domingo, 3 de maio de 2020

#せいゆうろうどくかい - Seiyu Rodoku Kai e a Crise dos Dubladores

Saudações.

Devido ao COVID-19, que se tornou uma pandemia, um estado de emergência foi decretado no Japão, e as pessoas são incentivadas a não sair de casa sem necessidade e a não se aglomerarem. Nisso, alguns dubladores lançaram uma ação voluntária, o #せいゆうろうどくかい (Seiyuu Roudoku Kai, algo como "Grupo de Leitura por Dubladores").

Logo feito por Kaoru Akiyama.


Obs.: nenhum dos vídeos e áudios apresentados tem legendas para outras línguas, por serem projetos de iniciativa própria, sem o apoio de grandes empresas e por isso, sem mão de obra para esse propósito.


Tudo começou com uma mensagem de Aoi Yuuki pelo Twitter, pedindo sugestões de contos e histórias cujos direitos autorais já tivessem expirado, para que ela publicasse um áudio lendo em voz alta, com o propósito de entreter as pessoas que não pudessem sair de suas casas. Segundo Yuuki, na mesma mensagem, isso foi inspirado no presidente de um país que foi à televisão contar histórias para entreter as crianças nessa mesma situação e dar descanso aos pais. O nome desse presidente não é mencionado, mas provavelmente se trata de Reuven Rivlin, de Israel.

Yuuki escolheu para a leitura o conto 手袋を買いに (Tebukuro wo kai ni, algo como "Comprando Luvas"), de Nankichi Niimi. A dubladora Kotori Koiwai forneceu uma música de sua autoria para servir de fundo e a também dubladora e designer Kaoru Akiyama desenvolveu uma ilustração que se tornou o logo do projeto.

Vários dubladores se juntaram à iniciativa, como Yuki Kaji, Noriko Hidaka, Rie Takahashi, Kaori Nazuka, Kikuko Inoue, Show Hayami, Rei Sakuma, Aya Uchida e Takuma Terashima, entre muitos outros. Abaixo seguem alguns exemplos:

銀河鉄道の夜 (Ginga Tetsudou no Yoru, "A Noite no Expresso Galático")
Conto de Kenji Miyazawa, lido por Noriko Hidaka. Tem nove partes.

ネコとネズミのいっしょのくらし (Neko to Nezumi no Issho no Kurashi, "O Gato e o Rato")
Conto dos Irmãos Grimm, lido por Show Hayami e Yukihiro Nozuyama.


桃太郎 (Momotaro)
Versão de Masao Kusuyama do clássico conto infantil, lido por Yuki Kaji. Em quatro partes.


Crise no Setor

Os esforços dos dubladores tem sido elogiáveis, mas o COVID-19 também causou tremendos danos a eles mesmos. Séries de TV, especiais de cinema, peças de teatro, shows e muitos outros eventos acabaram sendo cancelados devido à pandemia, e com isso as oportunidades de trabalho para eles diminuíram. E os dubladores também estão impedidos de comparecer aos estúdios de gravação.

No Japão, muitas vezes as gravações de vozes são feitas reunindo o elenco em uma sala. É diferente por exemplo, dos Estados Unidos, em que cada dublador fica em uma cabine individual e faz suas falas enquanto recebe instruções do diretor.

O modelo japonês permite que os atores façam acertos, não só com o diretor, como entre eles mesmos, a fim de que os diálogos fiquem mais fluidos e divertidos. E nisso vão surgindo novas ideias e improvisos. Também é assim que os dubladores iniciantes vão aperfeiçoando suas técnicas ao trabalhar com colegas mais experientes. E o entrosamento entre os atores também é importante pois atualmente são feitos shows reunindo o elenco, que exigem vários ensaios. Com a equipe já integrada tudo corre com mais facilidade.

Mas isso implica em reunir várias pessoas em um espaço fechado. Ainda, não é possível gravar usando máscaras, que devem ser tiradas na hora de falar, por razões óbvias. Por isso, o risco de contaminação se torna inerente à atividade e os próprios dubladores temem por sua segurança.

