domingo, 8 de março de 2020

Akari Yanagawa - Mulher de Visão

Saudações.

Desta vez vou falar de uma pessoa cujo trabalho me encantou e que aprendi a admirar e a respeitar: Akari Yanagawa, a produtora de Star☆Twinkle Precure. Para isso me baseio em várias entrevistas que ela deu no decorrer da série.


Akari Yanagawa nasceu em 12/05/1990 e estudou na Escola Futaba, uma escola católica para meninas, passando pelo Colégio para Moças Keio, e se formou em economia na Universidade Keio, onde foi finalista em um concurso de beleza, o Beauty&Earth 2011.

Ela morou por um tempo nos Estados Unidos quando estava no primário. Quando chegou a esse país, ela não sabia quase nada de inglês e por isso tinha dificuldades em se comunicar com seus colegas de classe. Mas ela possuía cards e jogos de Pokémon, que a ajudaram muito a se entrosar, assim como mostrar a seus amigos elementos da Cultura Japonesa, como o onigiri, arroz comprimido na forma de um triângulo. E também na época estava passando a versão em desenho animado de Pokémon na televisão americana, o que rendeu ainda mais assuntos e oportunidades de fazer amizades. Foi nisso que ela viu que o Anime tinha força e daí veio o desejo de divulgar a Cultura Japonesa.

Yanagawa então decidiu trabalhar com Anime, que segundo ela é "um produto cultural do qual o Japão pode se orgulhar", e queria transmitir isso ao mundo. Ela na verdade gostava de animação de arte e trabalhos autorais, mas via que essas obras não vendiam e era difícil fazer sucesso com elas. Assim que se formou na faculdade, ingressou na Toei Animation, que ela viu como uma empresa que tinha uma enorme variedade de obras visuais e era a maior empresa de animação do Japão, adequada para realizar seus intentos.

Lá, após passar pelo Setor de Licenciamento, migrou para o Setor de Projetos. Ela foi Produtora Assistente em Digimon Universe: Appli Monsters, em 2016, e depois se tornou Produtora titular em Butt Detective em 2018. No ano seguinte, ela então desenvolveu Star☆Twinkle Precure.

Yanagawa usou muito de suas experiências pessoais para criar a série. Em sua época de universidade, havia um programa chamado "Aula no Espaço", no qual eram associados temas espaciais com outros cotidianos, culturais, como moda, poesia e gastronomia. E daí veio a ideia de se fazer uma série com motivos espaciais. 

Ela mesma gosta muito desse tema e é consumidora ávida de Ficção Científica. Inclusive demonstrando conhecimento com obras obscuras como O Homem Duplo, de 2006, e Como Falar com Garotas em Festas, baseado na obra de Neil Gaiman. Yanagawa comenta que nesse filme figura uma garota alienígena que vomita, como a Lala fez no primeiro capítulo de Star☆Twinkle, mas na verdade ela nunca falou disso com alguém da equipe de produção. Só uma pessoa do setor de brinquedos notou isso e os dois riram bastante.

A produtora tem uma enorme bagagem cultural, demonstrada em sua conta no Twitter, onde ela mostra fotos de vários lugares que conheceu, assim como livros que leu. Yanagawa conta que para compor o visual da Cure Star e da Cure Milky, se inspirou nas chamadas Miami Colors, que seriam um rosa claro e um verde-azulado.

Cure Star e Cure Milky

As chamadas "Miami Colors"

Yanagawa também gosta de desenhos animados americanos, como Monster High e Steven Universe. Ela notou que nesses desenhos era comum ter personagens de várias tonalidades de pele (algumas até inumanas) e resolveu introduzir isso em Precure também. Daí o diretor de série Hiroaki Miyamoto deu a ideia de se fazer a Elena/Cure Soleil.

Com tudo isso, pode-se dizer que Star☆Twinkle Precure foi uma obra que Yanagawa fez com alma, baseada em suas experiências. Ela mesma foi uma "estranha em uma terra estranha" quando estudou nos Estados Unidos sem saber falar quase nada de inglês. Mas foi salva pelo Anime e pela Cultura Pop Japonesa, que serviu de ponte para que ela conseguisse se relacionar com as pessoas de lá. Quando esteve no estrangeiro, ela teve contato com vários elementos culturais diferentes de seu país e usou tudo isso para criar a série.

