S.H. Figuarts Ultra Seven

Saudações.

Desta vez vou falar da versão S.H. Figuarts do Ultra Seven, feita pela Bandai.

1. Informações
2. Modelagem
3. Articulações
4. Acessórios
5. Ação



1. Informações

Ultra Seven foi  desenhado pelo artista plástico Tohl Narita, que fez o mesmo em Ultraman.  Foram feitos esforços para que houvesse diferenciações, a começar pelo visual do herói, totalmente diverso do anterior. Inicialmente ele seria  azul, mas a cor foi mudada para o vermelho. Existem várias teorias sobre isso. Uma é que a fabricante de brinquedos relacionados, a Marusan teria dito que um herói vermelho teria mais aceitação pelas crianças. Outra é que na época era usado um fundo azul para as cenas com montagens e uma cor semelhante faria o trabalho ser mais difícil.

Narita fez o desenho do herói tendo em mente a participação de Bin Furuya, que vestia o traje do Ultraman. Mas teve que fazer alterações quando o ator recusou o papel, se tornando o oficial Amagi. Assim, quem vestiu o traje do Ultra Seven foi Kouji Uenishi, coreógrafo de luta na Mifune Production, empresa do famoso ator Toshiro Mifune. Ele estudou os movimentos de Furuya como Ultraman, mas para fazer algo diferente e dar mais caracterização ao Ultra Seven. Mais tarde, ele trabalhou em Spectreman, vestindo o traje do herói-título e de Lah (Karas na versão brasileira), capanga do vilão Dr. Gori. Uenishi também fez a voz de Lah e comenta que gostava mais de fazer esse personagem do que o herói.

Outra pessoa que vestiu o traje do Ultra Seven foi Eiichi Kikuchi, que trabalharia em O Regresso de Ultraman, usando a fantasia do segundo Ultraman. Kikuchi só foi o Ultra Seven no episódio duplo (14 e 15) em que o herói enfrenta o robô King Joe.

A seguir algumas considerações sobre o seriado. Quem quiser, pode pular esta parte (aqui uma ajuda).

Ultra Seven foi uma obra-prima do Tokusatsu. Foi o grande resumo das primeiras séries Ultra da Tsuburaya, envolvendo Ultra Q, que era Fantasia, com monstros e Ficção Científica, e Ultraman, que era tudo isso e ainda um super herói. Ultra Seven deu mais ênfase ainda no aspecto da Ficção Científica, criando um mundo em que a Terra teria sido envolvida em uma gigantesca guerra de dominação espacial. Mas acima de tudo, foi a história de um ser alienígena, o Explorador Espacial nº 340, chamado de "Ultra Seven", que aprendeu a amar a Terra e seus habitantes ao se tornar "Dan Moroboshi" e ter contato direto com os seres humanos. Seus colegas... amigos do Esquadrão Ultra lhe ensinaram sobre confiança, companheirismo e até mesmo amor.

Para defender a humanidade, ele enfrentou vários inimigos que se infiltravam na sociedade humana, analisando seus pontos fracos. No episódio 8, A Cidade Ameaçada, surge o Alien Metron que percebeu que os seres humanos convivem seguindo regras impostas a eles mesmos e que essa confiança mútua pode ser quebrada facilmente ao se semear a discórdia. No episódio 35 são mostrados alienígenas montando uma base logística disfarçados como operários comuns. E em Os Impostores (Ep. 47) surgem os Alien Fuk, que tomam um conjunto habitacional inteiro, se passando por seus habitantes. Isso tudo mostrou um terror, beirando a paranoia, de uma ameaça que pode estar espreitando em qualquer canto.

Houve também incidentes diplomáticos espaciais envolvendo foguetes de exploração que foram confundidos com tentativas de invasão, como com os Alien Pedan, da Estrela das Trevas, que enviaram o robô King Joe em represália (e no fim acabaram querendo dominar a Terra). Ou com a forma de vida de energia do planeta Annon, que deixou a Terra em paz, depois que tudo foi esclarecido.