Uma solução seria fazer trabalho remoto, como na dublagem americana do episódio 84 de My Hero Academia, pela Funimation. Mas isso implica em enviar equipamentos para as casas de cada um dos dubladores que permita gravar e enviar sons com qualidade e garantir a comunicação entre eles e a direção. E é duvidável se as produtoras japonesas podem fazer isso, uma vez que elas contam com muito menos recursos que as empresas americanas.

Ainda, o período de adaptação pode ser maior, vistas as diferenças de métodos entre o Japão e os Estados Unidos, sendo que o modelo americano tem menos problemas com o trabalho remoto. Os diretores de gravação japoneses prezam muito por qualidade, perfeição e para isso têm seus próprios métodos e tradições, que são difíceis de serem mudados. Tanto que ninguém fala em trabalho remoto nas reuniões das produtoras de anime. Os dubladores até estão dispostos a isso mas, mais uma vez, é preciso de fundos para se custear uma cabine improvisada para cada um.


Isso é ser Dublador

Dubladores são basicamente profissionais liberais, que recebem por serviço feito, seguindo determinados parâmetros, como horas trabalhadas e uma classificação, dependendo da fama e do currículo. Eles são filiados a agências, como a Aoni Production ou a Sigma Seven, mas o que elas fazem é arranjar trabalhos e cuidar das negociações com as produtoras em troca de uma porcentagem do cachê. Ou seja, os dubladores não recebem nenhum tipo de salário fixo.

O célebre Hiroshi Kamiya uma vez descreveu como é a situação do dublador em um documentário na NHK: "é um ofício em que não há absolutamente nenhuma estabilidade" em que é preciso sempre procurar o próximo trabalho, o próximo "lugar para ficar", e no qual dias parados são desastrosos. Um ramo em que os atores são "facilmente substituíveis" e por isso é preciso entregar um trabalho melhor do que o esperado, para poder ter boa reputação e assim ser chamado mais vezes.

E o veterano Toshio Furukawa, uma vez participou de Pop Team Epic, uma obra altamente escrachada de comédia nonsense, o que gerou comentários dos fãs de que um dublador como ele, que é um grande nome, deveria escolher melhor seus trabalhos. Furukawa respondeu que "essa era sua profissão e que ele mesmo não ocupava uma posição tão importante e ponto de se dar ao luxo de escolher que papéis pegar". E ainda que "todos deveriam pensar no quanto o seu agente tem de ir baixar a cabeça (para as produtoras) para conseguir um trabalho para ele". Nisso dá para ver que dublagem não é um ramo fácil e que qualquer oportunidade tem de ser aproveitada.


Queda na Renda

Toshiyuki Nishida, presidente da Japan Actors Union, um dos sindicatos de atores do país, conduziu uma enquete entre os atores e dubladores perguntando dos efeitos do novo Coronavírus no trabalho. Os números são preocupantes.

A enquete foi respondida por 1020 profissionais. No mês de abril, 27,6% ficaram sem renda, 34,4% conseguiram a metade do que ganhariam, 9,3% teriam ganhado 3/4 e apenas 8% responderam que não houve variações de renda. 20,9% não souberam responder.

Diante de tantos adiamentos de exibições no cinema e na TV, 69,1% deles não tiveram nenhuma nova proposta de trabalho no mês, 29,1% tiveram queda em relação a períodos anteriores e só 1,9% conseguiram mais propostas.

Quando perguntados se receberam o cachê de trabalhos que foram cancelados, 3,8% receberam o valor integral, enquanto 19,9% receberam só parte. O restante, 76,3% não receberam nada. Quanto aos valores de prejuízos, 19,2% perderam mais de 400 mil ienes. Uma boa parte, 34,7% teve perdas menores que 100 mil ienes. Quanto a como eles vão se manter de março em diante, 21,3% têm outros meios de conseguir renda, 51,5% vão ter de usar suas economias e 27,2%, além de usar as economias vão ter que pedir empréstimos.

