segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Soaring Sky! Pretty Cure - Primeiras Impressões

Saudações.

Terminei de ver o primeiro episódio de Soaring Sky! Pretty Cure, exibida na Crunchyroll. Abaixo segue um resumo e impressões.


Obs.: contém revelações sobre os rumos da trama
Obs. 2: uso os nomes e termos da tradução da Crnchyroll, que podem ser diferentes de matérias anteriores.

Vide também:



Sora Harewataru é uma habitante de Skyland, um outro mundo diferente do nosso, com ilhas flutuantes no céu, de fantasia medieval. É o aniversário da Princesa Ellee e Sora está indo para o castelo, pegando carona nas costas de um enorme pássaro turístico.

A Família Real.
A Rainha é interpretada por Konami Yoshida, a Umi de Magic Knight Rayearth.

Mas a Princesa é raptada por um vilão chamado Kabaton, que consegue atravessar os bloqueios dos guardas da cidade. Sora vê a explosão de longe e decide intervir, perseguindo o vilão e finalmente consegue tirar Ellee de suas mãos por um tempo.

Kabaton usa um ataque inesperado e foge através de uma fenda dimensional. Sora hesita por um momento, mas pula na fenda, recupera Ellee e sai por outra que dá para a cidade Sorashido, no mundo dos humanos. Sora fica desnorteada ao ver tanta coisa diferente de Skyland e se encontra com uma menina, Mashiro Nizigaoka. 


Nisso, Kabaton vem no encalço delas e cria um monstro Ranborg a partir de uma escavadeira que havia por perto. Sora pede que Mashiro fuja levando Ellee e tenta enfrentar os inimigos, mas é derrotada. Kabaton zomba de seu sonho de ser Herói, rasgando seu caderninho de anotações, mas o desejo de Sora de proteger a todos ressoa com Ellee e faz materializar um artefato, a medalha Skytone. De dentroda própria Sora surge uma caneta, a Mirage Pen, que se torna o bastão Sky Mirage. Com isso, Sora se transforma na Precure do Céu, Cure Sky e parte para enfrentar os vilões.



Aqui temos uma contracorrente às produções que estão em voga: os Isekai, em que um cara qualquer do nosso mundo cai em um outro, geralmente de fantasia medieval, e se torna o grande herói do lugar. Em Soaring Sky! é o contrário: uma menina de outro mundo, de fantasia medieval, que cai no nosso e fica totalmente desorientada, mas se tornando Herói aqui.

E tem mais uma contracorrente, em que é comum termos séries em que uma menina de outro mundo cai do céu e se encontra com o protagonista, mais uma vez um cara comum sem qualquer qualidade especial (ao menos a princípio). Desta vez a história é contada do ponto de vista da menina, que neste caso se encontra com alguém do mesmo sexo.

Não é uma garota chinesa e nem veio do futuro, mas...

Também fica claro que Sora deseja ser Herói (traduziram como "heroína" mesmo, mas deixei assim para me alinhar com a proposta dos produtores). Que ela realmente treinou e se esforçou para ser um, obtendo um bom condicionamento físico, que é demonstrado na perseguição a Kabaton, pulando por telhados e balançando por varais como se fosse parkour.

Só que também deu para ver que ela nunca havia enfrentado uma situação real de perigo, pois por um momento hesita ao entrar na fenda dimensional, com um olhar de perplexidade, sem saber o que fazer. E quando vai enfrentar o monstro Ranborg, Mashiro agarra seu braço e percebe que Sora está tremendo.

Da hesitação para a decisão.

Seu caderninho tem as "regras" de como um Herói deve se portar, mas aparentemente muito é idealização e não baseado em experiências reais. Ou seja, ela entrou pela forma primeiro e se prende muito a ela, seguindo a risca o que escreveu. Porém seu desejo de ser Herói é sincero e ela tem um espírito forte. Mesmo sendo humilhada por Kabaton e no limite de suas forças, Sora se levanta com um sorriso. É isso o que faz com que algo dentro dela ressoe com Ellee e crie o Skytone e a Mirage Pen/Sky Mirage, possibilitando sua transformação em Precure.

Quanto mais forte é o Herói, mais bondoso é o seu sorriso.
Porque a Força é o Amor. O maior Herói do Espaço já dizia isso.

Só que pelo que deu para ver, Sora não sabe da verdadeira identidade da bebê e só a salvou por ver que ela precisava de ajuda. Kabaton até menciona que Ellee tem uma força misteriosa e por um momento a chama de "princesa", mas Sora não parece se importar e nem a trata com formalidades, o que seria de se esperar dela diante de um membro da realeza. E Sora diz "vou devolvê-la aos seus pais", sem se referir a eles como "majestade" ou coisa parecida. Isso também atesta seu caráter, em que a aspirante a Herói tenta proteger qualquer pessoa que seja ameaçada, não importa sua posição social.


