sábado, 26 de abril de 2014

S.H. Figuarts Kamen Rider Black (2ª Versão)

Saudações.


A terceira matéria comemorativa de renovação do blog será sobre a nova versão S.H. Figuarts do herói Kamen Rider Black, feita pela Bandai.






Kamen Rider Black foi exibido pela primeira vez no Japão em 4 de outubro de 1987 (detalhes sobre o enredo na apresentação da primeira versão: aqui). O seriado foi feito com o intuito de se tornar um novo marco zero e ao invés do produtor Tooru Hirayama, foi chamado Susumu Yoshikawa, responsável pelas séries Metal Heroes, como 宇宙刑事ギャバン (Uchuu Keiji GAVAN ou "Policial do Espaço Gavan") e O Fantástico Jaspion. Yoshikawa quis reformular a franquia e para isso decidiu não chamar ninguém das equipes das séries Kamen Rider anteriores (embora alguns tenham sido chamados, mas não intencionalmente). Pouco foi mantido dos conceitos originais, se restringindo apenas ao fato do herói ser um humano reconstruído baseado em um gafanhoto e pilotar uma motocicleta. Houve a opção de eliminar até mesmo esses conceitos, mas essa ideia foi descartada. Outra mudança foi chamar a companhia de dublês Japan Action Club (atual Japan Action Enterprise) ao invés da 大野剣友会 (Ohno Ken Yuu Kai), que fazia as cenas de luta dos seriados anteriores. O compositor das músicas também foi mudado de Shunsuke Kikuchi, que trabalhou em todas as séries antecessoras, para Eiji Kawamura. Algumas faixas foram compostas por Ryudo Uzaki, grande nome da música japonesa que trabalhou com artistas renomados (Agradecimento pela informação fornecida por Alexandre Nagado do Sushi POP). Com tudo isso, Black ganhou um aspecto bem diferente dos Kamen Riders anteriores, se aproximando das séries Metal Heroes.

Isso apareceu bem no seriado. Nas séries anteriores os vilões e monstros tinham algo de cômico, com interpretações bastante exageradas e cometendo erros de planejamento bem crassos. Também havia situações em que os heróis se aproveitavam da falta de comunicação entre os vilões e os enganavam com truques óbvios. Os seriados antigos foram feitos desse jeito para serem mais fáceis de entender pelas crianças, seu público-alvo e por isso tiveram tanto sucesso.
As lutas de antigamente eram acrobáticas, com vários tipos de arremessos e golpes de judô e karatê, sendo que os Riders chegavam a ter dezenas de golpes especiais, mas em Kamen Rider Black elas eram mais enxutas, se restringindo a poucos golpes. As lutas com tropas de soldados, um elemento recorrente e uma das maiores características da franquia, também foram removidas (mas não completamente). Nos seriados anteriores era dada mais ênfase à ação do que ao enredo, enquanto Kamen Rider Black fazia o contrário e não tinha muita comicidade. Parte desses elementos retornariam no seriado subseqüente, Kamen Rider Black RX.

Mesmo assim havia referências à primeira série como o personagem Ryusuke Taki (aqui por alguma razão o sobrenome foi mudado para "Suda"), investigador do FBI, baseado em Kazuya Taki, que ajudava o Kamen Rider Nº 1 e o Nº 2. Ryusuke foi interpretado por Masaki Kyoumoto, que não quis receber nada por isso, pedindo apenas que o personagem fosse caracterizado da forma acima. Em um episódio surge um grupo constituído por pessoas que tiveram seu crescimento paralisado, ficando com a aparência de crianças devido a um experimento da sociedade secreta do mal, Gorgom, uma referência à Tropa de Riders Mirins do primeiro seriado. Ainda, o primeiro episódio do Kamen Rider Black tem um roteiro bem parecido com o do primeiro Kamen Rider.


O visual do Black era bem diferente dos Riders de até então, com um aspecto mais orgânico, lembrando uma armadura insectóide. O design final do herói foi feito pela PLEX, uma empresa subsidiária da Bandai, com um visual mais sóbrio sem tantos adereços como cachecóis, luvas ou botas, diminuindo a impressão de que o herói era alguém usando uma fantasia e fazendo-o parecer um pouco mais convincente. Outro intento era facilitar a representação em brinquedos e a cor preta foi escolhida por estar na moda na época (dentro da ficção seria por ser a cor que mais absorve luz solar). Antigamente a Toei e o desenhista Shotaro Ishinomori tinham a palavra final em relação ao design, mas na época do Black a Bandai já tinha um poder de opinião muito mais forte sobre o visual do personagem principal.