Mas Dan também encarou a feiura humana e nisso foi retratada sua visão dos eventos como um alienígena. Em Biologia Espacial (Ep. 26), é mostrada a corrida armamentista, com a Super Arma R1, em que os humanos competem em "uma maratona sangrenta e interminável". No episódio 37, O Roubo, a Alien Magellan Maya questiona Dan sobre a validade de se invadir (ou defender) um planeta em que seus habitantes são loucos varridos, um "câncer galático". E no episódio 42, O Mensageiro, Dan se vê diante da possibilidade dos seres humanos não serem os aborígenes deste planeta, mas sim os Nonmalt, que teriam sido expulsos para o mar. No  episódio 43, Viagem Espacial, Dan também vê um reflexo de um futuro possível para a humanidade, dominada por máquinas.

E havia histórias de Ultra Seven em que não havia necessariamente um "bem" ou um "mal" e sim questionamentos morais e lutas pela sobrevivência. Um exemplo seria o Alien Wild, que vem a Terra roubar a energia vital dos terráqueos para que sua espécie pudesse sobreviver. Os Alien Pegassa, cuja cidade espacial estaria prestes a se chocar com a Terra, causando uma grande catástrofe. E mais uma vez os Nonmalt, cujo território iria ser invadido por seres humanos que viriam em busca de recursos naturais do mar.

Tudo isso deu profundidade ao seriado, que conseguiu criar um mundo, mesmo sendo constituído de histórias soltas, sem um fio condutor que permeasse toda a trama. Mas havia um tema, que era a Invasão Alienígena, que foi aproveitado ao máximo em todos os episódios, esgotando o assunto. Dan Moroboshi/Ultra Seven viu com tudo isso que os humanos no fim eram dignos de serem protegidos, mesmo que isso significasse dar sua própria vida. E tudo culmina no último capítulo, em que ele se encontra com crianças que podem perder seu futuro, caso A Maior Invasão da História pelos Alien Ghose tenha sucesso. E ele parte para salvar a vida de um amigo, o Oficial Amagi, que um dia o salvou também.

Ultra Seven mostrou que mesmo sendo composta por "4 episódios de história e 45 fillers" uma série pode ser genial. E isso foi fruto do esforço de todos os membros da equipe, como os diretores Kazuho Mitsuta, Akio Jissouji, Samaji Nonagase, Hajime Tsuburaya, Toshitsugu Suzuki , Tatsumi Andou e Toshihiro Iijima, que tiveram liberdade para contar as histórias cada um ao seu estilo. Os roteiristas Tetsuo Kinjo, Shozo Uehara, Shinichi Ichikawa, Keisuke Fujikawa, Bunzo Wakatsuki, entre outros, que criaram o mundo do Ultra Seven. Não se pode esquecer também da direção de efeitos especiais feita por Koichi Takano, Tohru Matoba, Jun Ohki e Sadamasa Arikawa, que envidaram esforços para retratar situações que pareceriam absurdas da forma mais convincente possível, usando todos os artifícios que estavam à mão. E ainda devem ser mencionados os desenhistas Tohl Narita, que fez os primeiros designs e Noriyoshi Ikeya, que continuou seu trabalho, assim como a equipe de modelagem da fantasias, o Atelier May, encabeçado por Ryosaku Takayama, que mostrou toda sua engenhosidade para que os designs ganhassem forma. Não se pode esquecer a música de Tohru Fuyuki, que dava o clima correto para cada cena, inclusive com um empolgante arranjo da música de abertura. E é claro, o esforço dos atores, que deram vida aos personagens, usando fantasias ou não.

Mais uma vez, recomendo a leitura desta matéria do Blog Sushi POP. De Alexandre Nagado, que definiu Ultra Seven como "um romance de ficção científica". Uma definição da qual me lembro muito bem da primeira vez em que conversamos e que nunca saiu da minha cabeça.

