Power of Hope ~Precure Full Bloom~ - Episódio 12 (Final)

Saudações.

Terminei de ver o último episódio da série, disponível na Crunchyroll. Abaixo seguem um resumo e impressões, assim como as considerações finais.

Tela-título do episódio.

Roteiro: Yoshimi Narita

Storyboards: Takayuki Hamana

Direção: Kohkun

Obs.: contém revelações sobre os rumos da trama.

No Episódio Anterior: Bell revela suas intenções, o porquê de fazer o que faz. Ela veio do futuro, em que os humanos devastaram a Terra e a cidade foi abandonada, reduzida a ruínas. A entidade chama legiões de Shadows, que se combinam em um Monstro Terrível que escapa de seu controle e passa a destruir a cidade que ela queria proteger. Nozomi incentiva suas amigas a continuar lutando para proteger a cidade, mas a Flor do Tempo cobra seu preço. Nisso, Nagisa/Cure Black (Yoko Honna) e Honoka/Cure White (Yukana) vêm para ajudar.

As Cures conseguem derrubar o monstro e jogá-lo de volta para a intersecção dimensional de Bell, onde elas poderão enfrentá-lo com toda a sua força. A besta tenta voltar ao mundo dos humanos, mas surge também Hikari/Shiny Luminous (Rie Tanaka) que fecha a fenda dimensional. Agora é a batalha final das Precure contra as Trevas do coração dos seres humanos...

Precure All Stars

Com isso se reúne o time do primeiro Precure All Stars, o curta-metragem de cinco minutos que foi exibido junto com o especial de cinema de Yes! Precure 5 GoGo!, que era para ser algo momentâneo, mas que acabou se tornando uma enorme série de filmes.

A luta é bem movimentada, com as Cures se desviando dos tentáculos do monstro e golpeando-o de todas as formas possíveis e com seus ataques especiais. Inclusive foi interessante ver Komachi, Saki e Mai usando seus escudos, sendo que o de Komachi consegue refletir o ataque do monstro, ajudando a empurrá-lo para a intersecção dimensional.

Curioso ver também as Cures flutuando e voando, já que elas não teriam esse poder nativamente. Talvez elas manifestem essa habilidade em determinadas condições, como em alguns filmes All Stars. Ou pode ser uma característica dessa intersecção dimensional, já que Michiru e Kaoru também flutuam, mesmo sem os poderes da Luz e do Vento.

Shiny Luminous tem pouco tempo de participação na luta, como é de costume, mas é fundamental para falar com Bell e questioná-la quanto aos seus métodos. Afinal, Luminous é a vida da Rainha, um dos seres supremos que regem o universo em Precure. Sendo uma entidade não-humana e de uma natureza semelhante, ela tem condições de conversar de igual para igual.

Efeito Borboleta - O Poder da Esperança

Mas assim como nos filmes All Stars, só a força das Cures não é o suficiente. O Monstro Terrível se regenera rapidamente e cresce cada vez mais, chegando a ter quilômetros de comprimento.

Nessa entram Michiru e Kaoru, que chamam a atenção da população através do canal Dark Night Light, transmitindo a batalha ao vivo. Foi uma boa jogada colocá-las como influenciadoras em um canal de sucesso, pois assim é possível alcançar um grande número de espectadores.

Michiru e Kaoru descrevem as Cures como tendo grande força, mas que ao mesmo tempo são pessoas comuns, que moram na cidade como todas as outras. Essa é uma das grandes premissas de Precure, que é relembrada agora. Não basta deixar tudo nas mãos de algum "salvador da pátria". Todos precisam ser firmes e não perder para a fraqueza que habita seus corações.

Só que as reações são negativas, com as pessoas se desesperando ao ver algo tão grande e ameaçador. O povo não têm confiança de que poderá fazer algo para deter o Shadow gigante. Aqui acaba se criando um efeito contrário ao das Luzes Milagrosas dos filmes, em que desta vez é o inimigo quem vai ganhando força com as energias negativas emanadas do povo, o que é bem irônico.

Mesmo assim alguns torcem para as Cures. E nisso Bunbee exorta a população a não ficar só torcendo, mas cada um fazer sua parte, recuperando sua vontade de ajudar, de fazer da Terra um mundo melhor.  Nozomi e suas amigas também incentivam todos com palavras baseadas em suas próprias experiências de lutar no dia-a-dia, por vezes com situações absurdas em que tudo parece perdido. Uma luta que é outra premissa de Precure e o que essas séries querem mostrar, segundo contava o diretor Daisuke Nishio, da primeira série. E não se trata só de um dever, mas sim porque todos querem que a cidade seja boa.