O governo japonês oferece ajuda financeira para profissionais liberais que tiveram perdas de renda por não poderem sair de casa nessa situação de crise. Mas para isso é preciso apresentar documentos comprobatórios dessas perdas e de que realmente houve trabalhos cancelados devido à pandemia. São poucos os atores que conseguem esses documentos em papel (4,3%), sendo que muitos foram avisados de cancelamento por e-mails e SNS (48%) ou, na pior das hipóteses, apenas verbalmente ou por telefone (38,7%). Isso reduz em muito as chances dos dubladores conseguirem a ajuda. De fato, 77,5% deles responderam que estão inseguros se seus pedidos seriam aprovados.


Em busca de uma Solução

Os dubladores estão tentando se manter como podem, mas a situação está longe de chegar a uma conclusão. Como isso vai se resolver é uma incógnita, agora que tudo indica que o estado de emergência, que deveria ser até 06/05/2020, será prorrogado para o dia 31/05.  Os animes de julho já foram prejudicados, devido aos atrasos nos cronogramas e projetos, e já se fala que os de outubro também estão em risco. Não deve demorar muito para que produções com atores reais como novelas e tokusatsu também sejam prejudicadas.

Enquanto isso, os dubladores e atores esperam por apoio do governo, que uma vez tentou promover o país através da Cultura Pop, com ações como a Cool Japan. De fato, até mesmo os Jogos Olímpicos de Verão, que seriam realizados em Tóquio, mas também foram adiados, usaram personagens de anime em materiais de propaganda. Os atores e dubladores têm um papel importantíssimo, dando vida aos personagens dessas obras, que agora representam o Japão, com prestígio mundial. E esses profissionais precisam de auxílio para custear equipamentos ou ao menos sobreviver neste momento de crise.



Extra: Canais no YouTube

Como que movidos pela situação, desde março vários dubladores resolveram abrir canais no YouTube, com uma enorme diversidade de conteúdo. Vamos conhecer alguns deles:

杉田智和/AGRSチャンネル (Sugita Tomokazu/AGRS Channel)

Canal do grande Tomokazu Sugita. A proposta é falar das coisas que o ator gosta, transitando pelo mundo real e pelo mundo 2D. Nesse caso, ele se usa de um avatar a VTuber AGRS (pronuncia-se "ajirusu").

Sugita já é conhecido por suas tiradas cômicas em vários programas de entrevistas e até mesmo em seus trabalhos na dublagem usando improvisos. Ou seja, ele é um "showman" por natureza, com boa capacidade de oratória, contando casos de forma bem divertida. De fato, o primeiro vídeo é com ele apresentando a proposta do canal, primeiro com a AGRS e depois em sua forma no mundo tridimensional fazendo um experimento que seria a "porta de entrada para um YouTuber": tomar coca cola junto com uma pastilha de efervescente.



Em um outro vídeo, ele fala de quando era garoto e frequentava os fliperamas de pequenas docerias (vide Hi Score Girl) e apresenta os doces e salgados que ele comia enquanto esperava a vez de jogar, no melhor estilo Dagashi Kashi. Ele também deu sua contribuição ao Grupo de Leitura de Dubladores com um vídeo (áudio) de 45 minutos contando セロ弾きのゴーシュ (CELLO hiki no GAUCHE, Gauche, o Violoncelista), de Kenji Miyazawa.

E claro que tem Gameplay, já que sua praia são realmente os games. Mas diferente de outros que falam de jogos mais recentes, Sugita vai na contramão com Super Mario World para Super Famicom (Mini). Em tempo, para ele quem está pro trás de tudo é a Princesa Peach, que para chamar a atenção do Mario, forçou o Koopa a raptá-la. E agora Mario tem que salvar Koopa, que é vítima de ataques histéricos da Peach, e costuma jogar o cinzeiro na cara do pobre tartarugão. Não chega a ser um "Super Play", mas ele é bom, conseguindo várias "vidas" extras.




outro muito engraçado é com ele fazendo (ou tentando fazer) a dança de encerramento de A Melancolia de Haruhi Suzumiya, sendo que nessa obra ele foi o protagonista(?) Kyon.


