Saudações.
Desta vez vou falar do episódio 15 de Ultraman, exibido aqui sob o título de "Os Terríveis Raios Cósmicos", tradução literal do título original. E esse foi o primeiro trabalho do lendário diretor Akio Jissouji no seriado. Abaixo segue um resumo e impressões, assim como notas de produção do diretor que constam em seu livro.
Direção: Akio Jissouji
Roteiro: Mamoru Sasaki
Efeitos Especiais: Kouichi Takano
O episódio está disponível no Canal Oficial da Tsuburaya (na data da publicação desta matéria). Recomendo ver antes de prosseguir.
O menino Mushiba e seus amigos fazem desenhos de monstros e apresentam em uma exposição. Existem vários como Neronga, Red King, Beethoven... Mas entre eles existe um que nunca foi visto. Um desenho de Mushiba, que o chamou de Gavadon.
Seus amigos fazem chacota pelo monstro ser totalmente branco e muito simples. Frustrado, Mushiba o desenha novamente em um cano gigante, que à noite é bombardeado por estranhos raios cósmicos que o materializam e o trazem à vida.
A Patrulha Científica tenta deter o avanço do monstro, embora ele não faça nada e tirando seu tamanho avantajado, seja completamente inofensivo. Mas quando o sol se põe, o monstro misteriosamente desaparece, como se tivesse se tornado uma estrela.
Mushiba e seus amigos então criam uma versão mais forte do Gavadon, que também se materializa, mas ainda assim só dorme e não faz mais nada. Só que sua presença causa apreensão e a cidade de Tóquio para completamente, prejudicando as atividades da cidade. Nisso, a Patrulha Científica recebe a ordem de destruí-lo.
Um enorme aparato militar é montado para destruir o monstro sob os protestos das crianças. Nisso, Hayata se transforma no Ultraman e...
O Início da Lenda
Akio Jissouji conta em seu livro ウルトラマン誕生 (ULTRAMAN Tanjou, algo como "O Nascimento do Ultraman") que esse episódio foi o primeiro em que ele trabalhou como diretor. E foi nele que teve que aprender sobre como são as técnicas do Tokusatsu, já que até então ele só fez obras com a chamada "parte dramática", apenas com os atores, sem as cenas com efeitos especiais.
Aqui já dá para ver bem o seu trabalho, com ângulos de câmera característicos com supercloses dos rostos, visto de cima para baixo. E também composições de cena muito bonitas com o pôr-do-sol, que se tornaria sua marca registrada. O uso de cross-filter, criando estrelinhas com os reflexos de luz também são frequentes em seus trabalhos.
Mais uma marca de seu estilo é o uso de objetos na frente da câmera, colocando o objeto principal no fundo.
Cortando a Cauda
Em seu livro, Jissouji fala sobre algumas cenas que acabaram tendo de ser editadas, cortando várias partes da versão final do episódio. Uma delas é esta.
No roteiro original, as crianças ficariam intrigadas com uma enorme parede branca que apareceu, bloqueando a estrada. Encostando o ouvido, elas ouviriam em estranho som parecido com um grunhido. Se armaria um tremendo aparato com operários tentando tirá-la do caminho para então serem golpeados. Então seria revelado que essa "parede" na verdade era a cauda do Gavadon.
Mas desse jeito seria difícil filmar, mesmo usando truques de montagem e então optou-se por trocar os operários por garis com aspiradores tentando sugar o Gavadon sem sucesso. Algo mais engraçado. Até montaram um modelo em escala 1/1 da cauda, também com o intuito de direcionar o olhar dos atores, já que, mais uma vez, só com montagem não funcionaria. Algo semelhante seria feito na versão de 1984 de Godzilla (adaptado e exibido internacionalmente como Godzilla 1985) quando construíram um modelo em tamanho natural do pé do Rei dos Monstros.
