figma archetype: he & she - flesh color version

Saudações.

Desta vez vou falar um pouco sobre a linha figma e apresentar os seus arquétipos das formas masculina e feminina, feita pela Max Factory.

figma (assim, com letra minúscula mesmo) é a linha-padrão de figuras articuladas da empresa Max Factory desde 2008. O projeto das figmas é de autoria do mestre modelista Masaki Apsy, que ganhou notoriedade ao apresentar um kit plástico de uma figura articulada de uma personagem do jogo Phantasy Star Online, a RAcaseal Eleanor (mais detalhes sobre esse kit aqui). O kit era incrívelmente articulado e podia ser feito com um custo relativamente baixo. A partir daí, ele criou várias linhas de figuras articuladas, entre elas as Busou Shinki, comercializadas pela Konami e que seguiam um conceito semelhante à serie em quadrinhos Angelic Layer do grupo de desenhistas CLAMP. Mais tarde, junto com MAX Watanabe, também modelista e presidente da Max Factory, Apsy desenvolveu as figmas sob o conceito de よくうごく、キレイ (Yoku Ugoku, Kirei, algo como "altamente articulada e bonita"), sendo que as figuras podem fazer várias poses sem comprometer a silhueta da personagem. Outra proposta da linha era a de fazer figuras que fossem "tão divertidas que dá vontade de usar até ficarem completamente gastas".

Na época, o mercado de figuras articuladas baseadas em personagens de desenhos animados e quadrinhos japoneses era dominado pelas Revoltechs da Kaiyodo, mas suas articulações eram bastante peculiares, chamadas de Revolver Joints, dotadas de "catracas" que seguravam as poses com firmeza e não corriam risco de ficarem frouxas. Mas por outro lado, era necessário ter bastante prática e paciência para utilizar. 

As figmas não tinhas as "catracas" e por isso se moviam com mais fluência, lembrando as antigas figuras Microman, dos anos 1970, feitas pela Takara (atual Takara Tomy). De fato, ambas as linhas compartilham alguns conceitos. Mas enquanto os Microman eram feitos em escala aproximada de 1/18 de um ser humano médio, as figmas são maiores, feitas em aproximadamente 1/12. Por um tempo foram lançados Microman baseados em personagens de desenhos japoneses e até filmes americanos, mas atualmente a linha está parada. Mesmo assim, há rumores de que Microman voltará, trazendo personagens do jogo Kantai Collection, que atualmente faz muito sucesso no Japão.

A linha foi lançada em fevereiro de 2008, sendo que o primeiro modelo lançado foi a personagem Yuki Nagato, do desenho Melancholy of Haruhi Suzumiya. Anteriormente, já havia sido lançada a Chou Yusha Haruhi, como parte de um pacote de edição limitada do jogo 涼宮ハルヒの戸惑 (Suzumiya Haruni no Tomadoi, algo como "A Hesitação de Haruhi Suzumiya") para o PlayStation 2. Mas a numeração e a fabricação para venda aberta começou com a Yuki Nagato, que é a figma 001 da linha. A Chou Yuusha Haruhi seria a SP 001.

A primeira figma que comprei foi a Konata Izumi, de número 008, e fiquei impressionado com a representação incrívelmente fiel à original. A pintura e o acabamento eram impecáveis. As articulações eram bem firmes, mas flexíveis e a figura era capaz de fazer quase qualquer pose imaginável. E foi a partir daí que eu comecei a colecionar esse tipo de figura.

Na Wonder Festival de 2009 foram lançadas as figma archetype, que seriam as protoformas da linha, mostrando como é o seu sistema básico de articulações. Estavam disponíveis dois modelos, um masculino e outro feminino. As figuras foram feitas com material transparente, e assim era possível ver claramente como eram as articulações. E na Wonder Festival de 2012, foram lançadas estas versões, coloridas e mais voltadas para quem deseja fazer seus próprios modelos.

O conteúdo da caixa é mínimo, somente com os acessórios básicos, como as mãos intercambiáveis.

Por serem protoformas, elas são totalmente desprovidas de adereços. 

Obviamente, as cabeças não possuem feiçoes e nem cabelos.

É possível remover a parte da frente da cabeça, como que simulando o sistema de troca de expressões.

Ambos os modelos têm musculatura bem definida. O modelo masculino em especial tem uma boa hipertrofia.

Os ombros têm uma incrível liberdade de movimentos. Uma pena que a articulação fique um pouco aparente. Esse é um dos aspectos que precisa ser revisto. Ainda, essa é uma das partes mais frágeis.

Mas é graças a esse sistema de articulações que a figura consegue juntar os pulsos a frente do corpo, algo que é bem difícil de fazer em figuras de outras linhas.

Os cotovelos se fecham bem e mantém uma silhueta natural graças às articulações em forma de disco..

Um ponto fraco das figmas é que as articulações dos pulsos só se dobram em uma direção. Sendo assim, é difícil fazer poses em que elas seguram, por exemplo, uma espada em riste, sendo necessário incluir mãos nessa posição ou com articulações nesse sentido.

Antigamente, os conectores dos pulsos tinham uma bolinha na ponta, o que segurava bem a mão. Só que também apresentava o risco de quebrar, deixando o conector preso dentro do pulso. Por isso, foi feita uma melhoria, mudando o conector para um pino com um conector levemente saltado, que fica firme e com um risco bem menor de quebra.

