Saudações.
Terminei de ver o segundo episódio de Power of Hope ~Precure Full Bloom~, que está disponível na Crunchyroll. Abaixo segue um resumo e impressões.
Tela-título do episódio.
Roteiro: Yoshimi Narita
Direção: Daiei Andou
Storyboards: Yukihiro Matsushita
Obs.: contém informações sobre os rumos da trama.
No episódio anterior: Nozomi realiza seu sonho de ser professora e leciona sobre ecologia e meio ambiente no 5º Ano Primário da Academia Plaisir. Mas uma e suas alunas, Rumi Katagiri, tem que se mudar, abandonando seu sonho de ser dançarina. Nozomi faz de tudo para ajudá-la, mas não consegue. Ela sai para beber com Rin e acaba se reencontrando com suas antigas companheiras Precure. No meio de tudo isso, uma entidade misteriosa, Bell, que observa tudo da Torre do Relógio e cria monstros chamados Shadow dos sentimentos negativos das pessoas...
Reencontro
O episódio é retomado de onde o anterior terminou, com Nozomi e suas amigas indo para o bar depois de se reencontrarem. E a cena é antológica, com cada uma se comportando mais ou menos como o esperado.
A maioria das Cures pede algo alcoólico, enquanto Karen (Ai Maeda) fica no chá Oolong mesmo, algo que gente que não bebe costuma pedir no Japão. Isso demonstra sua personalidade cautelosa e centrada, pois agora que é médica, pode ser chamada para alguma emergência.
Kurumi (Eri Sendai) já pede um Daiginjo, um sake de alta qualidade... e forte. Só que ela não suporta bem e fica logo em um delirium tremens, vendo as coisas dobradas ou triplicadas. Daqui dá para ver que ela ainda tenta morder algo maior do que consegue mastigar, como é condizente com sua personalidade.
Por outro lado, Urara (Mariya Ise), inesperadamente não sente tanto os efeitos do álcool e se mantém relativamente sóbria. Justo ela que é a babyface do time, mas que desde a época de estudante mostrava ser a mais adulta de todas. Já Rin é aquela que perde o controle ao ficar bêbada, assediando Nozomi e chorando a toa. Komachi (Ai Nagano) já não fica tão bêbada, assim como Nozomi.
No final elas criam um grupo em um aplicativo de chat para conversarem uma com a outra de vez em quando. Um recurso conveniente que não existia na época da série de TV, mas está presente nos tempos atuais.
O que você quer ser quando crescer (e o que você se tornou)?
Então elas falam de suas vidas, do que estão fazendo agora. Urara conseguiu o papel principal em uma peça cuja diretora tem fama mundial. Komachi conseguiu um prêmio por um de seus trabalhos. Karen agora trabalha em um hospital. E Kurumi como secretária, mas sem vínculo empregatício, só como contratada temporária, sendo que isso é parte de seu treinamento como servente dos reis de Palmiere, Coco e Natts. Nessa, Nozomi esboça uma expressão ao ouvir falar de Coco, o que indica que ela ainda tem sentimentos por ele.
Tudo indica que elas realizaram os sonhos de quando eram estudantes, mas no dia seguinte é revelado que as coisas não saíram como elas realmente esperavam.
Urara tem problemas para interpretar seu papel, o que lhe rende repreensões por parte da diretora, que chega até a dizer para ela voltar para casa. Essa parte me lembrou do episódio em que a atriz que interpreta Urara, Mariya Ise, ouviu isso do produtor Takashi Washio ao não conseguir dizer as falas direito no começo de Yes! Precure 5, o que rendeu um episódio antológico que é contado até hoje entre as atrizes de Precure (mais detalhes aqui). No caso de Washio foi um mal-entendido, mas...
Karen conseguiu salvar um paciente, mas ele perdeu o gosto pela vida ao saber que perdeu o emprego. Nisso ela percebe que pode curar feridas físicas, mas não consegue salvar totalmente a vida de seus pacientes. De certa forma algo que Nozomi experimentou no episódio anterior.