Também foi por esse motivo que ela decidiu falar sobre a Diversidade. Mas não de maneira escancarada ou como um ideal a ser conquistado, e sim como algo comum. Esse foi o grande ponto em que ela insistiu. E ela teve sucesso ao tratar desse tema, de forma lúdica, com exemplos e metáforas, sem sequer usar a palavra "Diversidade" em nenhum momento do desenho. Sua coordenação firme e sua visão abrangente foram o que levou essa série a ser uma obra-prima, ao passar sua mensagem ao mesmo tempo em que diverte. Um exemplo de como se faz.

Yanagawa "vestiu a camisa" e trabalhou duro para divulgar a série, com várias novas ideias como disponibilizar o episódio da semana na Internet para quem perdeu a exibição da TV. Isso foi feito pela plataforma TVer, mas infelizmente havia bloqueio regional e não era possível ver de fora do Japão. Mesmo assim, ela tem a intenção de transmitir conteúdo de forma global e confia no potencial da Internet para esse propósito. Infelizmente, Yanagawa ainda é minoria e deve demorar para que consiga seu intento.

Ela também está ciente de que existem muitas regulamentações em outros países que impediriam as séries Precure de serem exibidas na íntegra, como as vestimentas ou as lutas. E superar essa barreira será outra tarefa árdua a ser cumprida. Mesmo assim, seu desejo é o de manter a identidade da série e atravessar fronteiras para levá-las às crianças de todo o mundo.

Recentemente, surgiu um boato de que as obras infantis estavam em extinção no Japão. Mas a produtora Yanagawa já deixou claro que pretende continuar a trabalhar com desenhos para crianças. E de fato espero que sim, pois gostei muito de seu trabalho e pude ver que ela é uma Mulher de Visão. Alguém que almeja o sucesso e tem objetivos definidos.



Em tempo, Akari Yanagawa é muito bonita. Recomendo que veja sua conta no Twitter ou a do Instagram.

14 comentários:

  1. Excelente matéria! E que bom saber que existem pessoas assim, que pensam nos outros! Pokémon une nações!
    Legal poder fazer o que gosta e interessante que ela se baseou em obras americanas para caracterizar personagens! Até hoje não entendo o porquê de o Japão não liberar certas coisas para fora de lá, como músicas. O sucesso não seria maior? Digo isso por figuras de ação, também, que são vendidas exclusivamente para o público japonês.

    Essa Akari Yanagawa é uma mulher e tanto!

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    1. Obrigado, Adelmo!

      Nessas eu fico pensando. Como Pokémon ganhou o mundo? Não era só por ser legal, mas também porque foi divulgado. Um monte de gente conheceu e agora se tornou um sucesso mundial, que dura já mais de vinte anos. E qual o melhor meio de se divulgar atualmente? A Internet.

      Aquela matéria que o Nagado escreveu sobre a ascensão do KPop está totalmente certa. E é o que eu li nas entrevistas da Akari Yanagawa. Que é preciso divulgar. Que é preciso saber usar a Internet. Só assim se tem sucesso e esse é o ponto que ela viu. Por isso digo que ela é uma Mulher de Visão.

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  2. Fala, Usys!

    Mesmo quando se trata de uma série ou franquia que eu pouco conheça, passei a gostar de ver depoimentos de produtores. Antigamente, eu só dava atenção mesmo a diretores, roteiristas, compositores, atores, etc... Demorou pra cair a ficha que tudo o que acontece é consequência de um planejamento ou um norte oferecidos pelos produtores.

    Dito isso, achei extremamente interessante essa matéria. Akari Yanagawa sem dúvida é uma pessoa que sabe o que quer e que respeita seu público. É interessante que ela tenha buscado algo que lhe agradou em Steven Universo e fez algo melhor, mais inteligente, já que a série americana é muito criticada por fazer militância descarada. O caminho dela me lembra o dos artistas da Marvel Comics nos anos 60 e 70, bastante politizados, mas com suas mensagens diluídas em aventuras divertidas e foco maior nos dramas dos personagens e seus ideais. A própria Marvel se perdeu nesse aspecto e eu espero que os estúdios japoneses continuem em sua maioria contando histórias sem perder de vista a inteligência e sensibilidade do público.

    Não conhecia o nome dessa produtora, mas já tem meu respeito pela inteligência e visão.
    É ótimo quando você nos presenteia com esse tipo de matéria, que ajuda a conhecer os bastidores da indústria do entretenimento japonês.

    Abraço!