Assim, a Luz no coração das pessoas dá às Cures mais força, sendo que elas combinam seus poderes em um novo ataque especial, o Precure Butterfly Effect Shining Dream, que consegue purificar o Shadow de uma vez por todas.

Esse desenvolvimento é basicamente o mesmo dos filmes All Stars e parece manjado, mas ele casa com a temática da série. O produtor Takashi Washio disse em uma entrevista que uma das inspirações para a série foi Trocas Macabras, de Stephen King, como abordei em outra matéria. Foi usado o aspecto de que pequenas más intenções, quando se acumulam, acabam causando caos e destruição.

Mas o contrário também se provou verdade, pois as boas intenções, quando se acumulam, criam um bem maior, um Efeito Borboleta benéfico, em que o bater de asas de várias delas também pode criar um vendaval que vira a maré. Nesse caso, fez sentido as Precure 5 terem sido escolhidas para serem as principais da série, que têm os motivos de "borboletas". E ainda, tem o conceito de "time", em que cada uma delas sozinha pode não fazer muita coisa, mas a união de suas forças é capaz de mover o mundo.

As Cures voltam para o mundo dos humanos e Bell parte. Ela deixa claro que ainda não está convicta de que os humanos possam realmente mudar, mas ainda assim bota suas esperanças nas Cures, prometendo vê-las novamente no futuro. Tudo parece terminar bem, ou melhor, agora sim é o começo. Mas a Flor do Tempo de Nozomi seca totalmente e ela cai inconsciente...

A Promessa de Dezesseis Anos

Uma semana se passa depois da batalha final e Nozomi está em um estado de hibernação, mesmo não sendo detectadas anomalias em seu corpo. Karen faz de tudo sem desistir, mas nada faz efeito. Nisso, Coco vai visitar Nozomi em seu leito, como ele tem feito por todo esse tempo. Não só ele como muitas pessoas, entre elas os alunos de Nozomi, que deixam presentes.

Coco então declara os seus verdadeiros sentimentos. Aqueles que ele guardou por tantos anos, desde a primeira vez que os dois se encontraram. Ele realmente estava preso entre o Amor e o Dever e por isso não podia corresponder aos sentimentos de Nozomi. Mas agora Coco não tinha mais o que esconder e nem quer mais isso. Nessa, o sino da Torre do Relógio toca, liberando uma onda benéfica, como se Bell tivesse ouvido seu apelo, que faz com que Nozomi desperte e responda à sua proposta.

Com isso, a Promessa feita não só no episódio anterior, como há dezesseis longos anos, finalmente é cumprida. Existem obstáculos, como as carreiras dos dois, que não permitirão que fiquem sempre juntos. Mas esse preço eles estão dispostos a pagar.

Por outro lado, tem a cena em que Saki parte para a França e Mai vem para se despedir dela. O diálogo é emocionante e bem curioso, pois parece mais algo que Saki diria para o seu noivo do que para uma "amiga de escola". De fato, nem é mostrada alguma cena com ele aparecendo. Parece mais que as duas são namoradas, o que me faz pensar que essa era a ideia original.

E realmente, vendo bem o noivo de Saki parece sobrar em sua história, já que ela só precisaria ter a conversa com os pais para poder ir para a França. Mai se separou de seu namorado e com isso poderia perceber que era porque no fundo gostava de Saki. Mas isso é especulação e não tem nenhum fundamento.

Em Direção aos Sonhos

No epílogo, vemos as Cures indo em direção aos seus sonhos, desta vez com o ânimo renovado. Rin agora acredita em seu produto e tem a inspiração para criar acessórios convincentes. Não só isso, como ela também tem a oportunidade de visitar países da África que foram favorecidos com a nova política de trocas justas que ela propôs em sua apresentação.

Urara, ao ter contato com um anjo de verdade, Bell, entende que eles também são seres falíveis e com isso consegue encontrar um ponto de proximidade com seu papel como Angela. Ela aparece com um belíssimo traje que apareceu na prévia do episódio e que pensei que era Bell após recuperar sua fé na humanidade. Mas aconteceu de ser Urara, que agora brilha nos palcos. E eventualmente usa sua fama para falar da preservação do meio-ambiente em programas de TV.

Karen continua seu trabalho como médica cuidando de sua paciente, Nana, que figura no episódio 3. Já Komachi ajuda a comunidade de seu bairro, limpando o jardim e escrevendo artigos, como fazia antes, desta vez com a convicção de que o que ela faz é importante, com a ajuda de Mai. Mas não deixa de lado seu sonho de ser escritora e tem ideias para escrever um novo livro.