セキトモランド (SekiTomo Land)

Tomokazu Seki é um grande nome do ramo e que pode ser considerado como uma lenda da dublagem. É possível encontrar seu nome em quase todas as grandes franquias de Anime e Tokusatsu, como Ultraman, Kamen Rider, Super Sentai, GARO, Precure, e em obras como Pokémon, Doraemon, Neon Genesis Evangelion, Card Captor Sakura, Steins; Gate e muitos, muitos outros, interpretando os mais variados tipos de personagens.

Seki também é conhecido por ser um inveterado TokuOta (Tokusatsu Otaku), sendo que ele tem uma extensa coleção de figuras e outros itens de tokusatsu. Não só isso, como ele mesmo modela figuras e desenha personagens. Nesse gênero em especial, Seki já trabalhou tanto como ator como quanto dublador em várias obras.

Em um de seus vídeos, ele apresenta sua "Base Secreta", cheia de figuras de Heróis e Monstros, coleções de CDs, DVDs e Blu-Rays, além de máscaras e figuras feitas por ele próprio. Daqui dá para ver que ele é "de verdade".



Um outro, mais curioso, é um filme caseiro feito por Seki e pessoal de sua companhia de teatro, a Herohero Q, que também conta com dubladores. Trata-se de 女ドラゴンさやか3(ficaria algo como "Lady Dragon Sayaka"), estrelando a dubladora Miki Nagasawa e com participação de outro colega, Katsuyuki Konishi. Tem um monte de coisas que não dá para entender por ser o "3" de uma série, embora ache que esse não seja o único motivo. Saber japonês também não adianta. O teor é de comédia, com várias referências a obras de Tokusatsu. As cenas de ação são muito boas e os efeitos especiais têm altos e baixos. O nível de interpretação é alto, já que se trata de pessoal do ramo, ao menos na voz.


Seus primeiros vídeos foram dele fazendo o Radio Taiso, modalidade tradicional de exercícios no Japão e que tem adeptos por aqui também, inclusive com uma Federação organizada. Mas esses vídeos foram feitos na piada, o que renderam boas risadas e se tornou assunto de conversa na internet. Nisso, a Kanpo Seimei (Japan Post Insurance), a empresa que desenvolveu o Radio Taiso contatou o dublador, propondo fazer um novo vídeo, desta vez mais a sério(?). E ele fez um com instruções, usando seus vários estilos de voz. De fato, ficou até mais fácil de entender e passei a usar nos exercícios matinais em substituição ao que eu via. O exercício mesmo começa nos 1m06seg.




中川翔子の「ヲ」 (Nakagawa Shoko no "Wo")

Canal da cantora multitalento Shouko Nakagawa, a "Shokotan". Nesse caso ela não seria exatamente uma dubladora profissional, mas tem forte ligação com anime, tokusatsu, mangá e games e por isso resolvi apresentar seu canal também.

Ela apresenta mais gameplays, especialmente de Final Fantasy VII, mas também mostra suas habilidades com desenho, como neste vídeo em que ela desenha todas as Cures de rosa da franquia, sem precisar fazer os esboços.



マキシマムえいたそチャンネル (MAXIMUM Eitaso CHANNEL)

Outro canal que vale a pena apresentar é o de Eimi Naruse, membro do grupo Dempagumi.inc. que atuou recentemente como a Hikaru/Cure Star em Star☆Twinkle Precure. "Eitaso" seria seu apelido, que viria de "Eichan" (えいちゃん), contraído para "Eitan" (えいタン), só que com a última letra de forma incorreta (de propósito), ficando "Eitaso" (えいタソ, dá para notar a diferença?). O canal aparentemente é agenciado e não totalmente pessoal como os outros.

Ela já começa com o experimento da "Coca Cola com Mentos" e ficou bem engraçado, com vários acidentes de percurso. Mesmo assim, a Eitaso toma várias medidas de precaução, ainda que de forma discreta, como ir para o banheiro para conduzir o experimento e fazer as coisas na ordem correta(?).