Ultra Seven - 50 anos!

O conteúdo da caixa. O número de mãos intercambiáveis é grande para os padrões atuais. E ainda vem com duas peças de efeito.

2. Modelagem

Visão de corpo inteiro. Desta vez tentou-se fazer algo mais próximo ao Ultra Seven original, inclusive nas proporções de Uenishi, que eram típicas de um japonês, troncudo, porém musculoso. Diferente de Furuya, que era esguio, com pernas e braços compridos.

Close da cabeça. Uma representação bastante fiel de uma das máscaras usadas nas filmagens. Na verdade existem várias versões do traje, sendo que até agora foram encontradas sete (há quem diga nove). E isso só no seriado original. Se contar as de Ultra Fight ou Ultraman Leo, o número aumenta.

A joia da testa (Beam Lamp) é feita de material transparente. Ela foi incluída no design por Tohl Narita, para evitar que fosse colocado algum elemento que o desagradasse, como a Luz de Aviso no peito do Ultraman.

Meu exemplar é da primeira leva, que tem um defeito: o ponto preto dos olhos não é alinhado com o buraco da lente da máscara. Aparentemente isso foi  corrigido em lotes posteriores.

Existe até uma cavidade na orelha.

A cor é um tanto escurecida, relembrando o aspecto surrado do traje da época. As linhas prateadas são esmaecidas de propósito, para ficar mais fiel.

A placa peitoral, que serviria como um coletor de energia solar. Na primeira versão do traje, a parte ao redor do pescoço seria prateada, como pode ser visto nas cenas de transformação. Mais tarde, passou a ser vermelha.

Nas costas existem duas protuberâncias retangulares que seriam as caixas das baterias das luzes dos olhos. Isso também foi representado na figura.

Detalhes dos braços. A mão tem relevos com ranhuras nas bases dos dedos, exatamente como no traje original. Esse aspecto é representado em todas as versões de figuras do herói.

Detalhe das pernas, que são relativamente simples, sendo que as partes mais detalhadas  se concentraram na metade de cima do corpo. Isso foi proposital, para que as pernas de Uenishi parecessem ser mais longas.

Comparação com outras versões do herói. Na ordem do texto, a primeira versão Ultra-Act, a segunda e a S.H. Figuarts. Dá para notar várias diferenças. As Ultra-Act têm cores mais vivas.

O mesmo pode ser dito do rosto. A S.H. Figuarts é a mais fiel dentre as três.


Junto com a versão S.H. Figuarts do primeiro Ultraman.

3. Articulações

O pescoço se move bem para cima e tem uma boa gama de movimentos.

Os braços se movem bem e existem mecanismos para fechar mais os braços na frente do peito, embora não tanto quanto o Geed.

A movimentação do pulso é regular.

O tronco tem boa mobilidade, sem nada de especial.

A abertura das pernas é boa para os lados e para a frente, mas não tanto para trás.

As coxas podem ser giradas, embora gere quebras de linha. Mas isso não tem como ser contornado.

Os joelhos se dobram bem. Os tornozelos não se movem muito para a frente ou para trás.

Em compensação eles dão boa estabilidade à figura, se posicionados corretamente.

A S.H. Figuarts têm boa mobilidade e maior gama de movimentos. Mas as articulações são um tanto duras.

Fazendo a pose básica de luta e comparando com materiais da época e a caixa da S.H. Figuarts.

4. Acessórios

A figura vem com cinco pares de mãos intercambiáveis. Um número impressionante. Todos têm as ranhuras nas bases dos dedos. É só que os conectores são apertados e a troca é um pouco difícil.

Estão incluídas estas peças para representar o Raio Emerium, um dos mais emblemáticos do Ultra Seven.

A peça é longa. A coloração é amarela, só uma das usadas no seriado, sendo que havia também branco e verde.

A peça do raio é fina, de material rígido e por isso frágil.