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    1. Obrigado, Nagado!

      Quando eu vi a sua matéria sobre a ascensão do KPop superando o JPop, não consegui deixar de pensar em uma entrevista que a Akari Yanagawa deu em um site. Ela também menciona o sucesso da BTS e questiona se o Japão não pode fazer algo nesse sentido.

      E ela acertou ao não colocar as coisas de modo escancarado e transmitir sua mensagem de forma discreta. Pois fazer as coisas com muito alarde acaba afastando o público. Ela até tem viés feminista, equitativo, mas deixou claro que as séries Precure não são uma apologia ao feminismo. Tanto que ela mencionou uma vez a importância de se ter homens como produtores de um programa que era para meninas. E a escolha da equipe foi devido a currículo, com Isao Murayama na Composição de Série, por ter desenvolvido um tema semelhante anteriormente, e na direção Hiroaki Miyamoto, que trabalhou em ONE PIECE, que fala de um grupo bem heterogêneo.

      Yanagawa ainda é jovem e sua carreira é recente, mas espero que ela consiga posições maiores. Isso não é impossível na Toei, vide a Naomi Takebe, então torço por ela para trazer mudanças para a empresa.

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    2. Sinceramente,ler o nome Steven Univese na matéria fez meu sangue gelar .Tenho medo de que
      o sucesso de certos desenhos estadunidenses futuramente contamine os animes com militância
      e call art.Até parei de desejar uma nova temporada de Little Witch Academia quando percebi
      que muita gente no estúdio é fã de SU e Adventure Time.Influências ocidentais devem ser
      usadas com cuidado sem trocar os valores japoneses por teoria de gênero.

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    3. Infelizmente não vi Steven Universe, então não tenho como dar uma opinião. Mas ao menos em Star Twinkle, optaram por fazer as coisas de forma discreta. Para que mais pessoas pudessem ver e não um público específico, e com isso haja sucesso comercial, o que também é importante. Militância exacerbada só faz afastar as pessoas, não importa de que lado do espectro político, ideológico ou o que for. As produtoras estão cientes disso e por isso agem com moderação no Japão.

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  3. Olá Usys!
    Estes dados tratados na postagem são tremendamente ricos para que se possa entender a raíz do nascimento de Star Twinkle. O mais fascinante é ver que ela buscou suas inspirações em experiências cotidianas, materializou o conhecimento obtido em das animações/produções de arte. É bastante comum encontrar artistas que produzem obras muito associadas a história que vivem ou viveram, e Yanagawa fez isso impecavelmente. Fiquei feliz em saber que Pokémon a ajudou neste processo de socialização, foi uma grande surpresa! De fato, os "monstros de bolso" ganharam notoriedade em solo Norte Americano devido a série de televisão ( não se conhecia os jogos eletrônicos como no Japão). Nos anos 90, Pokémon foi uma febre entre os jovens dos EUA, depois nos demais países inclusive Brasil. Pokémon ainda reúne muitos fãs ao redor do mundo, definitivamente Yanagawa soube usar todos estes elementos a seu favor para assim disseminar cultura e aproximar-se das pessoas. "Steve Universe", outra referência, aborda assuntos mais específicos e atende um público específico, também bastante respeitável. Star Twinkle trata o tema da Diversidade de outra maneira, destinado a seu público com tradução para a compreensão do Universo que atende; ela fez tudo isso sabendo maestrar. Excelente matéria!

    Abraços!

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    1. Obrigado Melissa!

      Para a gente ver que experiências pessoais ajudam muito no processo de criação, além de uma boa bagagem cultural. E isso ela tem de sobra.

      Akari Yanagawa teve visão ao perceber a força de Pokémon e do Anime. De que poderia ser algo que ajuda no intercâmbio cultural, como foi com ela. Cada vez que ela contava sua história de vida, via que tinha muito disso em Star Twinkle: sair do país de origem para conhecer um novo mundo, se relacionar com gente diferente dela, o fato dela ter gostos diferentes dos outros... Foi fascinante ver tudo isso.

      Diversidade sempre foi um tema em Precure, vide o primeiro All Stars DX em que o vilão quer absorver tudo para formar uma massa privada de características e as Cures, todas diferentes uma da outra lutando contra isso. E Yanagawa conseguiu desenvolver esse aspecto com a equipe.

      Outra coisa que gostei é que ela mostrou que acompanhou de perto os processos e divulgou a série de forma ostensiva. Botando a mão na massa mesmo. Mais um motivo para eu respeitá-la.