Eimi Naruse é altamente espontânea e desinibida, com tiradas bem engraçadas. Me faz pensar como seria se a Hikaru tivesse um canal no YouTube (embora a Cure seja mais inteligente). Ainda assim não é recomendável imitar o que ela faz nos vídeos e é mais para riso mesmo. É só um aviso.

6 comentários:

  1. Olá!
    Como vai?

    A Covid-19 atingiu todos os setores profundamente, alguns especialistas já dizem que os impactos desta natureza jamais foram vistos na história, tendo como base a Segunda Guerra Mundial e os reflexos deixados. Ou seja, isto acaba trazendo muita incerteza e medo para a população, seja aqui na América, no continente asiático, etc.
    Não imaginava que o trabalho de dublador no Japão fosse tão (tão!) instável dessa forma. Pessoalmente, estou em choque com o relato tão vívido do (fabuloso) Hiroshi Kamiya. E isto porque ele já é um dos nomes mais cotados do meio, atualmente está trabalhando na série "Kakushigoto" dando vida ao protagonista Kakushi Gotou. Fico imaginando como será daqui para frente, quais as estratégias do governo Japonês para solucionar estes e tantos outros problemas e desdobramentos, pois acabaram tardando a quarentena por lá, demoraram para tomar iniciativas de prevenção e isto culminou no agravamento da crise.
    Por outro lado, iniciativas criativas como da Aoi Yuuki foram bem-vindas, pois são possíveis de alcançar pessoas, principalmente crianças que ficam expostas e sensíveis em meio as mudanças (Cure Grace abençoando e cuidando das pessoas! Digna de ser heroína Precure! ♡). Oh, adoraria escutar estes vídeos com histórias narradas pelos dubladores, mas sem legendas fica difícil... poxa!
    Mesmo assim, escutar a voz do Hayami-san já é bom demais... que voz poderosa, tão bonita, alcança o coração de qualquer um.
    Essa Emi Naruse é doidinha! Inacreditável que ela fez esse experimento, se fosse em StarTwinkle ela já teria tomado um puxão de orelha da Lala. Certeza! Brincadeiras à parte, ela está fazendo o seu melhor, trazendo entretenimento como pode. Super válido.

    E mais uma vez, uma matéria excelente! Esclareceu muitas dúvidas, na verdade suscitou outras tantas que gostaria de fazer e descobrir. É um mundo vasto e aprendo demais lendo aqui. Meus parabéns!

    Abraços e, por favor, cuide-se!

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    1. Obrigado, Melissa!

      Vi que vários dubladores estavam abrindo canais no YouTube e fui pesquisar. Daí vi várias matérias falando que a situação deles está bem ruim. Digo, pior do que eu imaginava. Ainda que eles lançam projetos para entreter o povo. Por isso espero que os canais deles tenham toneladas de inscrições e visualizações. E que o governo flexibilize as condições para solicitação de ajuda. A Cultura Pop já é o grande cartão de visita do Japão para fazer negócios e promoções, então esse setor merece subsídios.

      Ver o documentário do Hiroshi Kamiya me fez ter muito mais respeito por ele. É alguém que é profissional de verdade, que leva o trabalho a sério e acima de tudo, gosta do que faz. Ele sente pressões, inseguranças, mas está lá, vencendo a timidez. E até faz perguntas aos criadores para entender melhor os personagens e sugerir correções para representar melhor.

      Ao ver esse documentário, não consegui deixar de pensar no que o Mamoru Miyano comentou uma vez de se sentir inseguro, até imprestável às vezes e acho que é esse o motivo. O de levar o trabalho a sério. E creio que seja assim com todo dublador de sucesso.

      Aoi Yuuki de vez em quando faz algumas loucuras, mas é uma pessoa sensata e diz coisas legais. Aprendo muito com ela. Já a Naruse é doidinha! Acho que olharam para ela e disseram "essa é a Hikaru!", de tão parecidas que elas são. Ou moldaram a Hikaru em cima dela. Essa é outra que quero que faça sucesso.

      Tento colocar informações de bastidores para todo mundo saber que não é fácil fazer entretenimento. Que as coisas são pensadas e às vezes esbarram em restrições. Se vai dar certo ou não é outra história, mas o pessoal ainda assim tenta e trabalha a sério para isso.