Já Komachi conseguiu ser premiada por um de seus trabalhos, mas ficou só por isso e ela perdeu a inspiração de escrever. Ao invés disso, ajuda na loja de doces japoneses de sua família e nas atividades do bairro. Um problema semelhante ao de Miyuki na versão em romance de Smile Precure!, em que ela dá o primeiro passo, mas não consegue continuar. E não conseguiu dizer isso a suas amigas ao ver que elas estão realizando seus sonhos.
Sua irmã mais velha, Madoka, faz uma pequena aparição desta vez paramentada de forma mais tradicional com um kimono, ao invés do estilo de motoqueira da série original. Não se sabe o motivo da mudança. E ela dá a Komachi o conselho providencial de que "a grama do vizinho parece mais verde", o que é bem a verdade, considerando por o que elas estão passando.
E Kurumi já vê que mesmo entregando um trabalho perfeito, ainda assim é assediada moralmente para fazer horas extras sem receber por isso, com serviços banais como arrumar a sala depois de uma reunião da qual ela mesma não participou. Esse tipo de assédio é comum no Japão e acomete trabalhadores não só mulheres, como também homens. E apesar de ser retratado de maneira um tanto cômica no desenho, é uma das grandes causas da morte por exaustão (ou karoushi, como queira). Um problema social grave, mas que vem da cultura de trabalho japonesa.
Sombras da Sociedade
São mostrados outros problemas sociais, como o desperdício de alimentos, sendo que tem alguns bentôs que são jogados fora no fim do dia em uma loja de conveniência, e até poderiam ser comidos. Algo que aparentemente atrai a atenção de Bell, que envia seus Shadows, monstros disformes com o símbolo de uma engrenagem na face(?) para atacar as pessoas, visando suas sombras.
Aqueles que têm suas sombras tocadas e invadidas pelos Shadows acabam sendo contaminados por seus próprios sentimentos negativos, seus medos, suas frustrações, suas raivas, o que faz com que eles percam a consciência e gerem novos monstros.
Os Shadows atacam vários lugares, aumentando suas hostes, e não são detectáveis por câmeras. Uma coisa interessante é que isso é anunciado nas redes sociais pelas VTubers da Dark Knight Light, inclusive se tornando um trending topic. Pode ser um indício de que Michiru e Kaoru já estavam investigando sobre isso secretamente e usando seus canais para alertar a população.
Um dos temas de Splash☆Star era "Natureza" e como Bell parece reagir a agressões a ela, essa pode ser a razão pela qual as personagens desta série participam de Full Bloom, sendo que Ecologia e preocupação com o meio ambiente aparecem em várias cenas até agora.
As Flores do Tempo
Neste episódio também pudemos ver como estão os Mascotes. Syrup (Romi Park, finalmente de volta) ainda cuida do Jardim Cure Rose, e nisso acaba descobrindo brotos de flores que nunca havia visto antes.
Ele vai até Palmiere para se encontrar com Natts (Miyu Irino), ocupado com vários problemas, como por exemplo melhorar as negociações com o reino Donuts. Mas vai mesmo assim e conta que aquelas são as Flores do Tempo, que conseguem predizê-lo, de acordo com uma lenda. Só que muito ainda é envolto em mistério e não se sabe por que elas apareceram no Jardim. Existem seis delas.
Interessante que desta vez foram colocadas nas legendas as sufixações características dos Mascotes ("-ropu", "-natts" etc.), diferente de outras séries. Outro ponto é que agora tem legendas em alemão, espanhol da Espanha, italiano e russo, além do inglês, do português do Brasil e do espanhol da América Latina.
O Poder da Esperança
Os Shadows atacam o local onde Nozomi se encontra com Rin e vão aumentando seus números absorvendo as sombras das pessoas no local. Rin consegue driblar (literalmente) os inimigos com suas habilidades futebolísticas e tenta fugir com Nozomi, mas duas de suas alunas estavam passando por perto e foram pegas no meio do ataque.
Nozomi providencia as coisas para que elas fujam enquanto se faz de isca, mas é pega pelos Shadows. Ela é forçada a encarar as sombras de seu coração, sua negatividade, mas a promessa feita com Rumi faz com que ela não seja engolida pela escuridão. Nisso, uma das Flores do Tempo se abre e Nozomi consegue voltar a se transformar na Cure Dream, revertendo temporariamente para quando era estudante. E assim consegue repelir a ameaça, trazendo todos de volta ao normal.