E realmente conseguiram filmar as cenas com os limpadores sendo jogados para o ar pelo Gavadon, que sentia cócegas, ao tentarem aspirar algo que parecia um gigantesco marshmallow. Porém, infelizmente, essas partes tiveram que ser cortadas pois não havia espaço o suficiente para mostrá-las em um episódio de aproximadamente 23 minutos e meio.
Kaiju - O Monstro Japonês
Este episódio mostra bem um dos maiores aspectos do Kaiju, do Monstro Japonês. Um ser que é quase um fenômeno da Natureza e não é necessariamente mau, mas cuja simples presença é um grande incômodo para os seres humanos. Mesmo não fazendo nada e só dormir, seu ronco perturba a paz. E por medo de sair a cidade fica deserta, sem movimento, prejudicando a economia do país. Sendo assim, ele acaba tendo de ser destruído.
Por outro lado, os Monstros também são os Sonhos das Crianças. Algo que as inspira e que elas admiram. Elas gostam de ver esses seres gigantes andando e destruindo as cidades. Não por maldade ou revolta, mas por achar legal. Esse é uma das grandes tônicas das séries Ultra, ou melhor, da Tsuburaya, que é visto em Ultraman Cosmos e em Daigoro vs. Goliath, o filme comemorativo de dez anos da empresa, dirigido e escrito por Toshihiro Iijima/Kitao Senzoku.
Então, o Ultraman não poderia simplesmente destruí-lo com o Raio Spacium. Pelo contrário, ele se vale apenas de golpes físicos para nocautear o monstro e levá-lo para o espaço sideral, fazendo-o se tornar uma constelação que pode ser vista pelas crianças todos os anos no Dia de Tanabata (07 de julho). Algo semelhante seria usado mais tarde em Ultraman Cosmos, em que o Herói se valia predominantemente de movimentos defensivos para então purificar/acalmar o monstro.
É interessante ver também as crianças torcendo contra o Ultraman, dizendo para ele ir embora. Algo quase impensável para quem é leigo nas séries Ultra ou simplesmente vê os monstros como um "mal a ser derrotado". Isso é bem corrente no pensamento ocidental, embora haja alguns que entendam o que é verdadeiramente o Kaiju em sua essência. Um deles é o diretor Guillermo Del Toro.
Mesmo assim, no roteiro original havia uma parte em que o Ultraman no final conversaria pessoalmente com as crianças. Mas foi cortado porque o diretor achou que a cena com o Ultraman falando a elas lá do céu estrelado já bastaria. Isso sem falar que uma cena com montagens do Ultraman afagando as cabeças das crianças com sua mão gigante não ficava bom.
Jissouji também comenta que o Ultraman teria de ser um "vilão", um "carrasco" mais tarde no episódio de Jamila, em que o monstro também tinha seus motivos para fazer o que fez, mas deveria ser detido por um "bem maior". Então algumas vezes era difícil colocá-lo como o "herói da história".
Torcida contra o Ultraman. |
Interessante também que é levantado que o monstro não reage se não for atacado. Deixando-o em paz, ele só dormiria e no final ele assume uma forma mais agressiva. Uma ideia semelhante, com resultados catastróficos, apareceria em Ultraman Max, no episódio 15. Não se sabe se a ideia foi tirada do Gavadon ou se é uma referência, mas é bem curiosa essa semelhança.
If, em Ultraman Max, cuja primeira forma também lembra um marshmallow. |
O Comedor de Sonhos
Um fato interessante que Jissouji conta é que essa história é baseada em um roteiro que ele fez para Ultra Q, sob o título de バクたる… (Bakutaru...). Significaria algo como "indefinível", "vago" e também seria um trocadilho com バク (Baku, "anta") pois o monstro se chamaria Bakugon e teria o formato desse animal, que, no folclore japonês, comeria sonhos (não o doce, os sonhos mesmo). Algo bastante recorrente em seriados de Tokusatsu, como Ultraman Ace e Dynaman, entre muitos outros.