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  2. Nobre usys! Matéria sensacional e extramente preocupante. Infelizmente essa praga de COVID-19 tem afeto ainda mais áreas da existência. É triste ver profissionais do ramo do entretenimento, que ajudaram a promover a imagem do país, passando por isso.

    Muito interessante o ponto de vista do dublador que não se dá ao luxo de escolher quais papéis fazer, pois assim como os comerciantes, acredito que o trabalho de dublagem se assemelha a uma pescaria. Se pescar, ganha, mas se não sair para pescar, também não pega peixe.

    A situação está bem mais complicada por vários cantos do mundo. O ramo da dublagem, abordado aqui, é apenas uma delas. Temos cidades turísticas que passam por um paradoxo terrível: pessoas não podem entrar, nem sair da cidade - então fica aquela dúvida: como os hotéis vão manter os funcionários se não entra dinheiro? Como os mercados vão vender se o povo não tem dinheiro para comprar comida?

    Fechando, achei muito nobre da parte dos dubladores essa união para entreter a criançada. O presidente do país que tomou a iniciativa também está de parabéns!

    Força, nobre amigo Usys, e que esse vento ruim passe logo!

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    1. Obrigado, Adelmo!

      A gente vê os dubladores recebendo prêmios, fazendo shows, indo a cerimônias de lançamento de filmes com bastante pompa, mas nem imagina que eles vão de trem para o trabalho e não de limusine e muito menos motorista particular. Alguns até tem carro e levam outros de carona quando dá. E eles têm que ganhar a vida e pagar contas. Por isso têm de pegar todo e qualquer tipo de trabalho que aparecer. É bem por aí. É uma pescaria.

      E imagina que cara eu fiz ao saber que uma idol como a Eimi Naruse também tem que ir de trem, como ela comentou um dia. Mesmo no Japão a coisa não é fácil. Imagino como é aqui.

      Ainda que eles lançam projetos e ações. Um pouco é para se manterem na mente do público, mas vejo isso como uma relação "ganha-ganha". Mesmo assim torço para que essa situação se resolva ou que eles consigam os recursos para continuar trabalhando. É nessas que eu vejo que o Japão ainda está atrasado em certos pontos.

      E vamos perseverar. De novo, não tem noite sem dia e temos que suportar bem.

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  3. Show essa iniciativa dos dubladores de ler os contos! É uma boa forma de distribuir entretenimento e ao mesmo tempo se manter em evidência, pois não sabemos até quando vai a complicação do maldito vírus.

    Pior que talvez a melhor saída seria adaptar os estúdios para ter cabines individuais para cada dublador. Mas como você mencionou, os custos pra isso seriam bem altos, fora o tempo para tais reformas, e essas cabines teriam que ser higienizadas constantemente, o que implicaria em custos adicionais. Realmente, é complicado.

    Uma das maiores dificuldades para o ramo artístico é justamente a instabilidade, diversos artistas vivem de trabalhos individuais ao invés de "emprego fixo", isso vale para vários atores, dubladores, desenhistas, e muitos outros. Ter que ficar correndo atrás não é fácil! E adorei esse relato do Toshio Furukawa, mostrando que é sempre bom ter humildade, e que todo trabalho é bem-vindo.

    Ainda bem que na era digital há algumas opções, e o trabalho virtual é a melhor saída para eles nesse momento. É legal que eles começaram a criar canais no YouTube. Aqui no Brasil isso já era meio comum, o Guilherme Briggs por exemplo, tem um canal muito divertido onde ele faz "teatros de bonecos" com suas figuras, além de apresentar algumas de suas ilustrações e contar algumas histórias de sua carreira. E o Wendel Bezerra tem um canal de muito sucesso com mais de um milhão de inscritos!

    Fiquei muito feliz de ver que o Sugita já tem mais de quinhentos mil inscritos! Acho até que ele demorou para criar um canal, pois é algo que cai muito bem para um cara carismático e divertido como ele. É engraçado que ele escolheu uma avatar feminina, ficou parecendo Pop Team Epic hehehehe.