Um ponto a se notar nessa cena é que Nozomi está bem mais amadurecida ao conduzir suas alunas para segurança, tranquilizando-as. E apesar de se conformar em não ser mais Precure, ainda assim é Herói ao chamar a atenção dos monstros para ela mesma. Seu espírito inquebrável ainda está de pé ao resistir às Trevas de seu coração e é isso o que faz com que ela volte a ser Precure.
A cena de luta é incrivelmente bem feita, mostrando que o poder da Cure Dream não se deteriorou com os anos. Ou melhor, aumentou, visto que ela passou por várias outras lutas além das da série de TV, como nos especiais de cinema. A qualidade é alta, inclusive com alguns cortes desenhados pela grande Yuu Yoshiyama, que fez a parte em que Nozomi começa a atacar até usar o golpe especial, o Precure Shooting Star.
Daqui se vê o estilo intenso de Yoshiyama, com traços e sombreamentos grossos, com os olhos de Nozomi brilhando em vermelho, além de deformidades intencionais e partes em que alguns quadros de movimento são propositalmente resumidos para dar uma sensação de massa, poder e impacto. Inclusive tem algumas angulações que não são usadas na série de TV, como por baixo da saia, para transmitir a força do chute.
Uma pena que a cena de transformação e a de ataque especial são exatamente as mesmas da série de TV. Mas ainda assim é altamente emocionante poder ver Nozomi lutando novamente (embora não tenha se passado muito tempo desde o especial de cinema de Healin' Good). De cerrar os punhos de empolgação. E espero que um dia ela também use o Dream Attack.
O fato de Nozomi ter revertido temporariamente para a forma de quando era estudante não é novidade, sendo que foi assim em Maho Girls! e também no romance literário de Go! Princess. Talvez por ser a forma mais adequada para poder lutar como Precure, com um corpo jovem, dada pela Flor do Tempo. Não se sabe ainda se elas terão algum tipo de forma final.
Mas só tem seis das Flores do Tempo e ainda tem Saki e Mai. Será que elas não se transformarão? É uma possibilidade já que, falando metalinguisticamente, a série delas se passava na época em que a tela ainda era 4:3 e seria difícil reaproveitar cenas (talvez as dos especiais de cinema, mas...). E tem o fato da atriz que interpretou Choppy, Miyu Matsuki, ter falecido em 2015. Ela é indispensável para a transformação, já que se torna o Mix Comune, o item especial para isso. Talvez se a Grande Árvore do Céu der uma ajuda e Choppy não falar (o que soaria artificial)...
No Próximo Episódio
Nozomi conta a suas amigas que conseguiu se tornar Precure novamente. Enquanto isso, Karen enfrenta os desafios de se ser médica. Ela tem o conhecimento, mas...
A abertura foi disponibilizada no Canal Oficial de Precure no YouTube:
Escritora ao dispor e puxa vida, quem diria que faria análise desta série. Como sou apenas uma admiradora da franquia e não uma especialista, só estou feliz de poder rever Nozomi e companhia.
ResponderExcluirA amizade de longa data se manteve e cada uma tem seus desafios, uns mais diretos, outros nem tanto. Mostraram nosso tem estado nossos mascotes e que bom que Syrup está com sua voz, nem achei estranho que mantiveram os sufixos, afinal, já vi outras temporadas com isso, já sabe como tivemos acesso da franquia nestas bandas...
Pelo menos, sabemos como vão enfrentar os Shadows e sem surpresas, pra quem já viu "Matantei Loki Ragnarok" ou "Detective Conan" que tem protagonista que volta a ser criança, aceito sem reclamação delas voltarem ao que conhecemos de tempos atrás. Fiquei muito empolgada com a volta da Cure Dream, metendo pancadaria solta nas criaturas e pela prévia do próximo episódio, os fãs da Karen devem estar animados de vê-la em ação. Sei que você deve estar, admita! Até a próxima!!!