Quando se transforma em Cure Sky, ela mostra bastante agilidade, com ataques e defesas precisos usando a palma, sem grandes brutalidades como Manatsu ou Yui. É natural Sora ter mais técnica pois treinou para isso, enquanto as outras meninas nem sonhavam em ganhar superpoderes. Mesmo assim, seu golpe especial para purificar o monstro não é um raio de energia ou coisa parecida, mas um soco mesmo, o Soco Alado do Céu, atravessando o inimigo. Esse já é um grande diferencial.


Mashiro é uma garota comum do nosso mundo, se mostrando tranquila, porém dando um basta quando precisa. Ela mora com a avó que lhe pede ingredientes bem incomuns, como óleo de rosas, canela em pau e um sapo desidratado. Será que ela trabalha com artigos homeopáticos?


A garota da Terra é interpretada por Ai Kakuma, que foi a Rabirin em Healin' Good, porém a personalidade é totalmente oposta, sendo que a coelhinha era impulsiva, chegando a ser até agressiva algumas vezes. Apesar de usar a mesma voz, Kakuma consegue transmitir uma impressão diferente, de que Mashiro é mesmo uma pessoa calma e controlada. Algo mais próximo da Nodoka, também de Healin' Good.


O vilão Kabaton tem um visual e trejeitos cômicos, mas se mostrou muito competente ao se infiltrar no reino e raptar a Princesa. Ainda por cima, apesar do corpo avantajado, ele é rápido, ágil e forte. Só para completar o quadro, ele tem poderes mágicos, vindos da joia da testa, e é esperto o suficiente para saber a hora certa de usá-los. É trapaceiro e sujo, inclusive usando um ataque altamente tóxico e... obnóxio, para se dizer o mínimo. Algo que é bem raro de se ver nas séries Precure.

Esse tipo de ataque químico/biológico/radiológico é proibido por vários tratados e acordos internacionais, interdimensionais e intergalácticos.
 
Ou seja, temos um inimigo bem poderoso desde o começo. Felizmente Sora consegue lidar com ele, colocando-o no seu lugar e forçando-o a fugir. Só que ainda não se sabe muito do Império Subterreg, de onde ele veio. Apenas que eles querem a Princesa Ellee por ela ter um poder misterioso, porém não é claro o que pretendem fazer com isso. Mas é questão de tempo até tudo ficar claro.


O monstro da vez é chamado de Ranborg (provavelmente vem de 乱暴 ranbou, "violento", com "cyborg", parecido com os de Go! Princess), criado por Kabaton a partir de uma escavadeira. Não é muito grande, tendo menos de 10 metros de altura, sendo que em outras séries os monstros chegavam a ter 20 ou 40 metros. Seu único ataque é golpear com a pá.

Além do Curesta, baseado no Instagram, temos o CureTube, baseado no YouTube.

A cena de luta foi bem animada, como é de praxe nos primeiros episódios de cada série. Algumas partes inclusive lembram algo feito pelo estúdio Trigger ou pela Kyoto Animation, com traço estilizado e os personagens com deformidades, porém intencionais para dar uma sensação de perspectiva, movimento e/ou impacto.


A transformação foi feita mais uma vez por Nishiki Itaoka, que já conquistou uma posição estável na Toei Animation, e é bem movimentada, como é do feitio do animador. O interessante é que o ritmo da música de fundo vai ficando mais rápido e ela ganha mais instrumentos a cada etapa da transformação, dividida em "Hop", "Step" e "Jump".

Aproximadamente nos 2min51s

A música agora tem temas de fantasia medieval, heroicos. Inclusive alguns com cornetas, como que anunciando a chegada do Herói.

O tema de abertura, Hirogaru Sky! Precure ~Hero Girls~, tem um teor diferente das de até agora, com uma sensação de velocidade e frescor, como se estivesse alçando voo para os céus mesmo, indo em direção às alturas. Evoca a cor azul, enquanto as anteriores lembravam algo vermelho ou cor-de-rosa, o que é condizente com o tema da série.


Na abertura existem algumas cenas enigmáticas, como por exemplo a avó de Mashiro segurando um espelho que lembra o Precure Mirage Pad, o item comemorativo do 20º Ano das séries Precure. Também de relance aparece alguém que provavelmente é a pessoa que salvou Sora quando era pequena. Não se sabe se ela é Precure ou não. Dá para ver ainda um carro, com a marca de motorista iniciante, provavelmente dirigido pela Cure Butterfly em sua forma normal, mas o reflexo não deixa ver como ela é. Também há um pássaro laranja que parece ser um Mascote. Ou será que...