    Que legal que o Tomokazu Seki também criou um canal! Curti muito a vinheta do canal dele, e ele tem um sorriso muito contagiante! E eu não sabia que ele gostava tanto de figuras, o espaço dele é bem legal, eu nunca tinha pensado como uma estante rústica pode ficar tão legal com a coleção. Eu estou precisando de uma estante para minhas HQs e mangás, acho que vou acabar copiando a ideia dele.

    Foi engraçado ver os primeiros minutos da gameplay de FFVII da Shouko Nakagawa, eu reagi quase da mesma forma que ela quando apareceu o logo com a música na abertura XD

    Bem que a Aoi Yuuki podia fazer um canal também! Ela que consegue variar tanto a voz poderia fazer uns vídeos bem engraçados, fora que ela é muito fofa.

    Tomara que esse maldito vírus seja contido logo de uma vez. Até lá, só podemos torcer pelo melhor para todos e fazer nossa parte na prevenção contra essa pandemia. O mais importante é a saúde, o resto a gente dá um jeito, por mais difícil que seja.

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    1. Obrigado, Ronin!

      Bom ver que os dubladores não estão parados apesar da crise e mandam ver com o que podem, criando essa relação ganha-ganha com o público. A instabilidade natural do ofício deles só piorou com essa pandemia. Eu tenho rodado os vídeos deles adoidado e sem o adblock, se isso ajudar.

      Só agora vi que no canal do Wendell tem um vídeo que fala sobre a situação dos dubladores no Brasil. Com isso deu para confirmar que as condições não são muito diferentes daqui. Na verdade é um híbrido do modelo japonês com o americano. E lá também foi levantado outro ponto que impede o pessoal do Japão de ir para os estúdios: o transporte. Lá a coisa é bem amontoada e para um dublador, qualquer doença respiratória é grave. Com isso fica difícil, mesmo com cabines individuais nos estúdios. O único jeito é os diretores se flexibilizarem e o pessoal conseguir fundos para gravar em casa.

      Nessa também deu para ver por que o Sugita não tinha aberto o canal ainda. Ele não tinha tempo, já que provavelmente rodava de estúdio em estúdio todos os dias. Com a Aoi Yuuki deve ser assim também. Ou melhor, deve valer para todo mundo. Mas ele consegue conduzir bem os diálogos e me prendeu por um bom tempo nos vídeos. E quando a AGRS abriu a boca para falar já dei muita risada.

      Tomokazu Seki é admiração antiga e por um tempo não estava colocando anúncios nos vídeos. Mas depois de insistência do público, finalmente colocou. Eu olho pra "base secreta" dele e fico roxo de inveja. E com essas estantes rústicas dá um ar de museu para as peças. É muito bom! Ele soltou o "1" de Lady Dragon Sayaka agora e essa nem precisa saber japonês para entender a grande piada. Katsuyuki Konishi é outro maluco!

      Shouko Nakagawa jogando FFVII é muito gostoso de se ver. Parece até uma menininha e dá a impressão de que foi essa a reação que ela teve na época da primeira versão. Aliás, pelo visto muita gente. O melhor é que pelo visto ninguém reclamou das mudanças do jeito de jogar.

      E dei uma olhada no canal do Guilherme Briggs também. O cara é doente! Não sei dizer se ele é o equivalente brasileiro do Seki ou do Sugita, de tão doido e otaku que o cara é! Aqueles teatrinhos de bonecos são de arrancar gargalhadas! A da Caixa Amarela com o Batman e o Super Homem brigando em especial foi hilária! A Kotono Mitsuishi uma vez fez um videozinho assim no Twitter: https://twitter.com/kotochawanmoon/status/1095545125353095170?s=20

      A reconstrução depois de tudo vai ser bem difícil. Ou vamos ter que nos adaptar a uma nova rotina, vai saber? Mas o mais importante é manter a Humanidade, que esses dias anda bem corroída devido à tensão. E torço por todo esse pessoal que faz a nossa alegria. Espero poder colaborar com eles de alguma forma, pois eles merecem.

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