Todas as noites, Bakugon surgiria e atacaria a cidade, causando grande destruição. Seriam feitas investigações e todos achariam estranho ele só aparecer à noite para então desaparecer no amanhecer, e sempre no mesmo lugar.
Mais tarde, se descobriria que ele era produto da frustração das crianças, que perderam os lugares para brincar devido ao desmatamento de florestas e montanhas. Era a materialização do desejo delas de ter um lugar onde pudessem brincar livremente. E Bakugon veio se alimentar dos sonhos dessas crianças e que também era o que ele desejava.
Aqui já se vê os monstros como algo intimamente ligado às crianças. Um produto de sua imaginação fértil e que faz exatamente o que elas querem no fundo. No episódio de Ultraman inclusive tem uma cena delas pedindo a Gavadon que se movesse mais, causasse mais destruição.
Um monstro com o nome "Bakugon" apareceria em Ultraman Tiga, no episódio 40, sob o título simples de 夢 (Yume, "sonho"), também dirigido por Jissouji, junto com Mitsunori Hattori. Desta vez o monstro seria o produto do sonho de um trabalhador assalariado, depois de sofrer vários revezes e comprar produtos estranhos com um misterioso terapeuta.
Bakugon. Se tornando realidade (em termos) após mais de vinte anos. Embora com uma forma diferente, que não lembra uma anta. |
Crítica Social
No roteiro original, escrito por Mamoru Sasaki, haveria uma cena de pessoas brigando para comprar macarrão instantâneo, que estaria escasso devido a interrupção no suprimento. Era um crítica social que Sasaki queria fazer. Jissouji comenta que algo parecido aconteceria mais tarde nos anos 1970, na Crise do Petróleo, quando os japoneses passaram a comprar papel higiênico em grandes lotes por temer a escassez do produto. E curiosamente essa situação é bastante parecida com uma mais recente, no começo da pandemia do Covid-19, quando houve uma falta de máscaras pois havia gente que comprava em grandes quantidades para vender em sites de leilões.
Abrindo parênteses, em Chuukana Ipanema, série das Fushigi Comedy da Toei também é comentado esse episódio do papel higiênico, que teria sido a causa da ruína da antigamente rica família Takayama, onde a menina mágica do título se hospedava e trabalhava. Ou seja, é um tema recorrente em obras satíricas japonesas e é amedrontadoramente atual.
Curiosamente, essa cena não foi cortada por ser forte e sim, mais uma vez, por falta de tempo. Não haveria espaço para muitas brincadeiras e assim, Jissouji lamentou por ter de deixar essa cena de lado. Pessoalmente também achei uma pena, pois esse tipo de crítica social velada é um dos charmes do Tokusatsu.
O episódio também pode ser visto como uma alegoria de que as crianças estariam perdendo o espaço para brincar em nome do Progresso e da Economia. Algo que se aproxima do roteiro original de Jissouji. Mais uma vez, uma crítica social.
Onirismo
Com isso pudemos ver como começou um dos grandes nomes das séries Ultra, ou melhor, do Tokusatsu, já que ele trabalhou em muitas outras obras do gênero como Ultra Seven, Kaiki Daisakusen e Silver Kamen, para citar algumas.
Os episódios dirigidos por Jissouji têm um quê de onírico, de contemplativo. Isso aparece fortemente em séries mais novas. Um exemplo é o episódio 37 de Ultraman Tiga, com o simples título de 花 (hana, "Flor"), em que aparecem as Alien Manon, uma delas interpretada pela esposa do diretor, a atriz Chisako Hara.
A cena de luta é em meio a uma chuva de pétalas de Sakura, com foco suave sobre um palco de teatro, sem música, só com o som de baquetes japoneses. A luta é com movimentos lentos, como se fosse uma dança em uma peça do teatro Noh. Tudo isso intercalado com efeitos caleidoscópicos.