Sendo assim, Ishinomori não teve uma participação tão grande na produção do seriado, se limitando a fazer alguns esboços. Mesmo assim ele desenhou sua própria versão em quadrinhos na revista Shonen Sunday, compartilhando alguns conceitos básicos, mas com visuais e história totalmente diferentes do seriado, com um desfecho trágico e ambíguo. O Black dos quadrinhos também tinha uma pedra de energia implantada em seu corpo, mas ela não era denominada "King Stone" como no seriado, sendo chamada apenas de "Pedra Filosofal" (em japonês 賢者の石, kenja no ishi). Curiosamente, o Kamen Rider Agito, o segundo Rider depois da reformulação de 2000, tinha uma "Pedra Filosofal" em seu cinto.

Por alguma razão o título do seriado em japonês é grafado 仮面ライダーBLACK, enquanto a versão em quadrinhos é 仮面ライダーBlack, usando letras minúsculas. Talvez para mostrar que se trata de uma versão diferente.

Em 1989, o desenhista Kazuhiko Shimamoto desenhou uma estória solta do Black na edição comemorativa de 30 anos da Shonen Sunday, chamada 仮面ライダーBlack  PART X イミテーション7(Kamen RIDER Black PART X IMITATION7, o "X" teria um círculo em volta) . O personagem principal seria Hiroshi Tachikawa, motociclista que foi capturado por Gorgom e reconstruído como um Black Dummy, uma cópia do Kamen Rider Black com a mesma força e habilidades (mas que não teria a Pedra Filosofal), que serviria de alvo para treinamentos dos monstros. Tachikawa foge, mas é perseguido pelos Gorgom e diante dele surge o Black original, Koutaro Minami. A estória termina em aberto e mistura elementos da versão em quadrinhos com as do seriado de TV. Tachikawa seria idêntico ao Black, mas com um número 07 pintado no peito e na cabeça.


O conteúdo da caixa. O Black lutava basicamente sem usar armas e por isso só estão incluídas mãos intercambiáveis.



Visão de corpo inteiro. A proporção foi revista e agora ela está bem mais próxima do original.



Close do rosto. O desenho foi refeito, sendo que as antenas agora têm duas secções. O problema é que agora elas são feitas de material rígido, o que aumenta o risco de quebra.



As ombreiras foram reprojetadas, ficando mais próximas do Shadow Moon. Na parte de dentro podemos ver partes que lembram tecido muscular.




Ainda, os ombros possuem articulações extensíveis, permitindo juntar os pulsos à frente do corpo.



Esses detalhes que lembram tecido muscular também podem ser notados em várias articulações, como os cotovelos e joelhos.



As mãos possuem detalhes que lembram muito as luvas da roupa original.



O corpo agora tem uma camada fosca. O símbolo de Gorgom (a serpente e uma maçã) agora é gravada no peito ao invés de simplesmente pintada. Nas costas podemos ver um sulco que representa o local onde a roupa se abriria.


Erguendo o torso, podemos ver mais tecido muscular.





O torso pode se curvar bem para trás, mas não tanto para a frente.


O cinto de transformação é bem detalhado. A parte com a King Stone é feita de material transparente.


Existem detalhes na roupa que fazem ela parecer feita de couro, como o traje usado nas filmagens. A representação é magnífica.



Desta vez as coxas são extensíveis, embora não tão exageradas como nos Riders clássicos.




No tornozelo existe uma peça que esconde uma articulação multidirecional, que funciona bem, dando boa estabilidade ao modelo.


Uma pena que a sola é lisa, diferente da versão anterior e do Shadow Moon.








- HENSHIN!
A pose de transformação pode ser feita sem problemas.


- KAMEN RIDER!



- BLACK!




A pose de apresentação também pode ser feita sem problemas. Está incluída uma mão feita especialmente para isso.




Antes de usar os golpes fatais, Black ativa o Vital Charge para se fortalecer.




- RIDER PUNCH!
Conhecido aqui como "Golpe Insecto".



- RIDER KICK!!!
Conhecido por aqui como "Golpe Louva a Deus".






Todos os passos dos golpes fatais podem ser representados, inclusive a pose de vitória.

Havia ainda mais um golpe, o Rider Chop, com a mão em lâmina, usado para decepar partes do corpo do inimigo.



Comparação com a versão anterior. Aqui dá para ver bem a diferença de proporção. A versão anterior não tinha a camada fosca no corpo.


A cabeça é bem diferente, assim como o cinto, que apesar de menor é mais detalhado.



Em matéria de flexibilidade das articulações...



... os dois modelos não têm muita diferença.



A versão anterior consegue abrir as pernas um pouco mais, devido ao sistema de articulações das coxas.

E os dois modelos conseguem fechar bem as pernas.

Existem várias diferenças entre os dois corpos. Dá para ver que a versão atual é mais caprichada e mais fiel.



Ambas as versões têm um bom sistema de articulações, mas a versão anterior tem pés de metal. Isso dá boa estabilidade ao modelo em terra, mas em poses aéreas, por exemplo dando o Rider Kick, a cintura acaba pendendo para baixo devido ao peso.


Junto com o Shadow Moon. A versão atual tem uma proporção bem mais próxima.