Já Kurumi resolve finalmente chutar o balde, deixar seu emprego para voltar ao Reino Palmier e se tornar a Primeira Ministra do local. Ela implementa um novo regime em que o povo passa a participar das decisões e não mais depender dos Reis, Coco e Natts, construindo o seu futuro com suas próprias mãos, pelo povo e para o povo. Seria mais interessante se ela implantasse o parlamentarismo no Reino logo de uma vez, já que ela tem gênio forte o suficiente para governar. De fato, eles parecem ter resolvido o problema do Reino Donuts com novas iniciativas.

E isso pode ajudar a aliviar Coco e Natts, que terão mais tempo para si mesmos. Um tempo que Coco pode ter com Nozomi, já que o Casamento Real foi celebrado em Palmier. Coco foi na forma Mascote mesmo, mas isso significa que Nozomi o ama, qualquer que seja sua forma. E é assim que tem que ser.

Nozomi também recebe a notícia de que Rumi conseguiu criar um Clube de Dança em sua escola no interior. Seus esforços não foram em vão, afinal, pois ajudou uma menina a alcançar seus sonhos mesmo longe dela. Nozomi realmente fez a diferença para alguém.

Um ponto curioso é saber que Nagisa agora está na Amazônia, buscando um jeito de preservar as florestas, e Honoka no Polo Norte estudando meios de impedir o derretimento das calotas polares. As duas foram colocadas saindo para o mundo, para um bem maior, o que atesta a grandiosidade das primeiras. Lembra um pouco o primeiro e o segundo Kamen Riders, que fizeram a mesma coisa. Foi mais ou menos assim no especial de cinema de Kamen Rider V3 em que eles vieram, lutaram e logo foram embora sem dar grandes explicações.

Mais uma grande surpresa é ver que Sanae tem renome internacional, participando de uma Conferência de Paz na ONU. Ela era realmente a "chefa escondida", não só da cidade, como também do mundo. Considerando que Kaoru Hanasaki, avó de Tsubomi/Cure Blossom em Heartcatch!, tinha conexões com a Interpol, ou a verdadeira identidade de Yoyo em Soaring Sky!, não chega a ser algo tão estranho.

Syrup e Natts vêem que as Flores do Tempo secaram, mas deixaram sementes. Elas eram na verdade um alerta de que o futuro estaria em perigo e dão forças e uma oportunidade de recuperá-lo. Há quem aproveite e há quem não. Mas as Cures conseguiram usar bem essa chance, garantindo que a humanidade possa prosseguir seu caminho.

Uma Questão para a Eternidade

No final, Nozomi pede que seus alunos fechem seus livros e que eles tentem ir além do que é ensinado na escola. Que não parem de pensar por si mesmos, todos juntos, para que o mundo seja um lugar melhor. Curiosamente, essa é a mensagem final de Healin' Good♥Precure, o que também faz sentido, já que as Precure 5 se encontraram com esse time uma vez. É a questão deixada por elas também no último episódio.

Só que fica claro que com o tempo as pessoas vão se esquecendo do que viram e realmente não aprendem a lição. É nessa que a história pode se repetir, já que Bell continua não acreditando nos seres humanos. Enquanto formos tolos e não vencermos os Shadows que habitam nossos corações, surgirão mais desses monstros. Como visto na cena depois dos créditos.

E tem uma coisa dita por Michiru e Kaoru no meio da luta com o Shadow gigante: a de que isso não é ficção, mas sim real, algo que está acontecendo no nosso mundo. Assim como em Kamen Rider BLACK SUN, que usou esse recurso da mesma forma, isso soa como um alerta para a humanidade, para nós que estamos atrás da tela. Isso é corroborado por Nozomi ao falar com seus alunos.

Há quem diga que esse final é um indício para uma continuação, mas acho melhor não. Pois isso significaria dar uma resposta e invalidaria a mensagem de pensar por nós mesmos em um jeito de garantir o futuro da Terra em bons termos com a humanidade. Assim como em Healin' Good, esta é uma Questão para a Eternidade.

Considerações Finais: Os Méritos de Power of Hope ~Precure Full Bloom~

A grande proposta da série foi a de mostrar as Cures adultas, anos depois de suas séries de TV. De acordo com os produtores Takashi Washio e Aki Murase, na verdade se trata de um futuro possível e não exatamente de algo definitivo. De fato, isso é mostrado logo na primeira cena da série, com Nozomi diante de um espaço cheio de escadas, representando várias linhas de tempo. O que vimos foi apenas uma dessas linhas, sendo que na verdade existem muitas possibilidades.