Obrigado, Escritora.
ExcluirResolvi fazer a análise para não deixar o blog às moscas. Não sei por quanto tempo vou continuar, mas farei o possível.
Na verdade eu tinha dado pela falta dos sufixos quando passaram Healin' Good e até achei estranho, pois isso era parte da caracterização dos Mascotes. Por isso fiquei contente quando eles voltaram.
Não tenho ressalvas com as Cures rejuvenescendo, mas estava curioso em ver como elas ficariam adultas nas formas de batalha. A cena de luta compensou tudo, pois altamente empolgante. O tempo todo fiquei fazendo pose e gritando como quem vê um gol em uma partida de futebol.
E sinceramente fiquei bem tentado em mudar para a Urara ao ver o novo visual dela. Mesmo assim quero ver como a Karen vai voltar a ser a Aqua e o seu estilo de luta.
Olá! Todas elas a princípio realizaram seus sonhos, entretanto precisam enfrentar obstáculos diariamente. O fato de serem adultas também recaí sobre elas questões de responsabilidades ou até assédio moral, o que pode gerar insegurança, esgotamento, medo e até desconforto em revelar entre elas que as coisas "não são flores" como aparentemente parece ser, principalmente quando se olha de fora da situação. As problemáticas retratadas são reais, e qualquer um de nós pode se identificar com pelo menos um caso, inclusive podemos cair na armadilha de acreditar que nós nos resumimos pelas nossas falhas, algo que aconteceu com Nozomi antes dela despertar novamente como heroína. Apropriado para abordar com a geração que cresceu junto das YesPre5. Todas as personagens trazem questões desta natureza, a sua maneira. Ou seja, tudo isso também envolve o florescer (Full Bloom) e o amadurecer. Interessante ver que Mariya Ise experienciou algo parecido com a Urara, embora tenha sido engano, pelo visto. Ainda bem!
ResponderExcluirObrigado, Melissa!
ExcluirElas também passaram por dificuldades quando eram estudantes, mas agora como adultas o peso é maior. E não dá para resolver na força como quando elas eram Precure.
Realmente a gente tem a tendência de ver só as nossas falhas, mas existem méritos também. Nozomi pode pensar que falhou, mas de fora a gente pode ver que ela está indo muito bem, sim. Foi uma boa iniciativa da Toei fazer uma série nesse sentido.
Essa da Mariya Ise foi engraçada. E que bom que ela continuou para pegar outros papéis como o Kilua ou a Midari, de Kakegurui. Mais difícil ainda é imaginar que esses três personagens são interpretados pela mesma pessoa.
Nossa não sabia desse falecimento da voz original da Choppy, que tristeza, gostava das fadas, principalmente pelo fato de Splash Star ser bem violento a meu ver.
ResponderExcluirBem, voltando, episódio empolgante né? Gostei em como esse episódio foi conduzido mostrando o "outro lado" da vida das moças. quase saiu meninas rs, interagir assim com amigos de infância deve ser mágico.
Acho curioso que não só aqui mas em trocentas outras obras vejo críticas e cutucadas a isso comportamento social no trabalho no Japão, mas parece que nada é afetado, injusto demais essas cobranças que não só a Kurumi como tanta gente tem que aceitar de cabeça baixa.
Obrigado, Andre!
ExcluirFoi um choque saber da morte da Miyu Matsuki. E ela era bem jovem, aos 38 anos de idade. Ela era bem alegre, meio atrapalhada e gostava muito de comer. Atsuko Enomoto e Orie Kimoto falam das memórias com ela em um vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=4dIb7oBDGdE). As duas colocaram legendas para que os fãs de fora do Japão não fiquem de fora e também possam entender. Essa é uma das razões pelas quais gosto delas.
Assim como Nozomi, elas enfrentam coisas que nem o poder Precure pode resolver. E esse tipo de assédio é algo arraigado nos japoneses, tanto que alguns deles nem se dão conta. Kurumi ainda consegue enxergar como uma "diferença cultural" e pode voltar a Palmiere se quiser, mas o mesmo não pode ser dito de quem é de lá.