Jissouji também dirigiu o perturbador episódio 22 de Ultraman Max, 胡蝶の夢 (Kochou no Yume, algo como "O Sonho da Borboleta"), escrito por Yuji Kobayashi. Assim como no conto de Chuang-tsu, não se sabe o que é real e o que é sonho na história. Uma enorme fantasia metalinguística em que um roteirista cria um monstro invencível no mundo de Max. Kaito acaba intercalando o lugar com esse roteirista, passando de um mundo para o outro. Nisso, a grande pergunta é qual mundo é real. O de dentro do seriado ou o de fora, com a equipe de produção, deixando o espectador atônito, perplexo, sem saber exatamente o que viu.
Creio que isso se deva à importância que o diretor dá ao Sonho, como é frequentemente dito em seu livro. Logo no começo ele descreve a tela do cinema e da televisão como um "Espelho de Sonhos". E sua maior intenção é essa, a de mergulhar o espectador em uma enorme Fantasia. Compartilhar os seus Sonhos com quem assiste, outra grande premissa da Tsuburaya. Algo que Jissouji consegue com excelência.
E neste episódio vemos elementos recorrentes em seus trabalhos, como a materialização de um sonho na forma de um monstro e as cenas ao entardecer. Nele também, o Ultraman é só um personagem secundário, sendo que o foco é em Mushiba e seus amigos, um estilo de narrativa que também aparece em vários episódios que dirigiu.
Composição de cena altamente fantasiosa. O monstro ao entardecer, com o reflexo na água. |
Jissouji teve que aprender muita coisa sobre Tokusatsu, mas ele não só conseguiu como também firmou seu estilo e deixou seu nome marcado na história do gênero. Como é frequentemente descrito, enquanto Toshihiro Iijima e Hajime Tsuburaya eram a "bola direta", Jissouji era a "bola curva", que surpreendia o espectador com histórias e fotografia excêntricas, que fugiam do lugar-comum.
Escritora e não podia ficar sem falar de "Ultraman", meu primeiro contato com a Franquia Ultra. O episódio citado trouxe uma ideia replicada no restante da demais séries, com este tom, uns com mais intensidade, outros com algo similar. Nem sempre o kaiju do episódio está lá pra causar destruição ou seja fruto de imaginação de quem o cria.
ResponderExcluirBem lembrado dos dois episódios de Tiga, tenho mais lembranças do ep 40, o outro conheci ao ver a série inteira e realmente, o clima onírico é bem presente, dando um charme único na execução.
Podia ter citado Gaia, onde parte dos kaijus não destruídos ajudaram este e Agul no embate final, aliás, ep 11 tem deste clima, vi no canal da Tsuburaya. Lembrei de Geed, que teve uns três momentos que o kaiju não foi detido, o mais icônico é no 10 com o Zandrias. Ou seja, a ideia do Jissouji veio para ficar e ainda bem.
Obrigado, Escritora!
ExcluirAqui eu tentei trazer mais coisas sobre o trabalho do Jissouji. E realmente existem outros episódios em que os monstros não são destruídos. Cosmos tem bastante disso e até trazendo questões bem interessantes.
O estilo do Jissouji é reconhecível de longe. Dava para ver que ele era um artista acima de tudo, com muita influência do cinema francês. E logo será a grande obra dele em Ultraman. O episódio do Jamila.
Fala, Usys! Eu adorava esse episódio, e obviamente quando criança não percebia as camadas da história, apenas me divertia. Esse episódio me evoca uma outra memória, que é quando houve a redublagem na BKS. Eu estava acompanhando o Marcelo Del Greco, que havia ido falar com um dos dubladores. Aí, precisavam de figurantes vocais para fazer barulho da criançada chamando o monstro (rebatizado, não sei por quê, para Goverdon). Eu e o Marcelo fiemos "vozinha de criança", e fomos pra gravação. Foi muito divertido, pra dizer o mínimo. Mas, voltando ao assunto...