Assim como na versão em romance literário de Smile Precure!, foi uma boa medida para que os fãs pudessem continuar a imaginar suas próprias versões dos futuros das Cures, sem dizer que aquela era a reposta definitiva. Mas assim como foi com Smile!, ao ver a série fico bem tentado a considerá-la como o futuro "verdadeiro".

O primeiro episódio foi um tanto amargo, mostrando as meninas tendo seus problemas e batendo de frente com a realidade. Achei por um momento que seria essa a linha, mas surgiram os Shadows, o que dava a entender que elas se transformariam mais uma vez.

E no segundo em diante, os episódios passaram quase a ter a mesma estrutura dos das séries de TV, com as Cures enfrentando problemas cotidianos e ao se transformarem para enfrentar seus inimigos, encontrarem uma solução. A grande diferença é que elas tinham que se lembrar de algo que deixaram para trás para poderem se transformar. E essa transformação também ocorre em seus corações, já que elas ganham novas perspectivas e encaram a vida com outros olhos. Tudo isso com a ajuda de suas amigas.

Foi mostrado o que há depois do Sonho, que realizá-lo não é um fim por si só, mas o começo. Que as coisas não vão como queremos ou tomam rumos inesperados, sendo que algumas vezes se encontra algo mais adequado, como no caso de Mai. Ou é preciso mesmo se esforçar mais, como no caso de Rin. E fazer uma revisão, um retorno às origens, para se lembrar de algo que ficou esquecido, como Karen e Urara. Ainda, há as vezes que é preciso fazer uma pausa, como Komachi. Tem aqueles casos em que tudo parece correr bem, mas na verdade há algo mais, como com Saki. Experimentar várias coisas até encontrar o que quer fazer realmente, como Kurumi. E finalmente, aquelas situações em que algo feito no começo pareceu ter sido em vão, mas depois deu frutos, como foi com Nozomi. Nesse caso casou bem com o fato dela ser professora.

Elas enfrentam problemas típicos de adultos, envolvendo assuntos como trabalho e casamento. Assuntos que pareceriam distantes para crianças em idade pré-escolar, o público-alvo da série original. E dá para ver como cada uma encara esses assuntos, com uma visão mais amadurecida. Mas ainda assim, dá para reconhecer facilmente cada uma delas. Sim, as Cures cresceram e se tornaram adultas, mas o âmago de cada uma foi mantido, como o ânimo de Nozomi ou o senso de responsabilidade de Karen.

Nagisa, Honoka e Hikari apareceram na última hora, porém foi mais como um bônus e não roubaram as atenções ou interferiram muito na história, sendo que o centro ficou com as Precure 5 e as Splash Star, e não chegou a estragar o que foi construído até agora. Uma pena que não foram dadas explicações do porquê delas aparecerem ou mais detalhes de como elas estão agora. Mas, de novo, foi apenas um serviço.

Houve bastante atualização de temas, se adequando aos tempos atuais em que a Internet é usada de forma mais extensiva, inclusive facilitando a comunicação, algo que era mais difícil na época da série de TV. E mostrando que ela é uma ferramenta que pode amplificar o mal (como no episódio de Urara) ou espalhar o bem (as ações das Dark Night Light). Mais uma vez, depende de nós saber como usá-la.

Uma das premissas da série era o de falar dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Esse tema foi levado a fundo, ao mostrar os humanos egoístas e displicentes poluindo o ambiente, desperdiçando comida e energia, todos somente pensando em si mesmos. E ainda colocando como oponente um anjo que se enfureceu ao ver os humanos fazendo tudo isso sem se preocupar com os outros e com o futuro, e que resolveu neutralizá-los transformando-os em Shadows.

Desta vez a equipe teve mais liberdade para criar monstros realmente grotescos, horríveis. É certo que os Kowaina de Yes! 5 eram medonhos, mas não eram algo repulsivo como os Shadows combinados. Deu também para colocar uma cena dos Shadows literalmente canibalizando outros, algo que não poderia ser feito na série de TV para crianças (embora em Doki Doki! haja algo parecido). E o mais irônico é que esses monstros derivam puramente das Trevas no coração das pessoas, o que significa que podemos nos tornar esses seres horrendos com nossas atitudes.

Esse é outro ponto em que a série inovou, ao retratar pessoas como sendo realmente o "mal". Isso tem bastante nas séries Ultra, Kamen Rider e Super Sentai, entre outras, mas em Precure é mais raro. Mesmo em Doki Doki!, muitas vezes elas suprimiam o mal em seus corações, que só eram despertados pelas palavras dos Jikochu. Só que em Full Bloom, os monstros são tão poderosos que acabam se voltando contra o ser que os criou, fugindo de seu controle de forma totalmente imprevisível, tamanha é a força desse Mal.