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  4. Bela matéria! Foi legal conhecer o trabalho e a trajetória da Akari Yanagawa, e gostei da descrição dela sobre anime como produto de orgulho.

    É interessante como ela usou conceitos de economia para projetar algo de sucesso, e mais interessante ainda é que ela também botou o coração na obra, o que muita gente que lida com economia costuma não fazer em seus trabalhos. Dá pra ver o quanto ela é dedicada e isso é admirável, me deu ainda mais vontade de ver Star Twinkle.

    Pior que nos tempos que eu trabalhava com tintas ouvi falar dessas "Miami Colors", lembro que um arquiteto estava projetando ambientes que usavam exatamente essas paletas de cores.

    Olhando o Instagram dela dá pra entender perfeitamente o motivo de ela ter sido finalista em um concurso de beleza! E vejo que além de belas paisagens ela gosta de umas nerdotakices! Que mulher!

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    1. Obrigado, Ronin!

      Star Twinkle é bem legal e tem uma boa estrutura. Recomendo dar uma olhadela depois. Dá para reconhecer um monte de situações de Ficção Científica.

      E nessas a gente vê o quanto ter cultura faz a diferença. E ainda por cima vontade de participar dando ideias. Quando ela falou de Miami Colors e vi o logo de Miami Vice, logo pensei "então era isso!". E interessante saber que esse termo é usado por aqui também. Trabalhar com a coisa faz a diferença.

      Deixei a beleza da Akari Yanagawa por último de propósito. E também por isso não coloquei fotos dela. Porque eu quis mostrar primeiro que ela é uma Mulher de Visão, que soube casar os seus gostos com o que aprendeu com economia para obter seus intentos. Mais uma pessoa que ganha a vida fazendo o que gosta, com a preparação necessária. Espero que ela conquiste espaços maiores.

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  5. Saudações


    Nobre, serei bem breve em meu comentário aqui.

    Tão importante quanto o seu post, e no mesmo nível de ter falado com relevância e propriedade da história por detrás da Akari Yanagawa, está a sua paixão pela franquia Precure, Usys.

    Não é de hoje que seus posts estão carregados disto. E não lhe condeno, pois meu ponto é exatamente o oposto deste, pois muito respeito isso em você. Siga adiante.

    No mais, a trajetória da Akari é belíssima, de fato. O envolto que cerceia o enredo de Star Twinkle Precure está muito bem respaldado e explicado. Muito bom mesmo.


    Até mais!


    Observação: muito obrigado pelas recomendações que tu faz de posts do Netoin!.

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    1. Obrigado, Carlírio Neto!

      E também agradeço por reconhecer a importância das séries Precure. A história de Akari Yanagawa me fascinou muito e por isso achei que deveria divulgar isso. E mostrar que o Anime e a Cultura Pop Japonesa podem realmente unir as pessoas.

      Por isso também divulgo suas matérias, para mostrar que existe interesse no Anime e que tem gente por aqui que vê e pensa sobre isso.

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  6. Informações incriveis como sempre, adorei conhecer seus pensamentos pra conceber Star Twinkle, inclusive essas Miami Colors explicam muita coisa rs! Principalmente aqueles encerramentos tão anos 80, amei demais.

    O legal é que justamente suas série foi uma das primeiras a serem disponibilizadas e lançadas semanalmente pela rede mundial de streaming crunchyroll, seu sonho e o nosso, fãs de precure, está perto de se tornar realidade.

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  7. Obrigado, Andre! E desculpe a demora na resposta. Estava afastado do blog pois tinha perdido o interesse e o ânimo, mas voltei por um tempo para escrever sobre o Gavv.

    Li todos os seus comentários e fico contente em ver que o blog ajudou um pouco que seja a aprofundar a sua visão das séries Precure. Um pena que não tenha gostado tanto de Smile!, mas tudo bem. Estou acostumado com isso e já ouvi coisas muito piores... embora me abale um pouco ainda.

    Mas daqui a gente vê que o pessoal realmente pensa e planeja para fazer as coisas e era isso que eu queria mostrar com essas matérias.

    Felizmente estão trazendo mais e mais séries Precure para cá. E torço para que venham mais, cumprindo a proposta de Akari Yanagawa.

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Peço que os comentários sejam apenas sobre assuntos abordados na matéria. Agradeço desde já.

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