!

Este é o golpe fatal do herói. Existem outras variações como o ZX Inazuma Kick e o ZX Power Kick. Para compensar, as articulações das pernas e do tronco são suficientes para representar esse golpe.

O cinto de transformação. A pintura, como podemos ver, não é muito precisa e um pouco borrada.

A fivela pode ser trocada por esta outra, que representa o cinto aberto revelando um projetor holográfico. No meu exemplar a peça não é muito firme e apesar de ter guias para colocar a fivela na posição certa, ela fica torta a toda hora.

Esse equipamento não foi usado no especial de TV e acredito que sirva para que o herói crie imagens de si mesmo para confundir o inimigo. ZX é também conhecido como "Ninja Rider" por possuir muitos recursos escondidos em seu corpo.

- COF! COF!

Aquelas cavidades pretas nos antebraços são saídas para um mecanismo que permite que ZX crie uma cortina de fumaça.

- Ei! Para onde ele foi?

- Ah! Aí está você!

-

- Tome isto!

- Hein?!

- Que pena. Era apenas uma imagem holográfica.

- Como é que é?!

- AAUGH!!!

Estas "tampas" dos braços são removíveis. As peças têm um lado certo para serem colocadas, indicadas por uma letra "L" ou "R" para dizer qual é o lado e uma seta para mostrar qual parte fica para cima.

Dentro da ficção, essas peças se tornariam shurikens (dardos em forma de estrelas usados pelos ninjas). Está incluída uma peça para representar o shuriken. 

O problema é que a mão para segurar não é nada firme e por isso é preciso cuidado para não perder a peça, que é muito pequena e só está incluída uma.

As peças das botas também podem ser removidas e têm as mesmas marcas indicando o lado e o sentido correto de colocar.

Dentro da ficção elas seriam bombas concentradoras de choque, que permitem que ZX, com um comando mental, consiga ajustar o momento, a força e até mesmo a direção da explosão.

A peça que representa a bomba é bem detalhada e tem um conector para uma mão específica, que desta vez segura bem firme.

Outra arma incluída é a Micro Chain.

A corrente é de verdade, igual àquelas usadas em bijuterias e tem uma "âncora" na ponta.

A outra ponta é totalmente solta. A corrente sairia de um compartimento do pulso, mas não tem nenhum conector na figura para representar essa característica.

Por isso, a corrente é um pouco difícil de usar, sendo necessário enrolar no braço e nas mãos.

ZX pode usar a corrente para dar um choque elétrico no inimigo.

Também havia outra arma: uma faca eletromagnética escondida em um compartimento da coxa, mas ela não está incluída.

- (Ufa! Ainda bem!)

Mas como a figura tem mãos para segurar objetos, é possível aproveitar a faca de algum outro modelo.

- Não! Peraí!

- GHU!!!

A faca dá um choque elétrico no inimigo, além de ser bem afiada.

- (Percebi... Ugh...)

Isso não está confirmado, mas parece que o ZX tinha outras armas instaladas no corpo, como um canhão laser, um canhão de ondas sonoras e...

- PÔ! QUALÉ! PENSEI QUE VOCÊS RIDERS CLÁSSICOS LUTASSEM SÓ USANDO O CORPO E NÃO USASSEM TODAS ESSAS PARAFERNÁLIAS!

- ALGUMA RECLAMAÇÃO AÍ, Ô PALHAÇO!!!

Curiosidade: Shun Sugata entrou no mundo artístico querendo fazer filmes de yakuza. E ele estava trabalhando em um na época do especial de TV. É por isso que o visual e até o jeito de falar do personagem lembram um yakuza.

No especial de TV, ZX persegue Badan e se encontra com Super 1 e Riderman. Ele confunde os dois com soldados de Badan e os ataca.

Mas V3 chega a tempo de desfazer o mal-entendido.

De volta à base, é mostrado a ZX um video-tape contando a história dos Kamen Riders.

- Todos nós perdemos a humanidade por causa de organizações do mal. Por isso você não está sozinho.

- Entendo. Vocês passaram pelas mesmas coisas que eu.

- Sim. E é por isso que você tem que abandonar o sentimento de vingança e...

- Espere aí!

Super 1 se tornou ciborgue ao se oferecer como voluntário em um projeto da NASA para fins pacíficos, e não para ser soldado de alguma organização do mal.

Badan tem uma arma poderosa, o Disruptor Dimensional. Para contra atacar, os Riders usam um golpe especial, o Rider Syndrome e com isso conseguem abrir uma brecha para ZX derrotar o inimigo.

No fim da luta, ZX é recebido como um dos Kamen Riders.

- Parabéns, ZX!

- Eu sou... o décimo Kamen Rider!

Finalmente reunidos os dez Kamen Riders originais, feitos pela parceria entre Tooru Hirayama e Shotaro Ishinomori.

Com isso termino a apresentação da versão S.H. Figuarts do Kamen Rider ZX, feita pela Bandai. Esta figura deveria fechar com chave de ouro os Kamen Riders originais, mas não foi assim devido a problemas de controle de qualidade, como o conector do cachecol que não fica preso direito e a pintura, altamente irregular e sem brilho. De fato, diria que este modelo fica no grau mais baixo dos Kamen Riders clássicos. Mesmo assim ele tem vários acessórios e representa o personagem de forma aceitável. Basta não ser muito exigente. Recomendo por pura falta de opções para aqueles que querem completar a coleção de Kamen Riders clássicos.

- E aí, Eiji. Soube que você também esteve no Brasil, naquele filme com o Shoutaro e o Phillip.

- Ah, sim. Mas todo mundo que me parava na rua me confundia com o chefe Koutaro. Duro é que falavam o nome dele errado.