Mais uma vez, a preocupação ambiental não é uma coisa nova. De fato, cresci vendo várias séries que tratavam desse assunto, como Spectreman e alguns capítulos de O Regresso de Ultraman. Só que aparentemente, esse é um assunto que atualmente incomoda os japoneses, sendo que há quem aponte isso como um "defeito" da série, e existem aqueles que dizem que "não era preciso falar desse tema em Precure", inclusive ignorando Healin' Good. Isso me causou bastante estranheza, pois é diferente dos japoneses que encontrei há 27 anos, em que todos se preocupavam em manter a cidade limpa, ao menos.

Mesmo assim existem esforços de outras empresas japonesas para se propagar os ODS também, como a Tsuburaya Productions, com um desenho animado voltado para crianças, o Kaiju Step Wandabada SDGs Daisakusen, com simpáticas versões mirins dos monstros, com histórias ensinando sobre a preservação do meio-ambiente, inclusive trazendo personagens bem obscuros/esquecidos das séries Ultra.

O grande mérito de Precure Full Bloom é o de abordar esse conteúdo sem sequer mencionar os ODS. Isso é feito com exemplos e casando com as propostas de Precure de que a força de cada um é pequena, mas que juntando, se torna algo grande. E também a necessidade de se pensar em conjunto em uma solução, algo que existe desde a primeira série com duas personagens de temperamentos e personalidades diferentes formando uma dupla para deter a ameaça das Trevas. Claro que existirão divergências e isso foi representado na série com o conflito entre as Precure e Bell, que na verdade tinham o mesmo objetivo de proteger a cidade, mas com meios totalmente diferentes, opostos. É preciso ter essa discussão para se ter boas ideias.

E acima de tudo, finalmente mostraram aquilo que todos os fãs esperavam: a proposta de casamento de Coco para Nozomi. Não vou mentir. Nessa hora estava parecendo torcedor na final do campeonato vendo o time vencer. Não conseguia conter a empolgação e, mesmo em silêncio, erguia os punhos para o ar com um sentimento de vitória. Com isso, foi concretizada a proposta de Yoshimi Narita de contar como esse relacionamento ficou depois da série de TV, sendo que ela teve que deixar para escanteio em GoGo!. Mais uma vez ela não precisou ter limites, o que foi excelente.

Pena que não teve o beijo e nem os dois se casando na forma humana, mas a Precure Pretty Store criou um produto, um painel de acrílico retratando essa versão do casamento, então não há mais nada a se pedir em relação a isso. Talvez algo mais com Komachi e Natts e com Urara e Syrup, embora dê para ver que esses dois também já estão encaminhados.

Para o tema principal foi chamada a dupla Ikimonogakari, com a canção ときめき (Tokimeki), cuja letra casa bem com os temas da série, de Esperança com um mundo brilhante, que existe para nós, de cuidar de nós mesmos ao dançar no próprio ritmo e não no dos outros, além de nos amarmos como amamos outras pessoas.

O encerramento, プリキュアの雫 (PRECURE no Shizuku), ficou a cargo do Cure Quartet, composto por Mayumi Gojo, Yuka Uchiyae, Mayu Kudou e Kanako Miyamoto, que também cantavam as canções de Yes! Precure 5 e GoGo! e agora se reuniram mais uma vez. Essa é mais próxima da proposta da série, dando a imagem de achávamos que ao nos tornar adultos poderíamos fazer o que quiséssemos, mas não foi isso. E que mesmo assim temos os sonhos e crianças que queremos manter. As tais "gotas" do título são as lágrimas que derramamos, mas que são os símbolos de nossos sonhos e nossas amizades, a prova de que nos tornamos mais fortes. Elas cantam com toda a alma, especialmente a última parte em que cada uma diz uma frase. E contam que colocaram bastante sentimento, dando sua interpretação de cada parte.

Terminando de ver tudo, posso dizer que foi uma boa experiência na qual me diverti muito. E foi realmente uma grande surpresa ver sendo exibido na Crunchyroll, o que me ajudou bastante. E contou com divulgação, ainda que parca, pela Toei Animation em suas redes sociais. Torço para que tragam a segunda temporada de Maho Girls Precure! também, e que venham mais projetos nesse sentido, com uma linha voltada para adultos com situações que não podem ser mostradas nas séries comuns para crianças. Aqui fica minha sugestão para o terceiro projeto, se houver:

Por Yuji Kobayashi, roteirista das Séries Ultra e GARO. Quase pronto e só precisa fazer a divisão em doze episódios.