- RIDER PUNCH!
- SHADOW PUNCH!

- RIDER KICK!
- SHADOW KICK!
As lutas entre os dois ganham mais fidelidade.

A nova versão vem com mãos para segurar objetos e com isso é possível representar a cena em que Black derrota Shadow Moon com o Sabre Satan (não incluído).


Curiosidade: No capítulo 32, Black salva uma menina, Yuki, de um monstro cogumelo. Essa menina foi interpretada por Youko Honna, atriz-mirim que mais tarde se tornou dubladora e interpretou Nagisa Misumi/Cure Black em 二人はプリキュア (Futari wa Precure) e Shizuku Tsukishima em 耳をすませば (Mimi wo Sumaseba).

Orgulho.


A seguir a Battle Hopper e as considerações finais. Link aqui.

6 comentários:

  1. Outro ótimo ensaio repleto de informações. Realmente, Ishinomori não fez muito na série de TV do KR Black. No fandom, muita gente acredita e escreve que Ishinomori produziu Black. Tremendo equívoco, e corrigir essa informação errada é tarefa ingrata.

    Além do trabalho brilhante de Eiji Kawamura na trilha sonora, gostaria de destacar Ryudo Uzaki, compositor das melodias de várias faixas, incluindo os temas de abertura e encerramento. Músico veterano, já havia trabalhado com grandes nomes da música japonesa e fez um grande trabalho, destacada pelos arranjos instrumentais de Kawamura. Em todos os aspectos, Black teve uma elaboração muito inspirada.

    Abraço!

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    1. Obrigado, Alexandre Nagado!
      Isso mostra o quanto o nome do Ishinomori é valorizado, o que faz com que às vezes atribuam a ele trabalhos que ele não fez, quando o crédito é de outros. Mesmo eu cometi um erro parecido na matéria e consertei.
      De fato, deixei escapar essa do Ryudo Uzaki. Ele tem um currículo bem extenso e merece ser citado.
      Agradeço mais uma vez!

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  2. Ótimo review!
    Essa versão do Black se tornou a minha favorita para fazer poses aleatórias e interagir com bonecos de outras franquias, principalmente por ser um boneco tão limpo sem nada que impeça o movimento.

    Não sabia que quem fez a trilha sonora de Black foi o Kawamura, adoro o trabalho dele na trilha de Dairanger.

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    1. Obrigado, Kamen Rider White!
      Essa figura é bem articulada e tem bastante liberdade de poses. Pena que as antenas de material rígido atrapalhem um pouco.
      Também gosto do trabalho do Kawamura, que participou de um monte de seriados e desenhos na época.

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  3. Estou impressionado com a quantidade e a qualidade das informações que encontrei aqui! Parabéns pelo post, Usys! Tem muita informação que eu não sabia e que me despertou ainda mais o interesse por essa série memorável. Mas eu confesso que quando assisti o Black, na Manchete, tive uma certa resistência. Talvez porque eu era criança e não estava tão "preparado" para uma produção mais séria, sombria e com altas doses de drama. Na época, estava mais acostumado com séries mais leves como Jaspion, Jiraiya, Changeman e até o RX. Talvez eu seja uma das poucas pessoas que tenha preferido o RX ao Black, na época.
    E quanto ao nome do Ishinomori ser atribuído à série, isso é algo que vemos até nos dias de hoje, mesmo que ele já tenha falecido há 16 anos. Quem não sabe que ele já morreu, é capaz de acreditar que continua sendo o autor das séries recentes. Mas essa é a importância do legado e do "mito" que ele se tornou ao dar vida aos primeiros Kamen Riders.
    E essas semelhanças com o gênero Metal Heroe e as diferenças destoantes dos Kamen Riders anteriores eram detalhes que eu não tinha me dado conta antes. Mas, agora, lendo esse post, é algo que parece fazer todo sentido.
    Mais uma vez, parabéns pelo post e, por favor, continue mantendo esse pique, pra alegria dos fãs! ^^

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    1. Obrigado, Bruno Seidel!
      O Black é uma daquelas séries que a gente passa a gostar depois que fica mais velho. Eu já era adolescente na época e curtia bastante, mas também gostava muito de séries mais leves, com tom de comédia.
      E aqui a gente vê a importância do produtor, que escolhe a equipe e conseqüentemente dá o tom da série. Acho que muita gente ainda acredita que os Riders clássicos eram iguais ao Black, quando não era bem assim. É a mesma coisa quando dizem que o Ishinomori foi o único responsável pela criação do Kamen Rider. Muito disso vem da época em que não era fácil obter informação, o que dava margem a mitos e conjecturas, que acabaram ficando.
      Agradeço mais uma vez e vamos ver até onde eu aguento. Mas pretendo ir até onde der.

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Peço que os comentários sejam apenas sobre assuntos abordados na matéria. Agradeço desde já.

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