Se for o que dizem por aí, Pikario vai ter boas razões para ficar furioso.

Existe uma amostra de como elas lutam. Sky, Wing e Butterfly com ataques físicos e Prism com disparos de energia. Aparentemente se configuram como duas duplas.

E tem uma cena que remete à abertura de Futari wa Precure, com Nagisa puxando Honoka pela mão para levantá-la. Essa parte foi feita por Yosuke Kabashima, o diretor de Fuuto PI, conforme ele conta em sua conta no Twitter, com isso realizando um sonho antigo de participar de Precure. E foi notado por Akira Sekine, a Sora/Cure Sky, que trabalhou com o diretor nessa mesma série como a Tokime.


Já o encerramento tem partes que são visivelmente CG, mas tem outras que se parecem com desenhos feitos a lápis de cor. E esse é o conceito, segundo Junichi Yamamoto, que dirigiu e fez os storyboards.


Tudo isso ao som do tema Hirogarism, que pode ter várias leituras (Hero Girlism, Hero Girl Rhythm, Hirogarhythm etc.). E na letra fica claro que o Sky do titulo original é um trocadilho com a palavra japonesa 世界 (sekai, "mundo"), que combinado com o Hirogaru (expandir, estender) do original dá "Um mundo que se expande", que é uma das propostas da série.

A coreografia mais uma vez ficou por conta da CRE8BOY, com movimentos que lembram o bater de asas e o de passear pelo céu, assim como o de pegar a Luz com as mãos e dois corações se encontrando. Assim como a dança de Healin' Good tem a "pose da cura", a de Soaring Sky! usa bastante a pose das "asas" (ou a do "pombo") com as mãos.


A tradução tem um ou outro deslize, mas no total é boa. Os diálogos são fluidos, sem precisar de muitos artifícios e tem umas tiradas excelentes. Só que o jeito de falar do Pássaro, no dialeto de Osaka, o de Kabaton, terminando as frases com "-nonen" ou "-nanonen", e o jeito formal de Sora são difíceis de serem passados para o nosso idioma e nisso não tem muito o que fazer.

Aqui, no original é usada a expressão 食い止める (kuitomeru), que significa simplesmente "deter", "barrar", "impedir". Mas acabou sendo feita uma tradução literal sendo que 食い significa "comer" e 止める "parar".

Essa cena, por outro lado, ficou bem pensada. Originalmente seria um trocadilho de sayonara ("adeus") com onara ("peido"), algo intraduzível. Ficou engraçado e fácil de entender por gente daqui.

Estranhamente não há uma opção para espanhol desta vez. Ao menos na data desta matéria. Na versão em inglês mantiveram o termo "hero" ao invés de "heroine".

A versão em português da frase de efeito.

A versão em inglês se alinha mais à proposta da série.

Aqui teria sido melhor fazer como na versão em inglês com a tradução literal.
Faria sentido, já que quer dizer "meter o bico". O dialeto de Osaka não ia dar de qualquer jeito.

A série começou bem, com vários eventos contando como Sora e Ellee vieram parar no mundo dos humanos, assim como o grande objetivo de Sora, de ser Herói, e de devolver Ellee aos seus pais. Vendo bem foi algo até ortodoxo, um típico primeiro episódio de Precure, só que com a diferença de que as coisas são do ponto de vista da habitante de outro mundo. E no próximo episódio ela já vai ter uns choques culturais e mostrar seu lado cômico.

Agora é torcer para que não haja percalços no caminho como no ano passado ou no retrasado, principalmente considerando que se trata de uma série comemorativa. É o primeiro episódio ainda e não dá para prever o que vem por aí, mesmo porque as equipes estão fazendo muito mistério, especialmente sobre as identidades de Cure Wing e Cure Butterfly.

Logo esse reflexo deve sumir.
E meninas também gostam de carrões.

Mesmo assim deu para sentir o desejo de se criar algo novo, com novas perspectivas e visões. E tenho fé de que este ano também farão algo divertido. Sora começou sua jornada para se tornar um verdadeiro Herói e já mostrou ter potencial para ser um. Sendo assim...