ResponderExcluirEu via o nome de Mamoru Sasaki nos créditos, mas eu não lhe dava o mesmo peso que Shozo Uehara e Tetsuo Kinjô, o que era obviamente injustiça ou desatenção da minha parte. Mas eu percebi que se tratava de um grande roteirista quando vi Iron King. Drama, humor, conotações políticas, valores morais elevados... Eu fiquei fascinado pela série, criada e escrita exatamente por Mamoru Sasaki. E esse episódio que comentou só atesta o gênio que ele foi. Muito bom o texto! Abração!
Obrigado, Nagado!
ExcluirÉ verdade! Você tinha me contado essa! Que vocês até fizeram umas avacalhações no meio, do tipo "Olha o Ultraman! Ele caiu na água e está rolando lá" ou algo assim. Mas não sei se chegou a ir ao ar. Não consegui ver.
Shozo Uehara disse uma vez que respeitava muito Masaru Igami e Mamoru Sasaki, chamando-os de Gênios. Justo ele, que também se revelaria como um. E Sasaki realmente tinha seu estilo, mostrando que aqueles que normalmente são vistos como "vilões" têm seus motivos para fazerem o que fazem. Que eles também têm um ideal em que acreditam.
E "camadas". Acho que essa é uma palavra boa para definir isso das séries colocarem uma mensagem nas entrelinhas, camuflando com fantasia. Algo que se faz até hoje, na verdade, mas é mais difícil de perceber.
Episódio bem interessante e reflexivo. Gostei da abordagem do monstro como um perigo e não como um vilão. Ele não tinha intenções malignas mas era um problema pra cidade, pois tem todas as questões de perturbação da paz que você mencionou, que afetam até a economia, e há também o problema de que apenas ele se mover já pode causar uma catástrofe.
ResponderExcluirFiquei apreensivo quando disseram que tinham que destruir ele, e achei bem legal quando o Ide levantou a questão de ser apenas uma criatura que se movimentava e dormia, sem a intenção de fazer mal. Acho que isso que o Ide falou também pesou na mente do Hayata quando ele lutou contra o Gavadon, e junto com os gritos das crianças fez ele tomar aquela decisão, que com certeza foi a melhor. Além das crianças não precisarem ver seu monstro morrer, ainda vão poder ver ele nas estrelas, mantendo esse sonho. Um final bem bonito.
É bem impactante ver as crianças torcendo contra o herói! Isso mostra o quanto os sentimentos pesam na balança, pois as crianças chegaram a repudiar o herói do país em prol da criatura pela qual elas tinham apego. Não é algo que se vê em qualquer obra!
Obrigado, Ronin!
ExcluirÉ bem por aí mesmo. O monstro desta vez não é mau e nem tem a intenção de destruir. Mas só a presença dele prejudica a vida dos seres humanos. No fim eles acabam tendo de ser eliminados. Não é mais uma questão de "bem" e "mal". Ainda bem que o Ultraman encontrou uma solução sem precisar machucar ninguém. E aqui fica provado que ele não é só um "matador de monstros".
Assim como em ULTRAMAN, o Ide é personagem importante na série clássica. Um dos mais humanos e sensíveis de todos. E em vários episódios ele levanta questões que mexem com o cerne da coisa. No do Jamila em especial, do mesmo roteirista e do mesmo diretor. Esse também é incrível!
E pensar que esse seriado foi um dos primeiros ainda, mas já trazia essas questões sobre o monstro e de que eles são os sonhos das crianças. Ou de que eles têm seus motivos. E com isso jogar a questão se o que os humanos e os heróis fazem é certo ou não. Ou melhor, não dá para dizer categoricamente. Às vezes é porque não tem jeito mesmo. É quase uma antítese do gênero de heróis, mas ainda assim ousaram colocar isso na mesa.