Ela é colocada nessas duas mãos que vêm moldadas juntas. Existe um jeito certo de se colocar o raio.

Esta outra peça representa o Wide Shot. Nesta versão o raio é amarelo como nas séries comemorativas de 30 anos ao invés de branco como na série clássica.

O raio é preso à mão e se encaixa no braço.

Esta peça também é longa e é moldada como se espalhasse, como seu nome diz.

Esse seria um Eye Slugger feito especialmente para ser segurado.

Mas na verdade é igualzinho ao que vem na cabeça da figura.

Experimentei alinhar os dois para ver se existe alguma diferença de angulação e não encontrei nenhuma.

Jogo dos sete erros: consegue dizer qual é qual? Os dois podem ser colocados na cabeça sem problemas, embora não fiquem totalmente firmes e caiam a toda hora.

Os dois bumerangues podem ser segurados por uma mão específica, mas só no sentido da foto, pela ponta mais fina, com a lâmina voltada para fora.

Comparação com o Raio Emerium que vem na primeira versão Ultra-Act. Em ambas a colocação da mão é bem dura.

Comparação do Wide Shot dos três. 

Comparação do Eye Slugger. Na ordem do texto, 1ª Ultra-Act, 2ª Ultra-Act e S.H. Figuarts. A da 2ª Ultra Act é mais grossa e fica bem firme na cabeça.

Fazendo uma comparação entre os dois Eye-Sluggers que vêm na 2ª Ultra-Act. O Eye Slugger feito para ser segurado tem uma ponta maior e uma angulação diferente.

5. Ação

ULTRA SEVEN!




O "7" é o número do homem milagroso.




FIGHTER SEVEN
HERO SEVEN


Ultra Seven decide defender a Terra da ameaça de seres alienígenas, que se usam de inteligência para desestabilizar a sociedade humana.


Esses alienígenas também enviam monstros poderosos.

E robôs, capazes de rebater os ataques do herói.

E ainda existem aqueles que se valem de ardis para derrotá-lo

Ou aqueles que tomam sua forma para confundir seus amigos.

Mas o Ultra Seven não irá perder.

Ele não vai desistir e lutará com todas as suas forças.

Para isso, ele pode contar com a ajuda do Esquadrão Ultra.

E assim triunfar.

Para defender o planeta que foi dado a ele por Anne.


"A Terra  deve ser defendida pelas mãos de nós seres humanos!"
Depois de se ferir em vários confrontos com ameaças diabólicas vindas do espaço, Ultra Seven parte, se tornando uma Luz que voa em direção ao espaço quando brilha a Estrela D'Alva. Mas ele voltará em outras ocasiões. Para proteger o planeta que ele aprendeu a amar.


Assumindo o nome de Dan Moroboshi.

Várias figuras de Dan Moroboshi/Ultra Seven.


Aqui na Casa, na ordem do texto: "Chefe do Ultra Seven", "Ultra Seven", "Ultra Seven (forma Full Power)", "Masaki Kazamori (Seven Suit)".

E esta foi a apresentação da versão S.H. Figuarts do Ultra Seven, feita pela Bandai. Assim como no primeiro Ultraman, desta vez optou-se por mostrar o personagem "como ele era" ao invés de "como nos lembramos dele". O sistema de articulações passou por melhorias em relação ao Ultraman, especialmente no controle de qualidade. Agora elas estão bem mais firmes, embora a 2ª versão Ultra-Act seja mais fácil de usar para algumas poses, como a do Wide Shot. Mesmo assim existem problemas como os conectores das mãos serem muito duros e o Eye Slugger se soltar com muita facilidade, com o risco de perda. Por isso ainda vejo a 2ª versão Ultra-Act como a definitiva de uma figura articulada do herói, que não tem esses pontos fracos. A S.H. Figuarts é boa para quem quiser uma representação fiel do Ultra Seven clássico. O número de mãos intercambiáveis e de peças de efeito é outro ponto positivo para quem  quiser considerar a compra.