Direção e Storyboards: Kouji Ogawa
Roteiro: Ryunosuke Kingetsu
Direção de Animação: Keisuke Katayama
Direção de Arte: Aya Kadoguchi


Elenco:

Sora Harewataru/Cure Sky: Akira Sekine
Mashiro Nizigaoka: Ai Kakuma
Princesa Elee: Aoi Koga

Rei: Kazuya Ichijou
Rainha: Konami Yoshida
Pássaro Turístico: Shinya Takahashi
Soldados: Kousuke Kobayashi, Ryo Sugisaki, Kenichi Mine
Cidadãos: Ai Ishikawa, Madoka Kido, Haruka Shamoto, Nodoka Hasegawa

Kabaton: Yasuhiro Mamiya
Ranborg: Kouichi Souma

8 comentários:

  1. Adorei a estreia, bom saber desses detalhes apontados por vc, espero mesmo que dê tudo certo, Hugtto minha entrada na franquia foi uma ótima série comemorativa, desejo o memso a essa, termos uma série mahou shoujo com tema de herói em si é algo que eu esperava a tempos, curti bastante da sora, tomara que ao fim da série vejamos uma líder e guerreira completa, a quem os fracos e oprimidos possam pedir por auxílio, como um herói de verdade deve ser.

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    1. Obrigado pela visita, André. E desculpe a demora na resposta.

      A série começou bem e torço para que consigam manter o nível e que não haja contratempos causados por fatores externos.

      A bem da verdade, para mim Precure sempre foi um desenho de Super Heróis. Não exatamente de Meninas Mágicas, embora chame assim por conveniência. E elas sempre trazem mensagens positivas, inclusive dando outras perspectivas para coisas que vemos no cotidiano. Vamos ver que tipo de Herói Sora se tornará ao trilhar seu caminho e se desenvolver. Para poder ajudar as pessoas, que é o que ela quer.

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    2. Sim, tambem enxergo PreCure como mais como um seriado de heróis, a questão é que pegam tantos elementos mahou shoujo que pra mim entra num espaço que se não me engano só o anime de Sailor Moon fez parte, geralmente em séries de garotas mágicas elas costumam serem solitárias ou com poucas parceiras, e os desenvolvimentos/bases para a trama sejam bem mais aleatórias com algum toque fantasioso.

      O que os criadores de PreCure lá atrás fizeram a meu ver continua muito presente, conseguindo ser diferente o suficiente de mahou shoujo e de super heróis japoneses, e ainda assim compartilhar de características de ambas as ideias, não a toa entra no mesmo bloco de sentais e riders né?

      Atualmente estou assistindo Yes PreCure 5 GoGo e curtindo pacas, já terminei Futari wa, Max Heart, Splash Star, Yes 5, HeartCatch, Go! Princess, KiraKira a la Mode, Hugtto, Star Twinkle, Healin'Good Delicious Party e Tropical Rouge, e tô bem bem feliz que a cada ano consigam se renovar, junto com Kamen Rider Revice e Donbrothers se tornaram minhas companhias de todo fim de semana, e é provável que continuarei vendo até o último de meus dias rs.

      Falou!

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    3. É sempre bom ter mais alegrias na vida, porque de tristezas e provações já temos um monte. E em Precure vemos também como o pessoal se esforça para fazer um conteúdo que dura, se adaptando a cada época, se renovando, mas mantendo alguma coisa do âmago. Como fazem com Kamen Rider e Super Sentai.

      Para mim também só falta terminar Suite. Fresh também é muito legal. E tem bastante material para vermos e nos entretermos por um bom tempo.

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  2. 10 episodios dentro e eu pessoalmente acho que a temporada continua seguindo bem, parece que esse é um bom ano pra Precure.
    Poderia fazer uma analise quando completarem metade da temporada?

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    1. Obrigado, Shy-Guy.
      Tenho passado por muitos contratempos, mas pode ser uma boa fazer uma análise assim, como fiz com as outras séries. Talvez quando a Butterfly entrar no grupo. Tem sido uma boa "Jornada de Herói".

      E ainda estou devendo os Méritos das outras...

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  3. Escritora que está em dia com esta temporada de "Precure": depois do gosto agridoce da temporada anterior, combinando com a temática mostrada, o que precisávamos era um novo frescor e novidades de verdade. Não foi à toa que trouxeram o Washio de volta de produtor pra esta série, o cara entende da franquia e viu que tinha de agitar às coisas pra retomar o interesse da obra. E olha, está conseguindo e pelo que soube, tem tido uma boa repercussão positiva. Vamos ver no que vai dar... Por enquanto, estão no caminho certo e torço que o anime dê certo. Até mais!!!

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    1. Obrigado, Escritora!
      A equipe de Soaring Sky! tem entregado um bom trabalho e tenho gostado muito. Legal que as coisas acontecem de forma natural, fluida, com espaço para todos os personagens.
      Logo deve se fechar um ciclo com o advento da Butterfly. Estou ansioso para ver como vão ficar as coisas. E continuar torcendo para que não aconteçam percalços.

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Peço que os comentários sejam apenas sobre assuntos abordados na matéria. Agradeço desde já.

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