O sistema de articulações das coxas é semelhante ao de outras linhas, com conexões esféricas na ligação com a virilha.

O sistema de articulações das coxas é bem complexo, incluindo eixos giratórios que permitem que as perna sejam posicionadas de várias formas e em vários sentidos. A peça da virilha é feita de material maleável e por isso não interfere nos movimentos.

Assim como os cotovelos, os joelhos se dobram bem, mesmo sem o uso de articulações duplas..

Os pés podem ser girados na ligação com o tornozelo, o que dá boa estabilidade à figura. Esse é um sistema que já existia nas figmas e agora são usadas em outras linhas. Alguns modelos têm uma dobradiça na ponta do pé.

Usando todas as articulações das pernas, é fácil fazer a pose da foto.

Poses atléticas e/ou acrobáticas podem ser feitas com facilidade.

Estas poses usam todas as articulações da figura, que possui articulações no peito e na cintura. Uma pena que elas não são tão flexíveis como no Mirror Knight e na segunda versão do Ultraman.

Poses de luta podem ser feitas com facilidade.

Assim como poses de dança.

Estão incluídas mãos para segurar objetos, como esta espada japonesa que veio no Metalder.

Sabendo-se usar, é possível fazer poses bem elegantes com a espada.

Em cenas de luta, as poses em que o oponente leva um golpe também são importantes.

Outras possibilidades são golpes de luta livre como a "ponte".

"Pilão".

Choke Sleeper Hold.

Scorpion Deathlock (também conhecido como Sharpshooter).

Japanese Ocean Cyclone Suplex

O "Anjo" (Angel Dive).

É possível colocar cabeças de outros modelos de figmas (mas não todos). Duro é achar algum modelo com a mesma tonalidade de pele.

Uma coisa que vem em todas as figmas é uma base com um suporte articulado, que é bem útil para deixar a figura de pé em algumas poses.

As articulações do braço possuem parafusos que podem ser apertados ou afrouxados para ajustar a firmeza do suporte.

Graças ao seu formato hexagonal, as bases podem ser enfileiradas de várias formas, de modo a não ocupar muito espaço ou para dar grandiosidade à exposição.

Outro acessório altamente conveniente é este saco de plástico grosso, com um fecho do tipo "ziploc" para guardar os acessórios. Pode não parecer, mas ele é bem útil na hora de guardar quando os acessórios são muito numerosos ou minúsculos.

Ainda, estão incluídos seguradores para as mãos, algo que também é muito útil.

A figma archetype é uma forma básica. Mas isso não significa que todos os modelos tenham exatamente o mesmo projeto, que se adapta conforme a personagem que a figura vai representar. Um exemplo é a Konata, que usa sistemas de articulações bem diferentes no ombro e na cintura.

Os dedos da Konata são arredondados, bem cartunescos.

Por outro lado, figmas de Puella Magi usam vários sistemas usados na archetype.

Das figmas que tenho, a Miku Hatsune é a que mais compartilha sistemas com a archetype. Nos ombros isso é bem visível. Uma pena que a Miku não tem articulações muito flexíveis no torso.

E assim termino a apresentação das figmas archetype, feitas pela Max Factory. Elas são excelentes para mostrar como são as articulações da linha figma, que por sinal são excelentes, sendo possível fazer quase qualquer pose imaginável. eu diria que elas são itens muito interessantes para colecionadores, não só da linha, como também de figuras articuladas em geral. Desenhistas também vão encontrar um boneco articulado muito bom para servir de modelo e hobbistas mais habilidosos poderiam criar modelos próprios a partir deles. O que atrapalha tudo é o fato deles serem de venda exclusiva por tempo limitado, que já esgotou.

E agora, algumas considerações sobre a linha figma. 

Como mostrado acima, as figmas são altamente articuladas e ainda assim conseguem manter a silhueta, seguindo a sua proposta. E como já mostrei em apresentações de figuras da linha, a escultura e o acabamento são impressionantes. Ainda, elas têm um projeto muito bem elaborado, utilizando peças de material maleável em pontos estratégicos de modo a não prejudicar as articulações. Posso dizer que figma é uma das melhores linhas de figuras articuladas do mundo.

Mesmo assim, ela ainda não é perfeita. Por exemplo, as articulações dos pulsos deixam muito a desejar, por se dobrarem em um só sentido. Ainda, o sistema de articulação dos ombros permite que eles se movam com liberdade, mas isso sacrifica um pouco a aparência, visto que as articulações ficam expostas, com cavidades muito aparentes. As S.H. Figuarts da Bandai apresentaram soluções para esses problemas, colocando articulações multidirecionais nos pulsos e peças móveis capazes de cobrir as cavidades dos ombros. Estas seriam as únicas ressalvas que tenho em relação à linha. Mas como foi visto, as figmas continuam evoluindo constantemente e no futuro, elas se tornarão as figuras articuladas perfeitas.

E talvez esse futuro esteja bem próximo.

Dedico esta matéria à primeira pessoa que postou um comentário neste blog, o Bento, do Blog do Japonerd, que mais tarde descobri ser o maior colecionador de figmas do Brasil (ou talvez até do mundo). Exímio reviewer, ele é capaz de fazer análises de figuras articuladas de um nível tão alto que eu não consigo chegar nem perto. Agradeço muito a ele, que me apoiou desde o início deste blog, porque sem isso eu não teria conseguido chegar tão longe. Atualmente ele está um pouco afastado, mas torço pelo dia em que ele voltará com toda a sua força.